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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Desacelerar

(é preciso)

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Desacelerar...

Cada vez mais, é preciso.

Mas como?!

 

É caso para dizer:

"Deixa para logo o que não precisas de fazer agora. Ou para amanhã. E, assim, hoje, terás mais tempo."

 

Mas, o que é certo é que isso é, apenas, um adiar.

Logo, ou amanhã, terei por, e para, fazer, aquilo que agora, ou hoje, não fiz. A somar ao que teria que fazer amanhã.

Portanto é um desacelerar momentâneo, para acelerar ainda mais a seguir.

 

A verdade é que estamos na era em que as pessoas cada vez têm menos tempo.

Em que as pessoas andam mais a correr.

Com mais tarefas a fazer, e com prazos para cumprir.

Com mais responsabilidades e obrigações.

Com mais compromissos.

 

Em que as pessoas mais acumulam o trabalho doméstico com a vida laboral.

Algumas, com filhos.

É a era do stress, em que estamos, constantemente, a pisar a fundo no acelerador, para chegar a tudo e a todos, e a todo o lado, sem atrasos, adiamentos ou falhas.

Estamos na era em que tudo nos é exigido, e em que tudo nos exigimos.

 

Simultaneamente, estamos na era em que mais precisamos de tempo.

Em que mais precisamos escolher as nossas prioridades.

Relativizar.

Delegar.

E usar o travão.

Desacelerar.

Pensar em nós, e pôrmo-nos, e à nossa saúde, em primeiro lugar.

Antes que seja tarde demais.

 

Porque as consequências, a curto e a longo prazo, de quem vive constantemente no limite, sem moderar a "velocidade" apesar das circunstâncias, e dos avisos que vai recebendo, podem ser terríveis.

E irreversíveis.

"Mãe de Aluguer", na Netflix

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Também conhecida como "Laços Maternos", esta é uma série sobre maternidade.

Em todos os seus sentidos, mostrando o que de melhor, e de pior, há, quando falamos de mães (e pais) e filhos, ou de avós e netos, sejam eles de sangue, ou de criação.

É uma história de amor, em todas as suas vertentes. Amor de amigos, amor de família, amor de irmãos.

E de perdão. Porque todos cometemos erros. Mas, de igual forma, todos podemos tentar corrigi-los. Tornarmo-nos pessoas melhores. Aprender com eles.

 

Quando percebi que a série tinha 24 episódios pensei: "Não dá, é muito!"

Gosto de séries pequenas. 

Ainda assim, estava com muita curiosidade, e após ver o primeiro episódio, soube que a iria ver até ao fim.

 

Yeni é uma mulher indígena que, juntamente com o seu pai, deixaram a sua terra natal à procura de uma vida melhor.

Têm, como amigos, Cuca e a neta, Sónia, que são como família.

Carlos e Júlia são um casal que desespera por ter filhos, sendo que Júlia não consegue engravidar. Então, apostam todas as fichas no último embrião, contratando uma barriga de aluguer.

Só que Júlia não a escolheu da forma que seria de esperar.

Aproveitando-se da pobreza e dificuldades de Yeni, e ainda piorando a situação, simulando um rapto no qual o pai de Yeni acaba por tirar a arma ao raptor e disparar contra ele, Júlia força Yeni a ser mãe de aluguer, em troca de tirar o seu pai da prisão.

O que Júlia não contava, era que o seu marido se apaixonasse por Yeni.

No dia do parto, Yeni dá à luz gémeos.

A menina, saudável, é entregue aos pais - Júlia e Carlos. Já o menino, é rejeitado por Nora, mãe de Carlos, por ter nascido com pé torto congénito, sendo abandonado, junto com Yeni, num banco de jardim.

 

 

 

A partir daí, começa tudo.

Dois irmãos separados.

Quem é a verdadeira mãe.

Quais as consequências de serem criados em ambientes familiares e condições diferentes.

E sem saberem da existência um do outro.

Após a rejeição, Yeni decide criar o menino, e será "obrigada" a esconder-se para impedir que o pior aconteça a ambos, constantemente em perigo e ameaçados.

 

Mas há muitos esquemas, muitas armadilhas, muita corrupção, e muitos interesses em jogo, engendrados por Elena e a sua família, que provocam danos irreparáveis não só a Yeni, como a um grupo de mulheres que se sujeitou ao tratamento da sua farmacêutica.

Muito sofrimento, muita chantagem, e muitas mortes.

 

Passada no México, "Mãe de Aluguer" aborda temas como a discriminação racial, em que as mulheres indígenas (e todo o povo indígena em geral), nomeadamente, as totonacas, como é o caso da personagem principal, são vistas como inferiores, meras empregadas, sem quaisquer direitos, nem mesmo a nível de saúde.

E de quem, gente poderosa, é capaz de se aproveitar, dadas as dificuldades que enfrentam nas suas vidas, para conseguir os seus intentos, sem olhar a meios, para atingir os fins.

 

Mas também nos dá a conhecer as tradições e cultura do povo Totonaca, como a dança dos "Voladores", as cerimónias fúnebres, ou os rituais para apresentação de um bebé, uma espécie de batizado.

 

"Mãe de Aluguer" acompanha Yeni, e todas as restantes personagens, desde o nascimento dos gémeos, até à sua adolescência, momento em que toda a verdade vem à tona, e muda o rumo daquelas vidas.

 

É uma história sobre justiça, ainda que não da forma, e no tempo, em que gostaríamos.

Mas mais vale tarde que nunca.

 

Fala de solidão, da falta de amor, de atenção, de presença.

De prioridades, muitas vezes, invertidas, distorcidas.

De querer agradar, ser aceite, numa constante competição sem sentido.

 

E mostra-nos que os laços que criamos, e a família que escolhemos ter, são o mais importante.

São a nossa rede de apoio.

Que nunca nos deixa cair.

Que está sempre lá.

Ainda que já não esteja cá...

 

 

 

 

 

 

Afinal, há pobreza em Portugal?

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Vem esta questão a propósito de uma imagem humorística publicada numa rede social, comentada por alguém que afirma que, em Portugal, não há pobreza.

Há, sim, quem quer passar a vida a viver de ajudas, à custa de subsídios do governo, quem não quer trabalhar, quem prefere viver nas ruas em vez de num abrigo, e por aí fora.

Mais, quando comparado com outros países do chamado "terceiro mundo", não se poderá afirmar que exista pobreza em Portugal. Pelo contrário, estamos muito melhores.

 

Obviamente, há verdade em tudo isto.

Mas não podemos só olhar para um lado.

Para o lado de estarmos muito melhor que outros países. 

Quando oiço falar de pobreza em Portugal, penso também em tantas outras coisas:

- nos mais idosos, que vivem com reformas parcas, que mal lhes chega para comprar a medicação e alimentar-se, e muitas vezes têm que escolher entre uma coisa ou outra

- nos reformados que, em vez de estarem a descansar depois de uma vida de trabalho, são "obrigados" a continuar a trabalhar para poder pagar as suas contas

- nos idosos que vivem sozinhos, abandonados, em "casas" sem quaisquer condições habitacionais, e de higiene

- nas pessoas que trabalham para sobreviver, porque o ordenado que ganham mal chega para pagar a renda de uma casa, quando qualquer pessoa deveria ter direito ao mínimo - uma habitação, um tecto para morar

- nas pessoas que, por não terem como recorrer a hospitais, clínicas e médicos privados, e por não conseguir um atendimento e cuidados médicos mínimos a que deveria ter direito, através do Serviço Nacional de Saúde, acabam por abdicar da sua saúde, entregando-se à sorte, ou à morte

- nas pessoas que, para pagar as contas, se sujeitam a trabalhos onde são explorados ao máximo, em termos de horas de trabalho, salários baixos, mais deveres do que direitos, e sempre com a ameaça de que "se não quiser, há mais quem queira"

 

A pobreza em Portugal, para mim, não pode ser vista como a pobreza da fome, da miséria, das guerras, exploração.

É mais uma pobreza em termos de carência, das necessidades básicas, de bens e serviços básicos, como  alimentação, vestuário, alojamento e cuidados de saúde. 

 

É verdade que Portugal é um país desenvolvido.

Mas, e nessa mesma linha de comparação com outros países, podemos perceber que, neste momento, relativamente a outros países muito mais desenvolvidos, e com outras condições que aqui não existem, Portugal ainda tem muito a desenvolver.

 

É um país pacífico? É. Por enquanto...

Se desejaria sair de Portugal e morar noutro país? Não!

Para mim, continua a ser um bom país para viver.

Mas gostaria que algumas coisas mudassem.

 

E sei que, muito para além daquilo que se vê, existe muita carência em Portugal.

Não daquela que só existe porque os portugueses querem, ou fazem por isso.

Mas daquela em que estão a sofrer as consequências de desigualdades, de políticas, e de interesses, às quais não se lhes pode imputar qualquer culpa.

Agradecer por isso, não é mais do que mostrar uma satisfação que não se sente, e uma aceitação de que não se merece mais, conformando-se com o que é dado.

Quando se tem (ou deveria ter) direito a muito mais.

 

E por aí, qual a vossa opinião?

Há, ou não, pobreza em Portugal?

 

 

Imagem: cnnportugal

 

O cancro da pele não é um mito!

 

É real.

E não acontece só aos outros.

 

Ano após ano, repetem-se as campanhas, as recomendações, os alertas.

A importância do uso de protector solar. E de se evitar as horas de maior risco.

Não há quem não o saiba.

 

Mas nem todos o levam a sério.

Afinal, a pessoa quer é aproveitar o verão. Se for preciso, dias inteiros na praia, ou na piscina.

 

Ir à praia de manhã? Ou ao fim do dia?

Isso é para quem tem a sorte de poder frequentar praias em zonas quentes. Para muitos, o único momento em que a praia está boa, é quando não deveriam lá estar, sob pena de apanharem vento, frio e nevoeiro, em vez de sol.

 

Protector?

Até se usa. Põe-se uma vez ou duas, quando se chega à praia, se se chegar cedo. Ou, então, não. Que uma corzinha é sempre bem vinda.

 

Chapéu de sol?

Isso é coisa dos nossos pais ou avós. 

A malta nova não quer andar carregada com chapéus.

Além de que, lá está, o mais certo era passar o tempo a correr atrás dele pela praia, por causa do vento.

 

E pronto, seja qual for o motivo, a verdade é que, mesmo com alguns cuidados, volta e meia, lá se apanham uns escaldões.

Quem não os apanhou na vida?

A pessoa assusta-se na hora, trata das mazelas, sofre um bocadinho mas, depois, passa.

E está pronta para outra.

 

Cancro da pele?

Sim, sabemos que existe mas... não vamos necessariamente apanhar, pois não?

 

Pois...

A verdade é que os sucessivos escaldões, e erros que se vão cometendo ao longo dos anos, têm consequências.

Sobretudo para quem tem pele clara.

E, muitas vezes, para quem tem dezenas de sinais no corpo.

Como eu.

 

Mas, que raio!

Sempre tive sinais. 

Para mim, fazem parte do meu corpo.

São tantos, de diferentes tamanhos, cores e feitios, espalhados por tantos sítios que, simplesmente, nunca lhes dei importância.

 

E agora, por causa de uma coisa estranha que nem sinal é, e que me fez recorrer a uma consulta de dermatologia, fiquei a saber que a dita coisa estranha é um carcinoma basocelular.

Ah, e como bónus, uma suspeita de melanoma maligno relativamente a um sinal mais escuro que tenho na coxa.

Que eu não faço a mínima ideia de há quanto tempo lá está (suponho que anos), nem se aumentou de tamanho ou mudou de cor em algum momento.

Tudo nomes pomposos, para um único diagnóstico - cancro da pele.

 

Uma coisa é certa: nunca mais vou olhar para um sinal da mesma maneira!

Se, antes, não lhes ligava a mínima, agora, sou capaz de imaginar mil e um cenários, e encontrar no mais básico dos sinais, todas aquelas características ABCDE (assimetria, bordas, cor, diâmetro, evolução) campatíveis com cancro.

 

Diagnosticado o dito cujo, o próximo passo é a referenciação para um hospital público, para a excisão de ambos, sendo que o suposto melanoma irá para análise, para confirmação da sua malignidade.

 

Então, e como te sentes? - perguntam-me.

Bem, não é como se me tivessem dito que tenho pouco tempo de vida, ou que não há solução. 

Porque, à partida, há.

Não sinto nada fisicamente. Não me sinto doente.

 

Se bem que, pensando bem, e com a sementinha já plantada, é muito fácil começar a associar mil e um sintomas a eventuais efeitos do suposto melanoma (que ainda nem certo é), que poderá já ter disseminado a outros órgãos.

Afinal, se está ali há tanto tempo que nem me lembro...

 

Mas, vale a pena fazer filmes?

Não!

É levar com calma, ser positiva, e acreditar que, se fosse assim tão grave, já se teria manifestado de outras formas.

 

O que vale, daqui em diante, é redobrar os cuidados.

É servir de exemplo (infelizmente mau), para que a minha filha evite fazer as mesmas asneiras que eu.

E já sei que, para o resto da vida, vou andar com rédea curta e constantemente vigiada, para o caso de surgirem novos visitantes.

 

Por isso, para quem ainda acha que o cancro da pele é só um mito, algo que usam para nos incutir medo ou impedir de aproveitar o sol, ou que só acontece aos outros, aqui está a prova de que não é assim.

E pode bater à porta de qualquer um.

 

 

Vacinados versus Não Vacinados

As divisões nas denominações pentecostais parecem estar no gerúndio

 

"Trabalhadores da RTP defendem que não vacinados não devem utilizar espaços coletivos."
"... ninguém que tenha recusado vacinar-se pode impor a sua presença em espaços fechados a colegas que se vacinaram, para proteção própria e para proteção alheia."

 

Não venho aqui defender nenhum dos lados.

Sou uma "não vacinada" assumida. 

O meu marido é um "vacinado".

Cada um foi livre de tomar a sua decisão. E respeitamo-la.

Não digo que não venha a levar a vacina. Mas gostaria que fosse por iniciativa própria, sem "chantagens", "discriminações", "imposições". Pelo real motivo para o qual foi criada.

 

Adiante.

Como referi, respeito tanto quem foi vacinado, como quem não o foi.

E, sempre que vejo a necessidade de apresentar um certificado de vacinação, para poder fazer uma vida normal ou, pior ainda, notícias como esta que li hoje, sobre os trabalhadores da RTP, que querem fazer uma divisão entre vacinados e não vacinados, para protecção, não consigo deixar de me irritar com tamanha estupidez.

Porque, se me falarem de um teste negativo, ainda compreendo, porque é uma informação mais actual e, aparentemente, mais indicadora de que não haverá contágio.

Mas certificado de vacinação?!

 

Qual foi a parte que eu não percebi?

- A vacina não evita que a pessoa vacinada contraia o vírus, mas também não a impede de contagiar os outros, portanto, o risco de contágio funciona nos dois sentidos.

- Em caso de contágio, é a pessoa não vacinada que, por sua conta e vontade, mais risco corre, por os sintomas se manifestarem mais severos.

 

Será que, agora, os vacinados são "seres superiores", que não se misturam com a "ralé" não vacinada?