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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Obras e encomendas a receber

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Na zona onde vivo estão a decorrer as chamadas "obras de santa engrácia", que muito nos tem dificultado a vida, não só para quem anda a pé, como para quem tem carro.

Temos três estradas principais, e todas estão impedidas, pelo que é preciso dar uma volta maior, recorrer a atalhos, curvas e voltinhas, para ir para casa, ou para sair de casa e ir a qualquer lado.

 

Na altura em que fiz algumas encomendas, havia uma rua transitável mas, sinceramente, nem me ocorreu essa questão. Quando recebi notificação dos CTT Expresso, de que as encomendas estavam em distribuição, já a dita rua estava cortada mas, lá está, há alternativas.  Mais complicadas, sobretudo para quem não conhece ou não é dali. Mas existem.

 

No entanto, só tive noção quando chegou a mensagem de entrega não conseguida por morada inacessível.

Aí, vi a minha vida andar para trás.

Porque estas, por acaso, vinham pelos CTT Expresso e, em último caso, poderia ir levantar aos correios, na semana seguinte.

Mas esperava outras, da Paack, que não faço ideia se têm algum ponto de recolha ou se, simplesmente, falhada a entrega, devolviam as encomendas.

 

No sábado, tive esperança que os CTT Expresso me ligassem. Tive sorte. Ligaram. Eu estava em casa do meu pai e, para evitar complicações, fui ter com o estafeta onde ele estava parado (uns 7 minutos a pé).

Hoje, estava previsto vir duas encomendas, da Paack. O coração nas mãos. Telemóvel com som. A minha filha a jeito, caso fosse preciso, porque o meu pai não estava em casa, e vai tudo para a morada dele.

Estava eu a almoçar, recebo as notificações de entrega.

Vou ao meu pai, só para ter a certeza, e lá estavam elas.

 

Moral da história: esta transportadora é muito mais desenrascada e expedita que os CTT Expresso, porque chegou lá à rua, e fez as entregas, sem sequer ligar ou queixar-se. O que quer dizer que os CTT Expresso também conseguiam, mas nem se quiseram dar a esse trabalho.

Para algumas pessoas, só somos bons quando estamos lá para elas!

Marlice Bernardo: Bom ou mau?

 

Isto acontece na vida pessoal mas, também, muitas vezes, na vida profissional.

Enquanto os funcionários se mostram disponíveis,

Enquanto desenrascam, sempre que pedem,

Enquanto dizem que sim a tudo,

Enquanto falam bem da entidade patronal,

São os maiores!

Bons funcionários, exemplares, "membros" da família.

 

Mas, quando os funcionários têm o "descaramento" de querer algo diferente,

Quando se atrevem a dizer alguns "nãos",

Quando já não se pode contar com eles como antigamente,

Aí, então, já são uns ingratos, maus exemplos, ovelhas desgarradas do rebanho.

 

Para algumas empresas, os funcionários parecem ser "obrigados" a trabalhar lá eternamente, e em exclusividade, e vêm com maus olhos o desejo destes, de mudança, de melhoria, de melhores condições.

Para algumas empresas, só conta a sua vontade, e a de mais ninguém. O seu lucro. O seu prestígio. Muitas vezes, à custa do mal estar físico e psicológico dos funcionários.

 

Algumas empresas acham que podem tratar os funcionários como meros números, como descartáveis quando não mostram a utilidade de outrora.

E ainda há as que, para manter a fama, arranjam forma de obter elogios para alguns funcionários, para depois fazer propaganda nas redes sociais!

 

O grande problema do (des)emprego em Portugal?

 

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Haver sempre quem precise de umas horas extras, quem desenrasque, quem esteja disponível, ou disposto a abdicar das férias, quem acumule turnos, quem não tenha grandes hipóteses de recusar, sob pena de ser acusado de projudicar os colegas, de entrar para a lista negra e, em último caso, ser despedido.

 

A maioria das empresas/ entidades patronais tem falta de trabalhadores.

O passo mais lógico seria contratar mais funcionários, para assegurar o trabalho, e um número aceitável de horas de trabalho para os que já lá trabalham, através de novos reforços.

E há muitos candidatos para essas empresas/ entidades, à espera de ser chamados. Mas passam-se semanas, que se transformam em meses, sem que isso aconteça.

 

Porquê?

Porque sabem que podem continuar a fazer o mesmo trabalho, com os funcionários que têm, nem que para isso tenham que ser sacrificados.

 

 

É o comodismo a falar mais alto. Para quê contratar mais duas ou três pessoas para fazer aquilo que um ou dois funcionários conseguem fazer?

 

Para quê empregar mais alguém, se fulano consegue fazer malabarismos para assegurar num dia, e outro consegue fazer mais umas horas para desenrascar naquela semana, e aquele outro não tem outro remédio senão ir, porque já não está nas boas graças dos patrões e, se não fizer, ainda piora a sua situação?

Empregar mais alguém implica gastos. Dinheiro que, assim, evitam gastar.

 

 

Há falta de seguranças? Há!

Há falta de médicos e enfermeiros? Há!

Há falta de professores? Há!

Há falta de funcionários públicos? Sim!

Faltam muitos trabalhadores, para muitos cargos diferentes, no nosso país.

 

Mas ninguém será contratado, porque não há verbas, nem vontade de contratar a longo prazo mas, sobretudo, porque as empresas estão habituadas a não ter que se preocupar com essas questões, por haver sempre quem lhes facilite e alimente esse comodismo.

Quando miúdos pequenos têm que se desenrascar sozinhos

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Antigamente, era habitual irmos para a escola sozinhos, muitas vezes a pé, fizesse chuva ou sol. Não havia pai nem mãe para nos levar ou buscar.

Se recuarmos ainda mais, ao tempo dos nossos pais, era normal ainda antes de irem para a escola, fazer algum recado, ir buscar o leite ou o pão, ou algo do género.

 

Actualmente, e eu sou um bom exemplo disso, desde que a minha filha entrou para o Jardim de Infância que, sempre que posso, vou levá-la e buscá-la, seja a pé ou de carro. E, quando nem eu nem o meu marido podíamos, ia o avô.

Quando ela foi para o ciclo, teve mais liberdade, mas continuo a fazê-lo, se os horários derem para isso.

A primeira vez que quis ir visitar a antiga professora à escola primária, deixei, mas com indicações para ter muito cuidado com as passadeiras, os carros, e para ligar à saída e à chegada.

Ainda hoje, não deixo a minha filha andar muito na rua sozinha.

 

E é por isso que olho para alguns miúdos pequenos, muito mais novos que a minha filha, a irem sozinhos para a escola, com uma mistura de admiração mas, ao mesmo tempo, receio pelo que lhes possa acontecer, e alguma pena, por não terem ninguém que os acompanhe.

Há uns tempos, quando ia com a minha filha, precisamente para deixá-la na escola e seguir para o trabalho, vi um rapaz pequenino, com uma mochila que tinha quase o mesmo tamanho que ele às costas. Ia sozinho. Mal conseguia andar. Achei graça ao miúdo. Ele, propositadamente ou não, acabou por ir ao nosso lado, e estive quase para lhe perguntar se queria ajuda, se queria que lhe levasse a mochila. Mas depois, achei melhor estar quieta, não fosse o miúdo assustar-se, afinal, eu era uma estranha.

 

Hoje, estava a ir para o trabalho, e o miúdo ia à minha frente. O meu pai também ia mais à frente, e o miúdo perguntou-lhe se vinha algum carro, para poder passar. Depois, agradeceu. Não é para todos. A maior parte, até mais velhos, não diria nada.

De repente, o miúdo vira-se para trás e vê-me. Faz uma festa, a rir e a dizer olá, como se já nos conhecessemos há muito tempo e eu fiquei naquela "é comigo?!".

Disse-lhe olá, e ele esperou por mim, para ir para cima comigo. Anda na primária, no 2º ano. Diz que está habituado a ir sozinho, e que a mãe não pode, porque está a tomar conta da irmã mais nova. Conversámos um bocadinho, enquanto caminhávamos.

Quando páro para colocar comida aos gatos, ele fica ali comigo mas depois, preocupado,pergunta-me as horas e diz que tem que ir andando, para não chegar atrasado. E lá foi ele, a correr, porque o caminho até à escola ainda é longo. Se tivesse mais tempo, tinha ido com ele até meio do caminho.

 

Sim, o miúdo é pequeno, mas teve que aprender a desenrascar-se sozinho. Estará mais preparado que muitos mais velhos. Mas, ainda assim, sinto que ele não se importava de ter companhia, e que se sentiria mais seguro se alguém estivesse com ele.

Simpatizei mesmo com o miúdo, apesar de não ter jeitinho nenhum com crianças. Espero reencontrá-lo um dia destes novamente.

Quando estamos a contar com o ovo no "cu" da galinha...

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... e ela não os põe!

 

Foi assim no outro dia em que, como habitualmente, fui ao restaurante habitual comprar a minha sopa e o arroz para a minha filha, e deparei-me com ele fechado, com indicação de que iria abrir em breve, com nova gerência!

Não fosse o facto de ter outra coisa em casa para mim, e a minha filha se ter desenrascado com batatas fritas de pacote, tínhamos ficado sem almoço!