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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Já não há respeito

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Há cerca de um mês, andava o pessoal da Câmara, suponho, a cortar as ervas daninhas na rua onde temos que passar para ir trabalhar.

Nessa altura, uma das ervas acertou-me na cara. Nada de especial. Mas não é agradável.

No outro dia, ia para cima com a minha filha e, numa zona onde passamos para o trabalho dela, andava um homem a cortar ervas. Dessa vez, foi a minha filha que levou com elas no peito.

 

E parar o trabalho enquanto estão pessoas a passar, já não se usa?

É que eles, a cortar as ditas cujas, estão todos equipados e protegidos.

Mas nós não!

E se alguma daquelas ervas salta para a vista?

 

Antigamente, ainda tinham consideração pelas pessoas.

Agora, já não há respeito.

Como se uns segundos de pausa lhes causassem muito transtorno, ou atraso, no trabalho.

 

Quando todo o nosso trabalho se perde em segundos

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Está uma pessoa a colocar todo o seu empenho naquele trabalho, a emendar daqui e dali, a retirar uma palavra, e a colocar outra, até chegar a um resultado satisfatório e pensar "ok, é isto" quando, no alto da sua tamanha inteligência, decide cortar do rascunho, e colar no documento final.

 

Só que, pelo meio, lembrou-se de cortar e colar outra coisa e, quando percebe, lá se foi o trabalho e não há forma de o recuperar!

 

Quem me manda a mim "cortar", em vez de "copiar".

Como diz, por vezes, a minha filha, sou mesmo "jumenta"!

Claro que me chamei um rol de nomes bem piores quando percebi a asneira que tinha feito.

Cortar definitivamente a ligação...

Imagem relacionada

 

...ou alimentar algo que, bem vistas as coisas, nunca existiu?

Depois de uma vida de intermitências, em que a pessoa, ora aparecia e era tudo muito bonito, ora desaparecia e ficava anos sem dar notícias (o que não era necessário, porque já sabíamos o que teria acontecido para tal), essa pessoa volta a aparecer, mais uma vez.

Não tinha uma boa vida, mas aquela que lhe era possível, dadas as circunstâncias. Quis retomar os laços, as ligações, a família.

Quis voltar a ser o pai que nunca foi, o tio que nunca esteve presente, o irmão que pouco conviveu com os restantes irmãos, o amigo de todos. 

Não pensou que, talvez, a essa altura do campeonato, nem todos estivessem dispostos a esquecer, a perdoar, a pôr tudo para trás das costas, a fingir que nada do que aconteceu, aconteceu.

O que é certo é que, desde então, essa pessoa tem continuado a levar uma vida de intermitências, em que ora está bem, ora está mal. Em que num momento tem uma família maravilhosa e são todos muito amigos, e noutro não valem nada, não prestam, e não quer mais saber dela. Para depois voltarem a ser bonzinhos. Para a seguir o tratarem mal. Enfim...

 

Eu, e mais alguns familiares, deixámos o passado no passado, e reatámos a ligação. Éramos, segundo essa pessoa, a verdadeira e única família que tem neste mundo.

Da minha parte, ligava-lhe algumas vezes. Atendi outras quantas chamadas, em que a conversa e as queixas eram sempre as mesmas. Mas pronto, dá-se um desconto. A idade não perdoa. Ainda estive com essa pessoa duas vezes. Num dos últimos telefonemas, senti que estava com pressa em desligar, não estava muito virada para conversa, e queria despachar-me.

Até que, há uns meses, deixou de dar notícias. Soube, por um familiar, que estava a viver com as pessoas que há tempos atrás não valiam nada. O telemóvel passou a estar desligado.

E eu, sinceramente, pensei: melhor assim.

 

No início do ano, recebi uma chamada de um número que não conhecia. Era essa pessoa. Na altura contou mais uma das suas histórias, para justificar a ausência de contactos e notícias, não sei se verdadeira ou não. Eu estava com pressa, por isso, disse que depois guardava o número. Nunca mais lhe liguei. Sempre que essa pessoa ligava, eu não atendia.

Entretanto, mudou de número, ligou aos meus pais a dar o novo, e aproveitou para se queixar que eu nunca mais falei e nem atendo as chamadas. Anda a ligar todos os dias, várias vezes ao dia. Não atendo.

Já deveria ter percebido que, se não atendo, é porque não quero falar. E já deveria ter desistido e parado de insistir. Mas não.

 

O meu pai diz: liga lá, nem que seja uma vez. 

Mas a paciência para estar sempre a ouvir o mesmo já começa a escassear. Não sou psicóloga para ouvir queixas e tentar ajudar quem não quer ser ajudado, quem, por mais que se lhe mostre o caminho, insiste em ir por outros. 

E se eu ligar uma vez que seja, já não me vai desamparar a loja.

 

Sim, pode até estar sozinha e essa é a única forma que tem de se sentir menos só na vida. E sim, já teve castigo mais que suficiente para os erros que cometeu toda a vida. E a mim nunca me fez mal algum, e sempre me tratou bem.

No entanto, valerá a pena perder o meu tempo, e retomar uma ligação familiar que, durante anos, basicamente não existiu para, daqui a uns tempos, desaparecer novamente? Ou será melhor cortar definitivamente?

Devo alimentar esta história da família unida e feliz, e armar-me em alma caridosa, para alguém que está só e a viver uma velhice infeliz, atenuando a tristeza dos seus dias?

Ou esperar que desista de vez, e esquecer que essa pessoa existe?

 

Não quero ser mazinha, nem insensível, mas já me basta viver a minha vida e resolver os meus problemas. Esta pessoa nunca se preocupou nem precisou de nós para viver à sua maneira enquanto pôde. E nós nunca precisámos dela para seguir com as nossas vidas. Porque haveria agora de ser diferente?

 

Enquanto isso, aí está, mais uma chamada não atendida para a colecção!  

 

Como planeio as minhas compras de Natal

 

Está a chegar aquela época do ano em que, por norma, gastamos mais dinheiro que o habitual.

A culpa é do Natal, que nos contagia com generosidade, alegria, e muita vontade de celebrar com festas caseiras, e presentes para a família e amigos.

Por isso, sempre que o mês de Novembro se aproxima, o meu pensamento é - este ano vou ter que cortar em algumas coisas, gastar menos e oferecer presentes só a meia dúzia de pessoas mais chegadas. Puro engano!

Mais de metade da família faz anos antes ou depois do Natal, o que significa festas e presentes a duplicar (ou então um único mas com um valor maior).

Como sou organizada, e não gosto de surpresas, sigo sempre o mesmo método todos os anos:

 

1 - O primeiro passo é, então, estipular uma parte do subsídio de natal que poderei gastar, tentar dividi-la da melhor forma possível, e tentar poupar ainda no que puder!

2 - O segundo passo, é fazer uma lista das pessoas a quem tenciono oferecer presentes, e de coisas/ produtos onde irei gastar (pastelaria/ cabeleireira/ restaurante).

3 - Em seguida, estipulo um valor para cada uma dessas pessoas/ coisas.

4 - Relativamente aos presentes, costumo colocar à frente algumas ideias de presentes. À família mais chegada, por vezes pergunto o que faz falta.

5 - O quinto passo é ir às compras! Algumas coisas, compro com antecedência. Outras, mais perto da data.

 

E pronto! Tenho 50% de possibilidades de seguir o meu plano à risca e, com sorte, ainda poupar uns trocos daqui e dali, com promoções que venha a usufruir, ou despesas que irão sair menos dispendiosas, e 50% de hipóteses de, a determinada altura, me dar aquela vontade incontrolável de comprar isto e aquilo, e aperceber-me que não cumpri nada daquilo que tinha planeado, e que o orçamento terá que ser revisto!