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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Devem os pais ser responsáveis pelos actos/ crimes cometidos pelos filhos?

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Até que ponto tem, a educação dada pelos pais, influência na personalidade e comportamento dos filhos?

Até que ponto estão, os pais, capacitados, e munidos de ferramentas, para lidar com as problemáticas dos filhos? E ainda que as tenham, até que ponto as saberão utilizar?

Até que ponto têm, os pais, que suportar a culpa pela sua impotência, quando o próprio sistema lhes nega qualquer apoio?

Poderiam, os pais, evitar determinados actos/ crimes cometidos pelos filhos? Ou é algo que, quer se queira, quer não, está fora do seu alcançe, e é impensável?

 

Os pais têm o seu papel e responsabilidade da vida, educação e formação dos filhos.

Mas não os podem formatar. 

Eles têm vontade própria. Ideias próprias. A sua própria personalidade. Que pode ser totalmente oposta à dos pais. 

Por experiência, e por aquilo que vamos observando, é comum ver filhos dos mesmos pais, terem comportamentos e convições diferentes, ainda que, à partida, tenham sido criados nas mesmas circunstâncias.

Portanto, não se pode, inequivocamente, afirmar que a falha é dos pais, que no que respeita à educação e transmissão de valores. 

Talvez haja uma falha conjunta, de várias partes.

Ou talvez não haja falha nenhuma.

Há coisas que, por mais que queiramos, estão fora do nosso controlo.

 

É certo que podemos, eventualmente, ver os sinais.

Podemos desconfiar.

Podemos vigiar.

Podemos conversar, averiguar.

Não significa que resulte.

Ou podemos ignorar.

Não significa que é por isso que vai acontecer.

 

Mas, se, e/ou quando acontecer, quem deve ser responsabilizado?

Os filhos, que foram os autores e, como tal, devem aprender a lição e arcar com as consequências, para que não voltem a repetir?

Ou os pais que, no fundo, são responsáveis pelos filhos e, inevitavelmente, pelos seus actos?

E se os pais passarem a responder pelos actos/ crimes dos filhos, isso não levará, estes últimos, a assimilar que podem fazer o que bem quiserem, porque a eles não acontece nada?

 

Até que ponto deverão os pais, para além da responsabilidade civil, ter também sobre si o peso da responsabilidade criminal, por aquilo que os filhos fazem?

 

 

 

 

"Criminal", a série da Netflix que não resultou da melhor forma

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Uma série, quatro países, 12 suspeitos.

A premissa é a mesma: numa sala de interrogatórios, três suspeitos, de cada um dos países - Inglaterra, Espanha, França e Alemanha - serão confrontados com provas, hipóteses, suposições, factos, num jogo psicológico entre os inspectores e os interrogados, para ver quem leva a melhor.

 

 

Os inspectores:

Os inspectores, muitas vezes em guerra entre eles, numa disputa para ver quem consegue sacar a verdade mais rapidamente ou da melhor forma, e quem é mais eficiente ou não no seu trabalho, conhecem muitas das manhas dos suspeitos que lhes aparecem pela frente, sabem quando começam a ficar nervosos, quando estão a esconder alguma coisa, quando mentem, e de que forma os pôr a falar, quando se negam a fazê-lo.

Mas também é verdade que, na ânsia de conseguir um culpado, e uma condenação, por vezes só conseguem ver o lado negativo, só conseguem ver a sua versão dos factos, que nem sempre é a verdadeira.

O que é certo é que, como em tudo na vida, há aqueles que têm jeito, um dom para utilizar o tom certo, fazer as perguntas certas, e manipular de forma a obter o que quer, sem que o suspeito se dê conta, levando-o a sentir vontade de se abrir e falar, e os que entram a matar, de forma brusca, e nada conseguem.

 

 

Os suspeitos:

Também os suspeitos têm as suas técnicas, ou instruções dos respectivos advogados, para evitarem responder às questões, ou falar aquilo que não querem.

Muitas vezes, nem se estão a defender a si próprios, mas a proteger terceiros.

Muitas vezes, é difícil tirar a máscara, despir a capa protectora, e expôr aquilo que não queriam que ninguém visse, ou soubesse.

Muitas vezes, a verdade é mais cruel do que aquilo que se supunha, e nem sempre os inspectores estão preparados para lidar com ela.

 

 

Pontos negativos:

1.º Sendo toda a série passada num único ambiente alternando, esporadicamente, a sala de interrogatórios pelos corredores do edifício, e com as mesmas pessoas de sempre, à excepção do suspeito, seria preciso criar algo que cativasse o público e o prendesse durante todo o interrogatório, sem desanimar ou ter vontade de mudar de programa. E, na maioria dos episódios, isso não foi conseguido.

 

2.º Sendo a série de cada país composta por apenas 3 episódios, acabamos por não criar uma ligação com as personagens principais. Por não conhecê-las. Por não saber o que havia antes, nem o que acontecerá depois.

É como se tivessem caído ali de paraquedas, para cumprir a sua missão e, de repente, desligassem as câmaras, e não víssemos mais nada.

 

3.º Também no que se refere ao interrogatório em si, apenas nos são mostradas imagens correspondentes a factos comprovados e possíveis provas, a par com a versão dos inspectores, e a versão dos suspeitos.

Senti falta de mostrarem, em retrospectiva, as cenas do crime em si, do que o originou, e de como tudo aconteceu.

Seria meio caminho para nos entusiamar, do lado de cá, e dar alguma vida a uma série algo parada. 

 

4.º Em todas as versões colocaram mulheres a chefiar, em detrimento dos homens, e os seus métodos a serem constantemente colocados em causa, nem sempre por motivos relacionados com o trabalho em si, mas com inveja, ressentimento, e alguma dor de cotovelo.

 

 

 

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Gostei dos dois primeiros episódios, muito mais emotivos que os do Reino Unido.

No primeiro, uma mulher é suspeita de matar ou, pelo menos, ser cúmplice de homicídio, de um homem que conheceu através da internet. Com acusações de tentativas de extorsão anteriores, ela terá que explicar o que se passou, e onde está o seu irmão, principal suspeito, se quiser reaver o passaporte e viajar. O que ela mais ama, é a sua cadela Luna. Até que ponto irão os inspectores utilizá-la para apurar a verdade?

Vista por todos como uma mulher louca mas, ao mesmo tempo, manipuladora, que supresas reservará ela no final?

 

Já no segundo episódio, uma jovem é acusada de matar a sua irmã mais nova. Ela diz que não se lembra de nada.

A determinado momento, começa a falar, mas logo desmente tudo. Até que confessa o crime. Mas, terá sido mesmo ela a cometê-lo? E, se sim, que razões teria ela para matar a irmã que amava mais que tudo na vida?

 

O terceiro aborda uma espécie de vingança pessoal e a forma como, por vezes, é difícil separar o lado pessoal, do profissional.

 

 

 

 

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Depois de um primeiro episódio enfadonho e sem graça, que quase me fez parar por ali (comecei por ver esta, a achar que era a única e só depois percebi que havia outras), e de um segundo um pouco mais eficaz, o mérito vai mesmo para o último episódio, em que estará em causa o próprio investigador, os seus vícios, as suas fraquezas, e como a descoberta e admissão dessa má conduta poderá influenciar o interrogado a se rever naquela pessoa e história, e falar aquilo que todos querem saber, mas ninguém conseguiu fazê-lo falar, sendo que o tempo está a esgotar-se para salvar ou não as vidas que, dessa confissão, dependem. 

 

 

 

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Da parte da França, começamos com uma realidade não muito longínqua: o atentado ao Bataclan, em Paris.

O interrogatório é feito a uma suposta vítima/ sobrevivente, que é acusada de ter mentido sobre a sua presença no local, com o objectivo de ganhar a indemnização dada a cada uma das vítimas.

Mas conseguirá ela fingir assim tão bem todos os sentimentos que ela demonstra?

 

Do atentado, passamos para um suposto acidente de trabalho, ou possível homicídio, tendo por base alguns conflitos entre o empregado e a patroa, que é acusada de o ter assassinado.

 

E terminamos com um ataque homofóbico, e um suspeito que pode ter muito a perder com a revelação da verdade.

 

 

 

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Um homem é suspeito de um homicídio ocorrido há cerca de 30 anos, mas esta irá verificar-se uma suspeita totalmente impossível de ser verídica, porque o homem que têm à sua frente nem é quem eles pensam ser.

 

De um episódio que só se mostra mais cativante no final, passamos para outro que aborda uma realidade ainda pouco divulgada, pela vergonha que tal situação representa. Mas, mais do que determinar inocentes e culpados, outros valores falarão mais alto, e os fins justificarão os meios, para quem está na linha de fogo. 

 

O terceiro episódio é o mais forte dos três. Uma mãe à beira da morte, tem como único desejo saber onde o assassino da filha a enterrou. A única pessoa que o pode dizer, é uma mãe a quem lhe foi tirada a filha, mal esta nasceu. E a única pessoa que talvez lhe consiga sacar a informação, é uma mulher grávida, que se está a colocar, e ao seu bebé, em risco, num interrogatório ilegal, que não deveria estar a acontecer.