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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Perdida - a série, na Netflix

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Há treze anos atrás, Soledad, uma menina de 5 anos, desapareceu na praia onde estava com os pais e familiares, em Espanha, sem deixar rasto.

A única coisa que sabem, é que foi levada por um homem tatuado, e só com um olho.

A polícia não consegue descobrir nada, e o caso é esquecido.

Antonio e Inmaculada, os pais da menina, não superam a perda e separam-se.

 

Treze anos depois, Antonio, o pai, é preso no aeroporto da Colômbia, por transportar drogas no estômago, como "mula".

O objectivo: ir para a mesma prisão onde está o homem que raptou a sua filha, e pedir-lhe informações sobre esta.

Antonio está disposto a tudo para não perder, novamente, a filha, nem que para isso tenha que perder a vida.

Com tudo planeado ao pormenor, Antonio vai desencadear revelações surpreendentes, e o ódio de muita gente que não hesitará em tirá-lo, e a todos os que forem necessários, do caminho, incluindo aqueles que, de alguma forma, estiveram envolvidos nos acontecimentos do passado.

Antonio terá ainda que lidar com os dois grupos rivais existentes dentro de La Brecha, a prisão onde cumprirá a pena, na Colômbia.

 

Ao saber que o ex marido está na Colômbia atrás da filha, Inma segue também para lá, para perceber o que Antonio sabe, e o que descobriu.

 

E a verdade é que Soledad está viva, e de perfeita saúde, com os seus novos pais, uma actriz famosa e o rei do narcotráfico da região, super protegida, não vá alguém querer levá-la, da mesma forma que estes a raptaram. Mas o que percebemos é que Soledad, a menina que Antonio e Inma adoptaram (sim, era adoptada e não biológica) é mesmo filha de Milena.

 

O que nos leva a um dilema.

O que é menos aceitável: que uma filha seja retirada à sua mãe biológica, e vendida por gente sem carácter, a um casal que só queria adoptar uma criança para lhe dar amor, e não fazia ideia das circunstâncias da adopção (embora desconfiassem), ou que uma filha seja raptada e retirada aos seus pais adoptivos, que a criaram até aos 5 anos, para ser devolvida à mãe biológica, que sempre a procurou?

Quem tem mais direitos sobre esta criança? Quem a quer mais? Quem a ama mais? 

 

A diferença, é que Milena e Quitombo, o seu marido, estão dispostos a tudo, para que Soledad fique com eles, inclusivé, matar os pais adoptivos.

Mas falta ainda outra das partes interessadas: o verdadeiro pai de Soledad. Quem é? E como reagirá quando souber que tem uma filha e nunca soube?

 

Uma série sobre corrupção, tráfico de crianças, drogas, poder mas, também, de amor.

Um amor que deu origem a toda a história, e ao nascimento de Soledade.

Um amor que fez um casal adoptá-la e criá-la como sua.

Um amor que levou uma mãe a ordenar o rapto da sua própria filha.

Um amor de um pai, que quer pedir perdão à filha por não a ter protegido, e que engendrou um plano para a descobrir, que o fará passar os próximos anos na cadeia.

Um amor de uma mãe, que volta a ter esperança de encontrar a sua filha desaparecida, e que também irá arriscar tudo, para tê-la de volta.

Um amor de um homem que aceitou a menina, e a ama como se fosse do seu sangue, por amor à mulher.

 

E será esse amor a ditar o destino de Soledad, que tem agora com 18 anos, idade para tomar as suas próprias decisões que, quem a amar, respeitará e aceitará.

Mas não sem, antes, se perderem várias vidas, pelo caminho.

La Reina del Flow

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Foi através do P.P. que soube da existência desta série da Netflix e, com base naquilo que li, fiquei curiosa!

Depois de ter ficado totalmente viciada em ZOO, que já acabei de ver, é com surpresa que me vejo agora presa a La Reina del Flow, uma das séries mais vistas na Colombia nos últimos 5 anos, e que promete uma sequela para a história de Yeimi.

 

Os ingredientes para esta receita de sucesso são vários:

 

 

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A música

Dá o mote para a história, e está presente em toda a série. Cada um dos temas, ao estilo reggaeton, faz-nos querer cantar e dançar, e é fácil ficarmos com a letra na cabeça.

Das mais mexidas às mais calmas, conseguiram ter aqui uma excelente selecção musical.

Há concertos de veteranos, e batalhas de MC's para novos talentos.

Destaque ainda para personagens reais, como a de Sebastian Yatra, um cantor e compositor colombiano, que irá interpretar-se a si próprio.

E para o papel da música na vida das pessoas, sobretudo nestes bairros pobres e onde é fácil enveredar por caminhos perigosos e destruir a vida.

 

 

 

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As drogas

A Colombia é um dos maiores produtores e exportadores de droga.

Aqui na série, o negócio é gerido por Manín, tio de Charly, que também se dedica a cobrar aos residentes de Medellín uma espécie de pagamento para protecção, que mais não é que uma forma de lhes arrancar dinheiro sob ameaça disfarçada.

Mas será pelas drogas que Yeimi verá toda a sua vida virar do avesso, envolvida numa cilada que lhe armaram, presa por tráfico, identificada como uma das muitas "mulas" que transportam drogas para o peixe graúdo e, mais tarde, como agente infiltrada para tentar chegar a ele, e ajudar a capturá-lo.

As consequências das drogas serão também mostradas através de Vanesa, filha de Charly.

 

 

 

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Corrupção

Num mundo onde o dinheiro compra tudo, os criminosos continuam impunes, as vítimas sem justiça, e os crimes arquivados e esquecidos.

 

 

 

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Vingança

Uma boa história de vingança cativa qualquer um. Sobretudo quando o ódio em que assenta essa vingança, teve origem num grande amor e ilusão.

Mas não só. A vingança de Yeimi acaba por se estender à morte dos seus pais, da sua avó, e do seu filho, bem como à da sua melhor amiga e companheira da prisão.

 

 

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Pobreza e Insegurança

Medellín possui bairros pobres, em que o perigo espreita a cada esquina, seja assaltos, drogas, assassinatos.

No núcleo de Juancho, é bem visível o esforço que ele faz para que nada falte aos seus irmãos mais novos, depois do abandono da mãe, e a forma como luta para que ninguém os tire de si cedendo, por vezes, a chantagem ou a ações menos correctas para ganhar dinheiro para os criar.

No entanto, é também a prova de que, com vontade,  é possível mudar e sair dessa vida.

Por outro lado, nem todos os que vivem nesses bairros são bandidos, delinquentes, drogados. Há por lá muita gente honesta, solidária, muitos jovens atinados, e muitas formas de escapar à dura realidade, sem se perderem.

 

 

 

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Triângulos amorosos

Quando jovens, Juancho gosta de Yeimi, que só tem olhos para Charly, que gosta de todas e não gosta de nenhuma. Na verdade, ele só quer saber dele próprio, e de vencer no mundo da música e, como não tem talento como compositor, vai servir-se de Yeimi para atingir os seus fins.

Já adultos, Charly está casado com Gema, mas continua a envolver-se com todas as mulheres que pode, inclusive com Tammy, que ele nem desconfia que, na verdade, é Yeimi.

Catalina, melhor amiga de Yeimi, acaba por se apaixonar por Juancho, que continua a amar a Yeimi, enquanto esta é também disputada por Jack del Castillo.

 

 

 

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Transformação

A típica transformação da menina ingénua e inocente, na mulher poderosa e guerreira. De menina que só conhecia o seu bairro de Medellín e pouco mais, que viveu 17 anos numa prisão e pouco mais conhece além dessa realidade, para a mulher culta, empreendedora e com facilidade em movimentar-se em meios diferentes, junto com os tubarões.

 

 

 

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A efemeridade da fama

Pela mão de Charly Flow, que depois de uma subida vertiginosa e de tudo o que alcançou através da música, à custa de Yeimi, começa a ver o seu mundo descambar, quando a sua falta de talento e, sobretudo, de escrúpulos vêm à tona.

Um artista pode, hoje, ser adorado mas, amanhã, odiado na mesma medida.

 

 

 

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Os laços de sangue

Charly só ama duas pessoas, talvez três, na sua vida. A sua mãe, a sua filha, e a si próprio. E se a sua mãe ainda poderá ficar ao lado dele, apesar de tudo, já a sua filha será a principal pessoa a mostrar-lhe o que é perder o amor de alguém. Acabará Charly Flow sozinho?

Por outro lado, é inegável a empatia que desde logo se criou entre Yeimi e Erik, a afinidade, o mesmo gosto pela música, o mesmo talento para compôr, o mesmo à vontade com os habitantes do bairro e com o bairro em si, sem saberem que, na verdade, são mãe e filho.

 

 

 

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A libertação e o perdão

Por vezes estamos tão cegos pelo ódio, que arriscamos a não agir da melhor forma, a não ver com clareza, a não seguir em frente com a nossa vida e ficarmos eternamente presos nessa vingança.

Só há algo que nos pode impedir de continuar e cair no precipício, fazendo os outros cair, levando-nos com eles: libertando-nos desse sentimento, perdoando, e agarrando-nos ao que de valioso temos, que é mais importante que qualquer ódio ou vingança. 

 

 

 

 

A história:

Yeimi é uma talentosa compositora, que vive com os pais e a avó, e é apaixonada por Charly.

Charly é um músico sem talento que, junto com Juancho, quer vencer no mundo da música.

Os três juntam-se para formar uma banda, mas Yeimi viu e sabe coisas demais, e poderá dar problemas, por isso, Charly arranja forma de a tirar do caminho.

Ao chegar a Nova Iorque, Yeimi é apanhada com drogas na sua mala e, já na prisão, ameaçada por uma das reclusas para que não denuncie Charly, sob pena de lhe matarem a avó, acaba condenada a 17 anos de prisão.

Depois de dar à luz o seu filho com Charly, Yeimi entrega-o à avó para que cuide dele mas, mal chegam a casa, a avó é assassinada e o filho raptado. Yeimi fica convencida que o filho morreu junto com a avó, e passará o resto do tempo na prisão a pensar na vingança que fará quando sair.

Charly, entretanto, foi para Porto Rico e tornou-se um artista de sucesso. Casou com Gema e tem uma filha que adora.

Manín conseguiu convencer a mãe de Charly a casar-se consigo, e adoptaram o filho de Yeimi, sem Lígia saber a verdade.

Juancho, que sempre acreditou na inocência de Yeimi, continua apaixonado por ela, e a escrever-lhe cartas que ela nunca leu, até ao dia em que vê a notícia da sua morte na prisão, e decide seguir com a sua vida em frente, com Calatina, que era melhor amiga de Yeimi no passado.

No seu último dia na prisão, após um acordo com  a DEA, Yeimi quase morre envenenada, e a DEA aproveita para simular mesmo a sua morte, e fazê-la regressar como Tammy Andrade, para ajudar a capturar Manín.

Claro que Yeimi tem os seus próprios planos...

Que comece a vingança!

 

 

A Rapariga no Gelo, de Robert Bryndza

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Foi a minha última leitura de 2017, e conseguiu surpreender-me!

Quando li um excerto, oferecido pela Wook, há uns meses atrás, fiquei com a sensação que não iria gostar muito, por ser mais do mesmo. Ainda assim, mesmo sem o interesse inicial, deixei-o ficar na lista de livros a adquirir.

Lista essa que facultei ao meu marido, para o caso de ele me querer oferecer algum livro. Havia uns que eu preferia mais, mas ele acabou por comprar este. E acertou!

 

O que mais destaco neste livro, é a forma como ele retrata o poder dos mais ricos, das pessoas mais influentes, de um nome, do dinheiro. E como esse poder pode controlar tudo e todos à sua volta, de acordo com os seus interesses, pisando, destruindo e eliminando quem se colocar no seu caminho.

Por vezes, a fome de poder é tão grande, e o receio de um escândalo tão temido, que se cometem os actos mais impensáveis, considerando-os meros "danos colaterais".

 

Andrea é filha de um dos homens mais poderosos e respeitados na região, oriunda de uma família rica que lhe permite ter tudo o que quer. Um dia, Andrea aparece morta, num local que não seria de esperar que frequentasse, dando início a uma investigação para a qual foi chamada a liderar a inspectora Erika Foster.

Quem não fica satisfeito com essa escolha é Sparks, que fará de tudo para voltar ao comando, descredibilizando qualquer teoria ou linha de investigação que Erika apresente. Erika também não dificulta essa tarefa, agindo muitas vezes por impulso, colocando em risco a sua carreira, que já se encontrava por um fio.

Ainda assim, ela acredita que está no caminho certo, e terá o apoio de Moss, Peterson e Isaac, ainda que o seu superior, Marsh, a tenha suspendido e afastado do caso, e pareça temer represálias vindas do pai de Andrea.

De facto, até na polícia e na justiça o poder exerce a sua influência, levando muitas vezes a corrupção, a injustiças, ao encobrimento da verdade, por "uma boa causa", para ninguém sair prejudicado, e continuar na sua vidinha, sem se chatear.

 

Andrea estava noiva de Giles, e parecia a mulher perfeita, mas vamos percebendo que não era bem assim. E se David, o seu irmão, parece defendê-la das críticas, já Linda, a irmã, parece não querer poupar Andrea, pouco se importando se ela está morta e não se pode defender.

E, por aqui, percebemos que esta é uma família que vive de aparências, não se conhecendo minimamente uns aos outros, nem se preocupando verdadeiramente uns com os outros, mas apenas consigo mesmos.

É acusado um homem pelo seu assassinato, mas depressa se percebe que era apenas um bode expiatório que a polícia precisava, para mostrar serviço. Com essa teoria caída por terra, e com a possibilidade de outros casos antigos estarem interligados com a morte de Andrea, Erika vai em frente, e leva para a esquadra vários suspeitos para interrogatório, tentando a sua sorte.

Mas o verdadeiro assassino, que a tem seguido de perto, e até já a tentou matar na sua própria casa, está uns passos à sua frente e, quando ela percebe quem é, poderá ser tarde demais, e não conseguir escapar, também ela, com vida, desta vez, tornando-se mais uma das "Raparigas no Gelo".

 

Maus tratos psicológicos

"Rejeição, depreciação, discriminação, desrespeito, utilização da criança como objecto para atender a necessidades psicológicas do adulto. Pela sutileza do acto e pela falta de evidências imediatas, este tipo de violência é um dos mais difíceis de se caracterizar e conceituar, apesar de extremamente frequente."



 

 

A violência psicológica é, muitas vezes, mais marcante e "agressiva" do que a violência física.

Pode manifestar-se isoladamente, mas também está presente em todas as outras formas de maus tratos.

Enquanto os maus tratos físicos são facilmente detectáveis, pelas marcas que deixam no corpo, os maus tratos psicológicos não se vêem, tornando-se mais difícil apercebermo-nos da sua existência.

Tanto a rejeição, por os filhos não terem atingido determinados objectivos e não corresponderem às expectativas dos pais, que não tendo eles próprios conseguido, o exigem agora dos filhos, como a depreciação das crianças, fazendo-as acreditar que não servem para nada, que não têm qualidades nem capacidades, atribuindo-lhes culpas por qualquer tipo de situações, ou ainda a sua utilização para satisfazer as necessidades psicológicas dos adultos, destroem a autoestima das crianças, e lançam-nas num estado de tristeza.

Já o simples acto de ignorar as crianças, não mostrando disponibilidade para as ouvir, para lhes dar atenção, afecto e carinho, leva-as ao isolamento.

Por sua vez, a sujeição ao terror ou a existência de ameaças, incutem-lhes medo.

Todos estes sintomas que uma criança vítima de violência psicológica apresenta, não são visíveis a "olho nu". 

É necessário que, todos aqueles que convivem com a criança, sejam familiares, profissionais de saúde ou educação, estejam atentos de modo a conseguir sinalizar possíveis vítimas.