De que valem determinadas palavras e gestos?
De que valem palavras bonitas, dedicatórias, homenagens?
De que valem gestos pré definidos, quase "obrigatórios", e padronizados?
Se as acções contradisserem tudo isso?
De que que vale transformar as mulheres, por um dia, em princesas para, nos restantes dias (se não mesmo no próprio), voltarem a ser gatas borralheiras?
É quase como tirar aquela loiça bonita que guardamos no armário, cheia de pó e teias de aranha, porque não se usa no dia a dia mas, numa ocasião especial, tiramos para fora, para "fazer bonito", para os outros verem. E, no dia seguinte, voltamos a arrumá-la no armário.
Não sou contra gestos, nem palavras. Mas que venham acompanhadas de acções.
E que não se limitem às comemorações da praxe.
Ontem, houve quem quisesse comprar flores para oferecer às "mulheres da sua vida", porque era o Dia da Mulher.
E, com sorte, a mesma pessoa que tanto se empenhou, numa fila enorme, para poder oferecer uma flor à "sua mulher", é a mesma que espera que a "sua mulher" faça aquilo que, a ela mesma, não apetece fazer.
Ontem, houve quem escrevesse lindas dedicatórias às "mulheres da sua vida", porque era o Dia da Mulher.
E, com sorte, a mesma pessoa que tantos "likes" e admiração obteve com tal atitude, é a mesma que critica, embirra e discute com a "sua mulher", por causa de tarefas domésticas e afins.
As acções, os gestos, as atitudes, veem-se no dia a dia. E não quando fica bem.
É esse o meu problema com estas datas comemorativas.
Na maior parte das vezes, e dos casos, são feitas de hipocrisia e de fingimento temporário.
E logo tudo volta ao "normal", ao mesmo de sempre.