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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

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Otite: esta velha conhecida fez-nos uma visita

Vector Illustration Of A Cute Girl Holding Her Ear - Arte vetorial de stock  e mais imagens de Dor de ouvido - iStock 

 

Há já muito tempo que a minha filha não tinha uma otite.

Nem falta fazia.

Ainda assim, agora que as coisas acalmaram relativamente à pandemia, ela decidiu que estava na hora de lhe fazer uma visita, em nome dos velhos tempos.

 

Veio de mansinho, no domingo à tarde, como uma dor de ouvido ligeira.

À noite, mal conseguia comer, com dores.

Fomos imediatamente à urgência.

Otite nos dois ouvidos (que um só era pouco após anos de ausência).

 

Após dois dias, as dores não dão sinais de melhorar.

Nem com paracetamol, nem com ibuprofeno.

Há dores e dores. Nenhuma é boa. Nem vale a pena comparar porque só quem as tem é que sabe o que custa.

Mas ela nunca esteve assim.

 

A febre vai e volta.

Já a surdez, é constante.

Ou berramos, para ela ouvir, ou comunicamos por mensagem escrita.

 

Hoje é o terceiro dia.

Já lá vão 5 comprimidos de antibiótico.

Tem aplicado compressas quentes, para ver se alivia.

E até Trifene tomou, em desespero.

Vamos ver se a dona otite começa a dar algumas tréguas à miúda.

Quando não há nada a perder, nada há a temer

vida_apos_a_morte_portao_brilhante.jpg

 

Por vezes, é bom. Outras, nem tanto.

Por vezes, é coragem. Outras, loucura.

Por vezes, é luta. Outras, resignação.

Por vezes, é desafio. Outras, desespero.

Por vezes, é vitória. Outras, derrota.

Por vezes, é ilusão. Outras, a verdade nua e crua.

Por vezes, é o início. Outras, o fim da linha.

Como é que uma mãe se prepara...

Imagem relacionada

 

...para uma possível retenção escolar de um filho?

 

Quando os nossos filhos vão para a escola, e começam a tirar boas notas, ficamos felizes da vida, achando que está tudo encaminhado, e vai sempre correr tudo bem.

Nessa altura, só nos preocupa o facto de uma ou outra nota baixar um pouco em relação ao habitual, mas temos esperança que tenha sido uma vez sem exemplo.

 

Quando a responsabilidade começa a ser maior, e o número de disciplinas também, aumenta o receio de que as coisas possam mudar. Mas, quando chega o primeiro teste com nota negativa, é sempre um choque! Porque não estamos habituadas a isso, estamos acostumadas às boas notas, e apanha-nos totalmente desprevenidas.

 

Passado o choque inicial, o impacto provocado pelos próximos testes negativos causa menos estragos. Até porque vão alternando com positivas, e os professores são generosos e até dão boas notas no final.

 

Entrei neste ano lectivo da minha filha, com a noção de que seria um ano difícil, e que ela poderia não estar preparada para algumas disciplinas, nomeadamente, História. Iniciámos, cientes de que a possibilidade de vir a ter negativa a esta disciplina poderia ser real. 

A verdade, por muito que nos custe, e apesar de ser este o "trabalho" deles, é que as crianças não têm obrigação de ser boas a tudo. Há disciplinas para as quais terão mais aptidão que outras, e isso não é caso para desespero. E uma negativa não impede a passagem de ano.

Claro que também entrámos com o espírito - vamos lá dar tudo o que temos, e conseguir o melhor possível. Assim, depois de umas notas bem melhores que no ano anterior, nos primeiros testes, surge a primeira negativa - a História, como já esperávamos. Não custou tanto, porque já era algo para o qual estava preparada.

E, aí, surge a segunda negativa, a Físico-Química. Mais uma bofetada, mas vamos lá encher-mo-nos de positivismo, para contrariar e dar a volta a estes resultados.

 

Até que chega a avaliação intercalar e...três negativas - aquela a que ela tem-se safado sempre, e que eu não condeno, porque também para mim era sempre o meu calcanhar de Aquiles - Educação Física.

De um momento para o outro, percebemos que um filho está em risco de retenção. Claro que ainda estamos no primeiro período, que ainda foram só os primeiros testes e tudo pode mudar, e que os professores não iriam, provavelmente, reter um aluno assim, sem ponderar onde poderiam puxar uns cordelinhos.

Mas eu não gosto do incerto.

 

Tentámos perceber em qual destas disciplinas haveria mais hipóteses de recuperar. A História, dificilmente. Educação Física, tendo em conta o professor deste ano, idem. Se até aos rapazes que sempre tiveram boas notas, foi parco na avaliação. Resta-nos a Físico-Química. E tentar não baixar nas restantes, o que também já começa a ser complicado de gerir.

Os próprios professores já avisaram que eles podem contar com cada vez mais dificuldades, e que os testes não serão mais fáceis, pelo contrário. 

 

Os segundos testes já estão aí, e já houve baixas, embora dentro da positiva, que me deixaram em alerta máximo.

É estranho, porque a minha filha não é daquelas crianças que segue o modelo da estabilidade, dentro do que é pedido. Ora tira grandes notas, ora tira notas fraquíssimas. É capaz de tirar 80/90 a determinadas disciplinas, e 20/30 a outras! Anda sempre em picos, em altos e baixos, o que só prova, mais uma vez, que não é uma questão de dificuldade geral, é falta de aptidão, motivação ou interesse, por algumas das disciplinas que lhe são impostas.

 

Sim, é só o primeiro período. Mas dou por mim, consciente ou inconscientemente, a preparar-me para uma possível retenção escolar. E de que forma é que isso me afecta? De que forma é que encaro essa possibilidade?

E, mais importante, em que é que isso a afectará?

 

Vai perder os colegas que seguirem em frente, e começar de novo no que respeita a integração numa nova turma.

Vai perder um ano de estudos, mas há tanta gente que os perde em determinadas fases da vida - seja em anos sabáticos, a fazer disciplinas que ficaram para trás, à procura de emprego. 

Vai ouvir tudo de novo, e talvez consiga perceber melhor e adquirir os conhecimentos que faltaram no ano anterior. É para isso que serve, afinal, a retenção, e não para andar lá mais um ano a passear, como muitos fazem.

 

Se isto significa que estou resignada? Nem por isso. Nem quero, porque senão daqui a pouco dou por mim a achar normal duas ou três retenções!

Continuo a insistir com ela para que dê o máximo que consiga, para que safar-se, nem que seja com duas negativas mas, de preferência, sem elas.

Mas que já vi essa hipótese mais remota, não posso negar...

 

A Luz Entre Oceanos

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Tinha a ideia de já ter visto o trailer deste filme há uns meses atrás e, quando soube que ia dar da televisão, pedi ao meu marido para gravar.

No sábado começámos a ver. O meu marido achou o início muito aborrecido, e queria escolher outro. Eu insisti que era o tal que já queríamos ver, embora no começo não conseguisse perceber a ligação.

Durante todo o filme, ele foi ficando mais entusiasmado e, à medida que a história se desenrolava, ia vivendo emoções diferentes.

Por norma, quando são temas fortes, que dão uma boa discussão, eu costumo sempre comentar e dar a minha opinião. Por isso, volta e meia o meu marido perguntava-me "achas bem?", ou "o que é que tens a comentar sobre isto?", ao que eu lhe respondia que, no final, falaria sobre o assunto.

 

Por vezes, é difícil emitir uma opinião, quando compreendemos perfeitamente os lados opostos da questão, e não nos cabe a nós fazer julgamentos, sobre o que foi certo ou errado.

"A Luz Entre Oceanos", ao contrário de outros filmes ou séries, não me levou a falar o que quer que fosse no momento.

 

Porque é tão fácil compreender o desespero a que uma mulher pode chegar, quando vê morrer filho atrás de filho, sem conseguir realizar o seu sonho de ser mãe e, de repente, como uma dádiva, um bebé surge naquela ilha isolada, como se estivesse destinada a ser criada por ela. Como se fosse uma compensação, por todo o sofrimento.

Se é errado? Sim, é. O mais correcto era comunicar a morte do pai do bebé, e informar que tinha sido encontrada com ele uma bebé que estava bem. Até porque poderia haver uma mãe, algures, desesperada, à procura da sua filha, sem saber se ela estava viva ou morta.

Mas, e se não houvesse outra mãe? E se colocassem a bebé num orfanato? Não estaria ela melhor ali com Isabel?

 

Teria sido uma boa decisão, e tudo correria bem, não fosse o facto de Tom, marido de Isabel, ter descoberto a mãe de Lucy, nome que colocaram à bebé, saber que a mesma a julgava morta, tal como ao seu marido, e ver o sofrimento que isso lhe estava a causar.

Tom sempre foi contra a ideia de ficarem com a bebé. Só o fez pelo amor a Isabel. Agora, o peso volta a atacar-lhe a consciência, e ele vai deixar pistas que levam à descoberta da verdade.

 

Se ele fez o mais correcto, embora um pouco tarde? Sim.

Coloco-me no lugar da mãe que perdeu a filha, sem saber que até já esteve frente a frente com ela, que já falou com ela, e que ela é, na prática, filha de outra pessoa.

Eu gostaria de saber a verdade, sim.

 

Mas, no lugar da Isabel, perdoaria o meu marido por me tirar a "filha" que eu criei durante 5 anos? Por me tirar aquilo que eu mais queria, e não podia ter?

Seria capaz de pôr tudo isso de parte, e assumir a minha responsabilidade, não deixando que ele pagasse por um crime que eu própria o tinha levado a cometer, e que ele fazia questão de assumir sozinho?

 

Voltando ao lugar de Hanna, mãe verdadeira de Lucy, a mesma, por intermédio das autoridades, que retiraram a menina dos braços da mãe de criação, tentou recuperar o tempo perdido, impedindo-a de estar ou sequer ver a mãe que ela reconhecia como tal. 

Como se recupera o amor de uma filha, de alguém que não nos reconhece, de alguém que só sabe que foi criada por uma mulher que ela vê como sua mãe, e que dela foi arrancada sem dó nem piedade?

Talvez a Hanna devesse ter ido com mais calma, e feito essa aproximação aos poucos. Mas é legítimo criticá-la? É legítimo condená-la por não querer que a mulher, que a impediu de estar com a filha durante anos, agora a veja sequer?

 

No meio de tudo isto, quem mais sofre, como sempre, são as crianças. Neste caso, foi a Lucy. Lucy Grace. Por conta da separação, quase perdeu a vida. Mais tarde, acabou por aceitar a sua família verdadeira, ficando anos e anos sem ver os "pais" que a criaram, que foram obrigados a cortar qualquer laço com ela.

 

Depois de pagarem pelos seus crimes, Isabel e Tom, continuaram juntos. Mas Isabel acabou por morrer. E Tom, voltou a ser o homem solitário que conhecemos no início.

No entanto, os laços não se quebram irremediavelmente, como algumas pessoas gostariam. E, no final, Lucy Grace vai visitar os pais que cuidaram dela nos primeiros anos de vida, agradecendo-lhes por tudo o que fizeram por ela e lhe ensinaram, sem ressentimentos, sem mágoas, sem culpas.

 

Porque perdoar é tão mais fácil do que viver uma vida a guardar rancor...

 

 

 

 

 

O desespero leva sempre a más decisões?

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Será que uma decisão tomada num momento de saturação, cansaço ou até desespero, é uma decisão tomada de forma totalmente consciente?

Será uma decisão bem ponderada, depois de analisados, friamente, os prós e os contras? 

Será uma decisão acertada e certeira?

Ou estaremos a tomar uma decisão com a visão turvada pelo calor do momento, quando estamos de cabeça quente e nem conseguimos raciocinar?

Será que o desespero leva sempre a más decisões, e más escolhas, das quais mais tarde nos iremos arrepender, por terem sido tomadas de forma precipitada?

Ou será possível, mesmo no meio do desespero, termos o discernimento de tomar uma decisão que se revelará positiva?

E, afinal, quantas decisões não são tomadas depois de muito debatidas, e se revelam as piores que poderíamos ter tomado?...