Santa Maria: parte II
(porque também é preciso falar do que é bem feito)
Como tinha referido no post anterior, tendo a minha mãe sido enviada para casa, tratámos de arranjar o apoio possível para que ela fosse acompanhada em casa.
Respirámos um pouco de alívio ao ver que as coisas se estavam a encaminhar.
Até que, na quinta-feira à noite, foi necessário chamar os bombeiros novamente, e voltar ao hospital.
Dados os baixos níveis de oxigénio, foi para a área de Covid, onde passou a noite.
Ao início não percebemos a lógica de a terem levado para ali. Ela não tinha covid.
Depois, surpreendentemente, agradecemos por a terem levado para lá.
A médica, ao contrário das colegas, não foi indiferente.
Fez análises, fez RX, fez electrocardiograma.
Fez duas TAC.
Ou seja, tudo aquilo que deveria ter sido feito da primeira vez, na urgência.
E ao final da tarde de 6ª feira, foi internada. Para se estudar a causa do problema dela, e tentar tratá-la. Iria fazer exames na próxima semana.
Ontem, ao final do dia, liguei para o serviço.
Falei com o enfermeiro.
Disse que ela estava a oxigénio, que estavam a aspirar as vias aéreas, e que estava a aguardar a colocação da sonda.
Tinha direito a visitas, o que foi um alívio saber.
Ficámos tranquilos porque, da forma como ela saiu daqui de casa, se continuasse cá, estava em constante sofrimento, não teria apoio profissional e imediato, e poderia acontecer o pior, enquanto ali, no hospital, tinha todos os meios e uma equipa médica.
Parecia estar tudo a encaminhar-se no bom sentido.
A forma como esta médica procedeu, ao requisitar todos os exames, e interná-la, foi a mais correcta e profissional que poderíamos pedir e esperar.
Não foi o suficiente.
Talvez tenha sido tarde.
Talvez, se as colegas tivessem agido de forma diferente, o desfecho fosse o mesmo.
Mas pelo menos alguém se preocupou.
Alguém viu uma pessoa que, mesmo não tendo salvação, merecia um último esforço.
E nós agradecemos por isso.
Porque também é preciso falar do que é bem feito.
E não se poderia exigir mais.