À Conversa com Catarina Pinho
O seu caminho musical começou no coro da Igreja Matriz de Odivelas, aos 9 anos. Mas o canto coral em uníssono não chegava… Catarina sentia falta do soul e do swing, da força das harmonias do Gospel e do louvor fervoroso que só viria a conhecer em 2002, através do Coro Gospel – 100 Vozes.
Em 1997, com 15 anos, começou a fazer espetáculos pontuais, que com o tempo evoluíram e se transformaram na sua profissão, tendo cantado em bares, hotéis e festas particulares, auditórios e teatros municipais.
Em 2011, a coragem aliou-se à força e, juntas, fizeram nascer as primeiras notas "DA RAIZ DO CORAÇÃO", o seu primeiro álbum que lançou em 2016.
Fiquem a conhecer melhor Catarina Pinho, a convidada desta semana da rubrica "À Conversa com...", que se encontra atualmente a promover "Da Raiz do Coração", ao mesmo tempo que se prepara para novos desafios no novo ano que está a chegar!
Quem é a Catarina Pinho?
Sou cantora, compositora, letrista e professora de canto, e encontro na música de raiz (do mundo inteiro) a minha maior inspiração.
Paralelamente, e como tantas outras mulheres, também sou mãe, companheira, amiga, irmã, aprendiz...
Em que momento é que surgiu a paixão pela música?
Não tenho memória de tal momento, deduzo que no momento da concepção. Existo, desde sempre, com esta paixão dentro de mim! Paixão ou loucura, não sei bem...
A Catarina iniciou o seu percurso musical no canto coral tendo, mais tarde, participado num projeto de Gospel. Em que é que estes dois registos diferem, e que a levou a procurar no segundo, o que sentia falta no primeiro?
A música coral que acompanha as celebrações católicas é, ainda, muito condicionada pela mentalidade, mais ou menos aberta, dos párocos de cada paróquia, mas também da própria igreja.
Este registo é profundamente diferente da abordagem cristã e da música gospel. A liberdade e proximidade com que se encara a relação com Deus, na igreja evangélica, reflecte-se também na musica.
Esta foi a principal razão que me levou a procurar outras formas de cantar e de louvar.
O Gospel é musicalmente mais elaborado, mais rico, mais feliz, mais espontâneo e isso fazia-me muita falta.
Estudou técnica vocal, canto coral, canto lírico e harmonia, com alguns dos mais conceituados professores. Para si, a aposta na formação é essencial para qualquer artista?
A aposta na formação é essencial para qualquer profissão e para qualquer área. Aprender tem sempre de ser o ponto de partida.
É um bom professor, e uma boa formação, que fazem um bom artista, ou a técnica, sem o talento natural e paixão, não bastam por si só?
Não sou particularmente fã da expressão “artista”, confesso. Prefiro músico!
Assim, um bom músico é um conjunto complexo de muitas características que, não têm sempre, de ser as mesmas, de um profissional para o outro.
Acredito que o estudo é a base fundamental para qualquer pessoa se tornar um bom músico. No entanto, o talento natural é, sem dúvida, um elemento diferenciador.
Mas não é a qualidade do professor ou da escola que faz o bom músico...
Quais são as suas principais referências, a nível musical?
Tantas, que sei que não será possível enumerá-las todas, mas vou tentar.
Richard Bona, Djavan, Omara Portuondo, Dulce Pontes, Elis Regina, Zeca Afonso, Gilberto Gil, Miles Davis, Amália Rodrigues, Bob Marley, Buika, Sérgio Godinho, Cesária Évora, India Arie, Chucho Valdés, Erykah Badu, Esperanza Spalding, Caetano Veloso, Maria Bethânia, George Benson, Mariza, João Bosco, Jorge Palma, Anoushka Shankar, Michael Jackson, Diego El Cigala, Prince, Rui Veloso, Salif Keita, Sting, Martinho da Vila, Ibrahim Ferrer, Alcione, Ella Fitzgerald, Stevie Wonder, Amy Winehouse... Impossível nomear todas...
Ao longo do seu percurso musical, já partilhou o palco com vários artistas. Houve algum, em particular, que a tenha marcado?
De facto já tive o privilégio de cantar acompanhada por músicos maravilhosos, cantores e instrumentistas, e, posso dizer que os músicos que me acompanham actualmente, o núcleo duro deste projecto, são de outro mundo.
Mas tenho de destacar o Tino Dias como principal influência, professor, mentor. Com ele aprendi quase tudo o que sei, sobre música e palco e a ele devo tudo o que tenho conquistado.
"Da Raiz do Coração" é o seu primeiro álbum. Foi da "raiz do seu coração" que saiu cada uma das músicas que o compõem?
Sem dúvida, não podia ser mais pessoal e verdadeiro.
Em que é que se inspirou, para criar este primeiro trabalho?
Na minha vida, na minha família, nas minhas perdas e nas minhas vitórias.. Foi uma catarse, uma forma de lidar com as emoções.
"O Bairro do 7" foi o single de apresentação, deste álbum editado em 2016, que conta ainda com mais 9 temas. Que feedback tem recebido por parte do público relativamente a este trabalho?
Felizmente o feedback tem sido muitíssimo positivo.
As reacções têm sido, também elas, muito emotivas e quem nos aborda tem partilhado, comigo e com o Tino Dias, que é o produtor e director musical, histórias muito bonitas e inspiradoras sobre como têm ouvido o disco incessantemente, ou que a minha musica os tem ajudado a atravessar momentos difíceis, ou que deram um jantar ao som do disco e todos os amigos adoraram, enfim...
Tenho recebido, dos quatro cantos do mundo, histórias que me motivam e me asseguram que o caminho é este. E que muito frequentemente me levam às lágrimas...
Neste momento, a Catarina está focada, exclusivamente, na música, fazendo dela a sua profissão?
Quase exclusivamente, para além das aulas de canto, dos concertos e de estar a compor e escrever os temas para o próximo álbum também dou aulas de línguas.
Pegando em alguns dos temas do álbum, de que forma responderia a este desafio:
O Tempo - qual a importância dele na sua vida? Ele é a medida de todas as coisas! É o ouro que nos esquecemos de valorizar.. Neste mundo que prioriza sempre o dinheiro, o tempo vai passando despercebido, para tanta gente, sem que compreendam (ou apenas demasiado tarde) e interiorizem a sua importância e intangibilidade.
Compromisso - há sempre um compromisso implícito, entre artista e público? Sim, implícito. Mas o grande compromisso, deve ser entre o músico e a sua verdade, a sua identidade.
Caminho - que estradas gostaria ainda de percorrer na vida, com a sua música? Todas as estradas de Portugal e do Mundo. Todas as que me levem onde me queiram ouvir!
Que objetivos gostaria de ver concretizados em 2018?
Em 2018 quero lançar o segundo disco. Já estamos a trabalhar nele, já temos algum trabalho de composição e pré-produção feito, mas ainda falta muita coisa. De qualquer forma, gostaria que estivesse pronto antes de 2018 terminar.
Onde é que o público poderá ver e ouvir a Catarina, nos próximos meses?
Para celebrar a entrada em 2018, vamos apresentar o disco em Coimbra, no A Capella, sábado, dia 27 de Janeiro.
Espero que a casa esteja cheia para podermos celebrar todos juntos!
As restantes datas serão anunciadas, em breve, no facebook https://www.facebook.com/catarinapinhooficial/ e no nosso site http://www.catarinapinhomusica.wordpress.com, onde podem descobrir muitas outras coisas.
Fica o convite!
Muito obrigada!
Marta Segão
Eu é que agradeço!
Um beijinho,
Catarina Pinho
Nota: Esta conversa teve o apoio da Time Music, que estabeleceu a ponte entre a Catarina e este cantinho.