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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

"Pedaço de Mim"

(na Netflix)

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Finalmente, uma boa série!

Dramática, é certo. Mas comovente.

Revemo-nos em algumas personagens.

Criamos empatia e ligações com outras, que dificilmente esqueceremos.

Apesar do fenómeno raro que a história aborda, tudo o resto, nela, é o mais comum que possamos imaginar, e é por isso que nos identificamos.

 

Quando percebi que a série tinha 17 episódios, pensei que ia ser mais complicado de ver. 

Até porque os primeiros episódios parecem mostrar quase tudo.

No entanto, esses episódios são mesmo só o começo, de uma história que vai evoluindo à medida que os anos avançam, as personagens crescem (e envelhecem), e os segredos se tornam impossíveis de esconder, ainda que transformem a vida de todos num inferno. Ou, quem sabe, levem a um novo recomeço...

 

Liana e Tomás são um casal em crise.

Liana quer muito ter um filho do seu marido mas está, de tal forma, obcecada, que isso acaba por se reflectir na relação.

Tomás, acaba por traí-la e sair de casa. Para esquecer esse mau momento, Liana sai com Débora, e acaba por ser violada por Oscar, irmão da sua amiga, e melhor amigo do seu falecido irmão.

 

Umas semanas depois, Liana descobre que está grávida. De gémeos. Só que de pais diferentes. Um do marido, e outro fruto da violação. Um fenómeno a que chamam de superfecundação.

A partir daqui, começam os dilemas:

Ter ambos, ou não ter nenhum?

Contar para o marido, agora que se reconciliaram, ou esconder?

Será que Liana vai conseguir amar ambos? Talvez. Afinal, ela é mãe.

Será que Tomás irá conseguir amar um filho que não é dele? Tratá-lo de igual forma? Isso já parece mais difícil.

E se começarem a perceber as parecenças/ diferenças? Como explicarão isso?

Conseguirá o próprio casamento, no meio de tudo isto, sobreviver?

 

Sílvia é irmã de Tomás, cunhada de Liana. É médica, e é a primeira pessoa da família a saber do segredo. Ela estará sempre ao lado do casal.

Mas também tem os seus próprios problemas. Ela é mãe de Inácio, um rapaz que sofre de uma doença degenerativa que irá, progressivamente, tirar-lhe a visão.

A cuidar sozinha do filho, desde que o pai os abandonou, ela é uma mãe superprotectora, muito por conta do problema de saúde do filho, e é impossível, para quem é mãe, não se identificar com os receios e a preocupação dela. Faz parte de ser mãe.

Obviamente que também percebemos o lado de Inácio, a sua vontade de querer ser independente, de querer ser tratado como uma pessoa normal, apesar das suas limitações.

Este vai ser o desafio de ambos.

Felizmente, Inácio tem o apoio de Vicente, o namorado da mãe, que será como um pai para ele. E só não é marido de Sílvia, porque ela acredita que o casamento irá estragar aquilo que têm.

No entanto, chegará a um ponto que ela vai ter que decidir se quer dar o tão ameaçador passo. 

 

Voltando a Liana, para além da violação, da gravidez, do fenómeno raro que representa em termos de medicina, ainda terá que lidar com a doença da mãe, que tem Alzheimer. A desorientação, a confusão, o esquecimento, o perigo para si e para os que a rodeiam e, ainda assim, a lucidez no meio de tudo isso.

A realidade das drogas nas discotecas e bares, usadas para "diversão" e para cometer crimes a vítimas que não têm como se defender, depois de drogadas.

Gente com poder, que compra advogados para "apagar" as provas dos crimes e safar os criminosos da prisão.

Família que finge que não vê, que arranja desculpas, que não percebe que não está a ajudar, mas apenas a ser conivente, e compactuar com a continuação dos crimes.

 

Há de tudo um pouco nesta série brasileira, protagonizada por Juliana Paes, Vladimir Brichta, Filipe Abib, Paloma Duarte, João Vitti, Bento Veiga, Jussara Freire e António Grassi, entre outros.

Se puderem, vejam!

 

 

 

 

 

Devem os pais ser responsáveis pelos actos/ crimes cometidos pelos filhos?

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Até que ponto tem, a educação dada pelos pais, influência na personalidade e comportamento dos filhos?

Até que ponto estão, os pais, capacitados, e munidos de ferramentas, para lidar com as problemáticas dos filhos? E ainda que as tenham, até que ponto as saberão utilizar?

Até que ponto têm, os pais, que suportar a culpa pela sua impotência, quando o próprio sistema lhes nega qualquer apoio?

Poderiam, os pais, evitar determinados actos/ crimes cometidos pelos filhos? Ou é algo que, quer se queira, quer não, está fora do seu alcançe, e é impensável?

 

Os pais têm o seu papel e responsabilidade da vida, educação e formação dos filhos.

Mas não os podem formatar. 

Eles têm vontade própria. Ideias próprias. A sua própria personalidade. Que pode ser totalmente oposta à dos pais. 

Por experiência, e por aquilo que vamos observando, é comum ver filhos dos mesmos pais, terem comportamentos e convições diferentes, ainda que, à partida, tenham sido criados nas mesmas circunstâncias.

Portanto, não se pode, inequivocamente, afirmar que a falha é dos pais, que no que respeita à educação e transmissão de valores. 

Talvez haja uma falha conjunta, de várias partes.

Ou talvez não haja falha nenhuma.

Há coisas que, por mais que queiramos, estão fora do nosso controlo.

 

É certo que podemos, eventualmente, ver os sinais.

Podemos desconfiar.

Podemos vigiar.

Podemos conversar, averiguar.

Não significa que resulte.

Ou podemos ignorar.

Não significa que é por isso que vai acontecer.

 

Mas, se, e/ou quando acontecer, quem deve ser responsabilizado?

Os filhos, que foram os autores e, como tal, devem aprender a lição e arcar com as consequências, para que não voltem a repetir?

Ou os pais que, no fundo, são responsáveis pelos filhos e, inevitavelmente, pelos seus actos?

E se os pais passarem a responder pelos actos/ crimes dos filhos, isso não levará, estes últimos, a assimilar que podem fazer o que bem quiserem, porque a eles não acontece nada?

 

Até que ponto deverão os pais, para além da responsabilidade civil, ter também sobre si o peso da responsabilidade criminal, por aquilo que os filhos fazem?

 

 

 

 

Alta Mar é... altamente!

 

"A história passar-se nos anos 40, a bordo de um navio transatlântico, que vai de Espanha para o Brasil, e foca-se em duas irmãs que embarcam à procura de uma nova vida e por lá conhecem outras personagens.
Durante a travessia, ocorre um assassinato e, ao se investigar a origem do crime e a identidade do assassino, começam a desvendar-se segredos obscuros.
Amor, intriga e uma teia de mentiras entrelaçam-se, a bordo de um navio que guarda um segredo terrível nas suas entranhas e onde cada camarote encerra uma história. Só uma coisa é certa: o assassino está a bordo."

 

 

Desde que li a sinopse desta série, que iria estrear em Maio na Netflix, que fiquei curiosa para a ver.

Aliás, esta, e mais umas quantas.

Mas, das que tinha começado a ver, fiquei-me pelo primeiro episódio.

Já esta, vi-a toda no mesmo dia!

 

 

São 8 episódios em que chegamos ao fim de um, com uma cena que nos faz querer ver logo o seguinte, e assim sucessivamente, até ao final.

Em cada episódio, suspeitamos de uma personagem diferente e, quando achamos que, afinal, aquela personagem até é boa gente, a série troca-nos as voltas. Mas, depois, nem tudo é o que parece e, talvez, aqueles que parecem culpados não o sejam.

E é assim que a série vai baralhando as cartas e deixando-nos em suspense, sem saber o que vai sair dali, e quem é culpado, ou inocente.

 

 

Eva e Carolina embarcam no navio de Fernando, noivo de Carolina, com destino ao Brasil, e casamento marcado durante a travessia, a bordo do mesmo.

A acompanhá-las, a governanta, a filha desta, e já no navio, o tio de ambas, Pedro, e o Dr. Rojas.

A viagem surge como um recomeço para todos, após a guerra, e depois do falecimento do pai de Eva e Carolina, e a venda da sua fábrica de sapatos.

 

 

Logo antes da chegada ao navio, Eva acaba por ajudar uma desconhecida que quase atropelaram, levando-a escondida num baú para dentro do navio.

Mais tarde, essa mulher é atirada ao mar, e Eva tenta investigar quem o poderá ter feito. Até que um passageiro de terceira classe confessa o crime, acabando o mesmo por ser encontrado morto, num suposto suicídio.

Alguém quer que a verdade permaneça oculta, e os passageiros tranquilos durante a viagem mas, ainda assim, são visíveis as distinções entre classes, e a forma como são tratados.

Por outro lado, percebe-se que alguém anda atrás de algo que as irmãs trouxeram para o navio, e que as pode colocar em perigo. Algo que terá a ver com a utilização ilícita da empresa de sapatos do pai, para negócios duvidosos. Uma prova que poderá levar alguém mpara a cadeia por muitos anos, e que tem de ser eliminada a qualquer preço.

 

 

E, basta confiar na pessoa errada, para que as consequências sejam as piores que se poderia imaginar.

Conseguirão Eva e Carolina perceber quem está, de facto, do lado delas?

Conseguirão escapar com vida?

E se o inimigo for a pessoa mais próxima, e a quem mais amam? 

 

 

 

 

 

Efeitos Secundários

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Quantos de nós não tomaram já, em algum momento da nossa vida, medicamentos para tratar um problema de saúde, que nos provocaram efeitos secundários indesejáveis e intoleráveis?

Se virmos bem, poucos são aqueles que não implicam esses efeitos, seja em maior ou menor grau.

 

Agora, imaginem que esses efeitos secundários poderiam ter consequências graves e desastrosas nas vidas de quem toma os medicamentos e, inclusive, reflectir-se nas vidas dos que os rodeiam?

E quando falo de consequências graves, refiro-me a homicídio.

 

Será possível um medicamento colocar a pessoa num tal estado que ela possa cometer todo o tipo de crimes, sem se dar conta do que faz, sem noção da realidade, sem se lembrar de nada?

 

 

Emily e Martin conheceram-se, apaixonaram-se e casaram.

Ela ficou grávida.

Ele foi preso, e assim permaneceu durante 4 anos.

Emily sofreu um aborto, perdeu tudo o que tinha, ficou deprimida e recorreu a ajuda psiquiátrica. Melhorou e deixou de ir às consultas.

 

 

Martin é libertado, e volta para casa, para retomarem a sua vida como casal.

Emily não está bem e tente suicidar-se.

Começa a ser acompanhada por um novo psiquiatra e vai alternando a medicação até chegar àquele que melhor tolera e a ajuda. Mas, se no início tudo parece melhorar, com o tempo, comçam a verificar-se comportamentos estranhos que acabam com Martin assassinado, esfaquiado em casa por Emily.

 

 

E, das duas uma: ou Emily é uma assassina,ou agiu sob efeito dos medicamentos e, nesse caso, é responsabilidade do psiquiatra. Uma dessas vidas será arruinada.

A não ser que, uma reviravolta inesperada, mude o rumo de toda a história! 

Preconceito, rótulos ou pura realidade?

 

Como disse um dia Albert Einstein "É mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito".

Até mesmo aquelas pessoas que afirmam não ser nada preconceituosas têm, por vezes, pensamentos ou atitutes que demonstram que não é bem assim.

Mas, o que será que nos leva a rotular determinados grupos, a demonstrar preconceito por determinadas pessoas? Será pura ignorância, valores errados que lhes foram incutidos, um perfeito absurdo, ou apenas a constatação da realidade?

É verdade que não devemos julgar o todo pela parte. Cada pessoa é como é, diferente de todas as outras, e pessoas boas e más existem em todos os grupos sociais e culturas. Não somos melhores nem piores que ninguém.

No entanto, porque é que, por exemplo, os ciganos, são tão temidos e ninguém gosta deles? Não será porque, frequentemente, vemos os mesmos envolvidos em confusões ou em cenas de violência? O mesmo acontece em relação aos ucranianos. Mas isso acontece com todos, não é só com eles. 

As mulheres brasileiras, por exemplo, foram muitas vezes rotuladas de "destruidoras de lares". Mas será que os homens portugueses só começaram a trair as suas mulheres quando chegaram cá as brasileiras? Duvido muito!

Um outro exemplo são os bairros em que a maioria dos habitantes são pretos. Muitas pessoas evitam frequentar estes bairros com receio de assaltos, violência e outro tipo de crimes. E associam estas pessoas a delinquentes, jovens em risco, gente que não faz nada na vida porque não quer, que anda no mundo da droga.

Eu própria tenho amigas que são negras, com quem me dou bem e, de uma forma geral, não tenho nada contra quaisquer outras raças, mas será que me sentiria segura num bairro destes?

E quando falamos de ex presidiários? Ou pessoas que, um dia, cometeram determinados crimes? O meu marido estava no outro dia a ver um filme em que havia dois jovens - o primeiro, rico mas cego, cujo único problema era sofrer de bullying; o segundo, pobre, já tinha efectuado alguns furtos mas estava a tentar endireitar a sua vida, e ajudava o primeiro nas suas competições. Ficaram amigos. No entanto, quando supostamente desapareceu um relógio de ouro ao primeiro, o seu pensamento foi de que poderia ter sido o seu amigo a roubar-lhe o dito relógio. É um pensamento automático, involuntário ou não, mas que chega antes que o possamos evitar. Afinal, o relógio estava apenas caído no chão. 

E o mesmo acontece a quem já esteve preso por determinado crime. Se o fez uma vez, é provável que faça uma segunda.

Mais recentemente, temos o caso dos refugiados e dos terroristas. Mesmo sabendo, até por todos os casos de que já ouvimos falar na televisão, que um terrorista pode ser um americano que pegou numa arma e se lembrou de matar não sei quantas pessoas só porque sim, um inglês que estava deprimido e resolveu andar à facada a toda a gente, ou até mesmo um português, quem sabe nosso vizinho ou conhecido, que afinal era um violador ou serial killer, ainda assim talvez nos sintamos mais seguros num ambiente onde não estejam vários muçulmanos. Porque, embora não queiramos pensar que em cada muçulmano há um terrorista com uma bomba prestes a explodir escondida, a verdade é que esse pensamento é, muitas vezes, mais forte que nós e damos por nós a querer sair dali depressa.

Ou seja, embora todo e qualquer preconceito seja uma forma de discriminação e violência, existem aqueles que são totalmente infundados e sem cabimento, outros que resultam de rótulos que foram sendo atribuídos ao longo dos anos, talvez por situações que já aconteceram com membros desses grupos sociais ou culturas, e que servem agora para julgar o todo pela parte, e aqueles que se baseiam em factos reais e concretos.

Se é possível erradicar de vez estes preconceitos? Acredito que possamos tentar ser mais tolerantes, compreensivos e evitar julgar as pessoas sem as conhecer, ou formar juízos de valor tomando o todo pela parte. Mas não me parece que seja possível eliminá-lo de vez. Porque, mesmo sem querer, há-de vir sempre aquele pensamento, aquela desconfiança, aquela insegurança que, embora nem sempre resulte em atitudes preconceituosas directamente contra as pessoas em causa, está lá, mesmo que apenas na nossa mente.