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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Um mundo à nossa medida

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Chego à conclusão que vivemos num mundo à nossa medida:

Um mundo desumano, para os (des)humanos que nele habitam.

 

É o mundo que merecemos.

 

Um mundo que nos olha com a mesma indiferença (e descaso), com que olhamos para ele, e para quem dele faz parte.

Um mundo que nos trata com a mesma crueldade, com que o tratamos, e aos seres que nele habitam.

Um mundo que nos paga na mesma moeda, com que lhe pagamos.

Um mundo egoísta, na mesma medida em que os humanos o são.

Um mundo ingrato, perverso, injusto, tal como o são os humanos.

 

Este não é um mundo para seres vulneráveis, e desamparados, para quem se olha de lado, para quem se vira a cara, e as costas, sem nos preocuparmos com o seu sofrimento.

Este não é um mundo para seres puros, bondosos, que nenhum mal fazem, mas a quem os humanos insistem em fazer mal, por pura maldade.

 

Este é o mundo em que os humanos o tornaram.

Um reflexo de si próprios.

Um mundo que, à semelhança de um boomerang, lhes devolve tudo o que lhe atiraram.

Um mundo que, à medida que o vão destruindo, destrói igualmente, e ainda com maior facilidade.

 

É, no fundo, o mundo perfeito.

E, para aqueles a quem se torna difícil viver neste mundo cruel, com o qual não se identificam, e no qual não se reveem, resta esperar que, um dia, um outro mundo, melhor, lhes esteja destinado.

 

 

 

 

 

 

A solidão na velhice

Quando falamos em solidão, temos que ter em conta que ela não escolhe sexo, classe social, e nem mesmo idade.

Cada vez mais, a solidão deixa de ser algo que afecta exclusivamente os idosos, para se instalar também nas camadas mais jovens.

No entanto, no seguimento das tristes notícias que nos têm chegado, sobre idosos que faleceram sozinhos em casa, é sobre esse tema que me quero debruçar hoje.

De facto, são muitas as pessoas que, ao chegarem à velhice, acabam por se sentir isoladas, desamparadas ou negligenciadas.

Algumas, porque simplesmente não têm família, amigos ou alguém que possa olhar por eles vendo-se, assim, abandonados à sua sorte.

Outras, mesmo tendo familiares ou conhecidos que os poderiam ajudar, rejeitam essa possibilidade, porque consideram que são ainda capazes de se valer a si próprios.

Há ainda aquelas que, ao longo de toda a sua vida, foram afastando quem lhes queria bem, com atitudes, gestos e palavras, acabando entregues à solidão.

Nesses casos, quem fica responsável por essas pessoas? Quando as relações com a família estão cortadas, deverão ser os vizinhos a ter essa preocupação, por uma questão de solidariedade? Existem associações ou entidades que possam prestar assistência a estas pessoas, sem fins meramente lucrativos?   

Por outro lado, nem todas as famílias têm disponibilidade para acompanhar o envelhecimento dos seus familiares.

E é aqui que se levantam outras questões: devem estes idosos ser colocados em instituições onde, à partida, terão um melhor acompanhamento a todos os níveis, ou será uma egoísta transferência de deveres da família para uma instituição? O que leva a família a optar por esta solução privando, muitas vezes, o idoso do relacionamento familiar? Será, na verdade, uma solução válida, ou puro abandono de responsabilidades? E até que ponto estarão essas instituições preparadas para fazer face às necessidades dos idosos?

Como em todas as decisões, também nesta deveria imperar o bom senso, e as reais necessidades dos nossos idosos.

Optar por colocar um idoso num lar apenas porque nos dá trabalho e não temos paciência para o aturar, não deixa de ser um acto de egoísmo. Mas se não tivermos realmente disponibilidade para o acompanhar a tempo inteiro, e pudermos deixá-los com que possa fazê-lo, para benefício do próprio, será uma atitude racional. Nem sempre as soluções que podemos escolher serão as melhores, mas são as possíveis.

Penso que, sempre que possível, devem ser os próprios idosos a tomar essa decisão voluntariamente, quando o possam fazer. Há instituições muito boas e onde eles se podem sentir mais acompanhados do que em casa, fazer amizades, participar em diversas actividades e sentir-se em família.

Mas convém não esquecer que existem outras, em que os idosos não passam de um número, de uma mensalidade a mais a receber, em que apenas lhes é proporcionada uma cama, alimentação e pouco mais. E não são raros os casos de maus tratos e falta de condições.

Eu, pessoalmente, vejo a instituição como uma hipótese a considerar só mesmo em último caso, mas espero nunca ter que recorrer a ela porque, enquanto puder, quero os meus pais ao pé de mim.

De qualquer forma, quem optar por essa solução, deve acompanhar, sempre que possível, os seus familiares, manter-se informado sobre a forma como são tratados, e constatar que realmente se sentem bem.

Acima de tudo, é uma questão de amor – de cuidar e zelar pelo bem-estar e qualidade de vida daqueles que, um dia, já o fizeram por nós!