A pandemia entorpeceu as pessoas
Dizem que a pandemia veio alertar as pessoas para terem mais calma.
Para desacelerarem. Para moderarem o ritmo.
Mas isso não deveria ser levado tão à letra.
Sinto, de uma forma geral, que a pandemia entorpeceu as pessoas.
Que lhes limitou as suas capacidades.
Que lhes roubou energia e vivacidade.
Que as "drogou" com inércia e apatia.
Que lhes prendeu os movimentos.
Que lhes toldou o cérebro, os pensamentos e as acções.
Que as tornou mais desligadas, desconectadas.
Ou, então, serviu de desculpa para fazer o mínimo, sem ser penalizado por isso.
Para pôr em prática medidas que lhes facilitam a vida, mas complicam a de todos os outros.
Se é verdade que há serviços que se tornaram mais rápidos, eficazes e descomplicados, com outros, aconteceu o oposto.
Em muitos deles, o facto de não terem o espaço interior ocupado pelos clientes, que esperam na rua, foi suficiente para lhes aliviar a "pressão", e fazer o atendimento de cada um, com mais tempo, sem pressas, e com direito a pausas entre o cliente que sai, e o outro que está à espera para entrar.
E como lá fora não se ouve e, muitas vezes, não se vê que número está a ser chamado, pode ser que muitos percam a vez, e desistam de estar na fila.
Noutros, a pressão foi diminuída através dos atendimentos por marcação. Agora, atendem quem querem, quando querem (claro que não é bem assim mas...), sem terem junto a si as várias pessoas em espera que costumavam ocupar a sala.
E depois, há serviços onde as limitações impostas ao atendimento presencial, que nem colmatado pelas máquinas pode ser, porque também as retiraram, levam a um acumular de pessoas à espera, e tempo perdido, em coisas que, por norma, seriam tão simples.
Estranhos tempos estes que, num mesmo contexto, levam a formas tão distintas de agir, e de estar na vida...