Quando, para não falhar aos outros, falhamos a nós mesmos...
Ao longo da vida, são vários aqueles com quem contamos, e que contam connosco, nas mais diversas ocasiões.
E existem situações em que essa necessidade se faz sentir mais.
Faz parte do ser humano.
Da mesma forma que gostamos que estejam lá para nós, também nos sentimos no dever de estar lá para os outros.
Por isso, para não falhar com aquele, abdicamos de algo. Para não desapontar aqueloutro, mais alguma coisa fica para trás. E porque alguém está a contar connosco, "roubamos" mais um bocadinho a nós.
O problema surge quando, para não falharmos aos outros, acabamos por falhar a nós mesmos.
Quando queremos tanto não defraudar ninguém, que acabamos por dispender todo o nosso tempo, e toda a nossa energia, com os outros, não sobrando nada a que nos agarrarmos quando, finalmente, pensamos em nós.
Se não o fizermos, ficamos a remoer e a sentir alguma culpa porque, afinal, ainda que não nos tenham pedido nada, sabemos que podemos fazer a diferença.
Se o fizermos, ficamos frustrados porque, em prol dos outros, nos esquecemos de nós.
Esquecemo-nos de que também temos que olhar para, e por, nós.
Que, por muito que não queiramos ser egoístas, também não nos devemos colocar em último plano.
Como se não tivessemos qualquer importância. Temos!
Como se tudo aquilo que sentimos, e precisamos, fosse insignificante. Não é!
E, por vezes, temos que nos convencer de que não temos superpoderes.
Que não conseguimos chegar a todos, o tempo todo.
Que, se calhar, naquele dia, a pessoa que mais precisa, somos mesmo nós...