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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Confinamento não é sinónimo de ficar em casa por obrigação

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No outro dia, dizia-me o meu marido "Deves ser das poucas pessoas que cumpre à risca o confinamento, não sais de casa!".

Dito assim parece que vivo enclausurada! Não é o caso.

Todos os dias vou para o trabalho, faço 4 caminhadas diárias no percurso casa-trabalho-casa.

Quando não vou às compras à sexta-feira ao almoço, vou ao sábado.

Por isso saio, caminho, faço o que tenho a fazer.

 

Já chegou a acontecer estar em casa, e ter que sair para apanhar ar.

Da mesma forma, se estou bem em casa, porquê sair?

 

Não é uma questão de cumprir o confinamento, ou de ter receio de apanhar o vírus.

É mesmo porque me sinto bem e não me faz falta andar por aí na rua só para não estar em casa.

 

Sim, é verdade que, desde que a pandemia surgiu, nunca mais almocei fora, por exemplo. Ou estivemos numa esplanada. Mas eu também não sou mulher disso. À excepção de uma ou outra ocasião especial, é sempre o meu marido que me convence e convida a almoçar fora.

Não sou mulher de andar por aí a tomar o pequeno almoço ou lanche. Normalmente, faço-o em casa. Ou levo de casa.

Não sou mulher de querer sair todos os fins de semana e andar a passear, até porque há muito para fazer em casa, e em tempo de aulas mais ainda.

E se já ando na rua, e farto-me de andar durante a semana, que sentido faz, quando posso estar descansada em casa, andar a cansar-me na rua.

Para fazer os mesmos passeios de sempre? Onde já andámos mil vezes?

 

Portanto, não me estou a privar de nada, nem a obrigar a nada. 

Estou a agir conforma já agia.

Não fico em casa por obrigação. Porque é confinamento.

Fico em casa se, quando, e porque me apetece.

 

 

Novo confinamento geral: alguma (muita) coisa não está a resultar

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Estamos em Janeiro de 2021.

Desde que a pandemia atingiu Portugal, passaram-se 10 meses.

Na altura, em Março, com o confinamento geral para poupar o Serviço Nacional de Saúde, ficámos quase todos em casa.

Tudo era novo, e nem tudo funcionou da melhor forma.

Mas ficou a promessa de que, a vir a ser necessário, dali em diante estaríamos melhor preparados.

 

Não estamos!

Se possível, andamos ainda mais "às aranhas" do que antes.

O governo não teve tempo, nem meios, para reforçar os hospitais para as 2ª e terceira vagas que já sabiam, de antemão, que aí vinham?

O governo não teve tempo de fazer as devidas condições chegarem a todos os alunos para a eventualidade do ensino à distância ter que ser retomado?

Teve.

Mas não o fez.

Onde andam os hospitais de campanha, que estavam a postos nessa altura? Onde andam os médicos que iam contratar?

Onde andam os computadores e meios informáticos para os alunos que não os têm?

 

Porque, à semelhança do que previam, há um ano atrás, de que o vírus nem deveria cá chegar, acharam que a 2ª vaga, prevista para o Outono, só chegaria mais perto do Inverno. E que a 3ª vaga só viria quando? Para o Carnaval?

O que se vê, é que, ao contrário das réplicas que se seguem ao sismo principal, que são mais fracas, cada vaga da pandemia que enfrentamos é pior que a anterior.

A Covid-19 é uma inimiga que tem estado sempre vários passos à nossa frente, e não há forma de ultrapassá-la, quando nem perto dela conseguimos chegar.

 

Nos outros países não será diferente. 

As medidas têm sido semelhantes. Talvez mais apertadas que as nossas.

Mas os números portugueses estão a chegar perto dos de outros países e, com sorte, ainda os passamos.

 

Agora, aquilo que não podia voltar a acontecer, vai mesmo acontecer: novo confinamento geral!

Com excepções, claro!

Pagam os mesmos de sempre. Perdem os mesmos de sempre. Ganham os mesmos de sempre.

Porque duvido que seja num cabeleireiro, num restaurante, numa pequena loja de vestuário, ou outros do género, que surgem estes números assustores de infectados.

Acredito mais nos convívivio familiares, nos ajuntamentos (alguns provocados pelas próprias medidas), nas pessoas que vejo muitas vezes em pequenos grupos, na conversa na rua, sem máscara e sem distanciamento.

 

As escolas? Essas não fecham! Claro que não!

Porque aí é o sítio mais seguro para se estar.

Que é como quem diz: "não estamos preparados para retomar o ensino à distância porque nada mudou desde o desenrascanso do ano passado e continuaria a haver desigualdades", e "não há dinheiro para pagar aos pais que fiquem com os filhos em casa".

Por isso, bora lá mandar as crianças para a escola, onde até têm aulas com portas e janelas abertas, com o frio que está como há muito não se via no país e que pode agravar os sintomas de eventuais infectados, ou provocar outras doenças tão ou mais graves que a Covid-19.

Bora lá mandar as crianças apanhar transportes, onde até nem se juntam os alunos nas paragens.

Ou então, vão os pais levá-los, quebrando o confinamento para esse efeito.

Ah e tal, os jovens mesmo infectados apresentam sintomas leves. Certo. Mas transmitem. E se apanharem, vão transmitir aos pais, que estão em confinamento. Os que estão. Porque se forem filhos de pais que não são abrangidos pelo confinamento, lá vão os pais para o trabalho ajudar a transmitir por mais umas quantas pessoas.

 

Fechar as escolas não é um cenário de sonho, e definitivamente não é a melhor forma de ensino.

Mas, então, que tal testar os jovens, auxiliares e professores antes do início das aulas?

Que tal testar periodicamente para tentar contar as cadeias que aí surgem?

Primeiro, se um aluno estivesse infectado, ia a turma toda para casa. Depois, já não. Ia só o infectado. Agora, parece que já vai tudo outra vez.

 

E as eleições?!

Nem pensar em adiá-las!

Nesse dia há liberdade para todos. Para votar, claro!

E aproveitar para rever os familiares e amigos, e trocar dois dedos de conversa com conhecidos.

Por conta das eleições, até os idosos nos lares terão direito a visitas. Não dos familiares, que não vêem há meses, mas de equipas especialmente enviadas para recolher os votos.

 

Mas atenção, os portugueses também são responsáveis.

Porque não se faz pão sem farinha, nem omeleta sem ovos e, por muito que tudo o resto funcione, de nada adiantará se continuarmos a achar que só acontece aos outros, que é tudo uma invenção, e não cumprirmos com regras e medidas básicas, que não deveria ser preciso nenhum governo impôr.

 

Avizinham-se tempos duros pela frente...

Para quem achava que 2021 não poderia ser pior que 2020, começamos com "dois pés esquerdos".

 

Imagem: radiovaledominho