Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada...
Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!
Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada...
Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!
Já tinha começado a ler um livro desta autora, e deixei-o a meio, porque não me cativou minimamente.
Por isso, foi com alguma hesitação que decidi tentar novamente, com outra obra.
Gostei mais deste livro.
Três mulheres - Ana, Isabel e Marta - com três histórias de vida, cada uma com o seu drama pessoal, com os seus problemas, com a sua forma de lidar com a dor.
Três estranhas que circunstâncias da vida ou, dirão os mais crédulos, o destino quis juntar para que, unidas, fosse mais fácil refazerem as suas vidas.
Ana perdeu o namorado, devido a uma doença.
Isabel chora a morte de um filho.
E Marta, aquela que está sempre lá para dar uma palavra de conforto aos outros, vê-se ela própria num pesadelo do qual não quer, ou não tem coragem, para fugir - um namorado violento e controlador.
São histórias do dia-a-dia, comuns a tantas mulheres (e homens).
Histórias que não se contam, mas que cada um vive à sua maneira, muitas vezes de forma solitária, sem pedir ajuda a ninguém.
E seria tão menos difícil, se fossem partilhadas com as pessoas certas.
Sinopse:
"Ana pergunta-se como seria hoje o seu dia-a-dia se tivesse sabido detetar no namorado os indícios da doença que o levou inesperadamente. Isabel, seis meses depois da tragédia que lhe virou a vida do avesso, ainda se sente culpada por não ter chegado a horas ao infantário naquela tarde de chuva. Marta, que ousou abandonar, ainda adolescente, uma casa onde era maltratada, não tem agora a coragem de confessar que o amor em que apostou tudo está longe de ser um mar de rosas. São três mulheres jovens, com a vida inteira pela frente, mas para quem o presente se tornou um fardo difícil de carregar e o futuro um tempo sem qualquer esperança. Quem poderia entender a sua dor incomparável? Para quê, então, contarem as suas histórias?
Um acidente acabará por cruzar estas três desconhecidas num lugar onde muitas vidas se perdem, mas que para elas representará sobretudo o nascimento de uma amizade que lhes vai permitir lutarem contra o sofrimento e recuperarem aos poucos o ânimo e a vontade de viver. Porque quanto maior é o drama, maior tem de ser a partilha. Com uma linguagem cuidada e uma estrutura francamente original, este belíssimo romance de estreia, finalista do Prémio LeYa em 2015, traz para a cena questões de grande atualidade que afetam muitas mulheres e não devem ser silenciadas, e lê-se de um fôlego, mantendo o suspense até à última página."
Não sabia bem se era uma pessoa, naturalmente, complicada, ou se alguém que complicava as coisas sem necessidade.
Sabia que não gostava do incerto, de não saber com o que contar.
Não acreditava no destino e, talvez por isso, lhe custasse ainda mais acreditar que, algures no tempo, sem que estivesse à espera, coisas boas viessem a acontecer.
Era uma pessoa que gostava de tudo planeado, de saber tudo com antecipação.
Não era propriamente simpatizante de surpresas.
Por isso, aquele compasso de espera, sem saber bem o que esperar, era inquietante.
Sentia uma certa ansiedade.
Uma necessidade de antever o futuro.
A urgência de que tudo acontecesse rapidamente quando, o que mais precisava, sem o saber, era daquele tempo que, agora, lhe tinha sido dado.
Ou até sabia.
Sabia que tinha de passar por isso.
Que se tornaria uma outra pessoa.
Que aprenderia com esta nova experiência.
Mas queria fazê-lo sabendo que, lá à frente, haveria algo guardado para si.
Como se a vida desse garantias de alguma coisa a alguém.
Que atrevimento esperar que, consigo, fosse diferente!
Quanta petulância, achar que era uma peça diferente das outras, naquele jogo.
Enquanto isso, ia levando dia após dia, alimentando-se de histórias fictícias que, ainda que nunca permitissem saborear, deixavam o odor no ar, apaziguando o desejo de, também um dia, voltar a provar.
Mas, para quê?
Se sabia perfeitamente que, mais cedo ou mais tarde, as coisas voltariam a deixar de ter o mesmo sabor da primeira vez?
Para quê querer viver, novamente, algo que sabe que não é para si?
Para quê cair, novamente, no mesmo erro? E arrastar alguém para esses mesmos erros?
E, no entanto, continuava a querer!
Enquanto uma voz lhe dizia que não se metesse nisso, uma outra implorava para que ignorasse a primeira.
Até quando viveria nesta dualidade?
Porque é que, para algumas pessoas, parece ser tão fácil? Tão básico? Tão certo?
Mas não, totalmente, para si?
Porque é que, tantas vezes, era uma pessoa que sentia vontade de se enrolar sobre si própria, e assim ficar, como um animal que hiberna, para se poupar, conservando e armazenando energia no inverno, para depois sair da toca na primavera e, outras tantas, parecia não querer nada disso?
Ainda assim, sentia-se uma pessoa grata.
Grata por lhe ser permitido viver, quando via tanta gente, à sua volta, perder essa luta, das mais variadas formas.
Grata por ainda poder experienciar essa confusão de sentimentos, tão típica do ser humano quando, a tantas outras pessoas, lhes foi vetada.
Grata por poder ter uma palavra a dizer, no rumo da sua vida, ainda que não faça a mínima ideia de para onde se dirigir.
Porque, apesar da incerteza, havia uma certeza que ninguém lhe poderia tirar: ainda tinha uma vida a ser vivida!
Apesar de não gostar tanto delas, como há uns anos, a verdade é que é o que mais tenho visto por aqui, nos últimos tempos.
Há quem se "vingue" com um balde de gelado.
Ou quem se empanturre em chocolate.
Aqui, está oficialmente aberta a época das comédias românticas!
E com um toque de magia natalícia à mistura.
O primeiro filme foi "Próximo Natal, À Mesma Hora?".
É uma comédia fraquinha, mais do mesmo, a velha receita já usada tantas vezes.
Tendo como mote o papel do "destino" nos relacionamentos amorosos, este filme deixa-nos como reflexão que, tantas vezes, procuramos o amor no lugar, e na pessoa errada. Que nem sempre aquilo que acreditamos que nos está destinado, é o que o destino tem reservado para nós, mas apenas um meio, para lá chegar. O motor, que nos faz percorrer o caminho necessário, para chegar à meta.
O segundo filme foi "Derreter de Amor".
Este, com muito mais fantasia, ou magia, como lhe queiram chamar!
É uma comédia que aborda as segundas oportunidades no amor.
E como ele chega, mesmo quando não estamos para aí virados.
No entanto, a lição que retiro daqui nada tem a ver com romance, mas com as relações entre as várias pessoas de uma comunidade, e faz jus ao meu lema "menos conversa, e mais acção".
Enquanto um xerife que promete muito, mas pouco faz, e com muito mau feitio, tenta ganhar o respeito dos habitantes locais, sem sucesso, um recém chegado, prestável, simpático e que tudo faz para melhorar as coisas para as pessoas à sua volta ganha, em pouco tempo, o carinho de todos, a ponto de se unirem para o salvar das garras do dito xerife. Até o próprio filho dá uma lição de empatia e justiça ao pai.
Suspeito que, até ao final do ano, me vou servir de várias doses destas comédias românticas.
Embora o título o possa sugerir, este não é um filme sobre matemática aplicada ao amor.
Na verdade, é mais sobre como, por mais cálculos que se façam, por mais que se tente converter ou reduzir tudo em meros números, percentagens e estatísticas, no que respeita a sentimentos e emoções, esse método, simplesmente, não funciona.
De qualquer forma, o romance entre os protagonistas não é o foco principal do filme, até porque pareceu tudo demasiado fácil, e conveniente, sendo que as poucas dificuldades, com que se depararam, quase não interferem na história.
Hadley e Oliver apanham o mesmo voo para Londres.
Por "obra do destino", conhecem-se e apaixonam-se.
No entanto, à chegada, separam-se. Cada um tem os seus compromissos e, apesar de não deixarem de pensar um no outro, não têm forma de saber onde estão, nem de se contacterem.
Hadley irá ao casamento do seu pai, com uma mulher que não conhece.
Desde o divórcio que pouco fala com o pai, com quem tinha uma óptima relação, e sente que ele não lutou por ela, pela mãe e pela família.
Aliás, Hadley não percebe porque é que as pessoas se casam uma segunda vez, prometendo as mesmas coisas que da primeira, se não pretendem cumprir nada daquilo, quebrando-as constantemente. Tão pouco percebe porque tem, o amor, que ser ostentado e exibido para toda a gente, com uma grande festa, uma grande cerimónia, quando o verdadeiro amor, na sua opinião, é tão mais simples.
Mas, talvez, esta seja a oportunidade para Hadley ver as coisas de uma outra forma e, quem sabe, dar uma nova oportunidade ao pai.
Uma coisa é certa: por mais que acreditemos que, ao ter cometido erros numa primeira relação, aprendemos, e já não os vamos repetir numa nova história, as coisas não funcionam bem assim. Porque a nova pessoa não é a primeira, logo, a relação também será diferente e, por isso mesmo, podemos não cometer aqueles erros, mas cometer outros. Ou seja, nunca haverá uma garantia de que a segunda relação (ou as que vierem a seguir) irão resultar.
Se, ainda assim, vale a pena tentar, é outra conversa, e caberá a cada um decidir.
Oliver veio a Londres para a homenagem fúnebre, em vida, da sua mãe.
A estudar estatísticas em Nova Iorque, Oliver veio participar em algo que todos nós deveríamos fazer, ou ter direito, quando realmente sentido.
Porque de nada adianta, depois da pessoa morrer, dedicar-lhe palavras bonitas que ela já não irá ouvir.
Tessa lutou, há vários anos, contra um cancro. Uma luta que parecia ter vencido. Mas a vida trocou-lhe as voltas e, agora, ele voltou e Tessa está condenada.
Oliver não consegue aceitar que a mãe tenha desistido da quimioterapia, que lhe daria mais alguns meses de vida. A típica atitude egoísta de quem não sabe o que a pessoa doente sofre, só desculpável porque é apenas a saudade a falar mais alto.
É isso mesmo que Tessa explica ao filho: de que não adiantaria viver mais uns meses, doente, debilitada, sem ser ela própria, quando, no fim, morrerá na mesma.
Ela prefere viver o tempo que lhe sobra à maneira dela, e isso inclui esta homenagem, sob o tema de Shakespeare, em que junta família, amigos e pessoas que lhe querem bem, para uma despedida divertida.
Quanto ao casalinho, Hadley e Oliver, como já tinha referido, foi tudo demasiado fácil, e essa foi a parte que menos me cativou.
Vi o trailer, há uns dias, e pensei: "quero vê-lo"!
Entretanto, percebi que era baseado num romance da autora Taylor Jenkins Reid, e fui pesquisar o livro.
Acabei por lê-lo primeiro.
Emma Blair apaixonou-se por Jesse ainda na adolescência, e é com ele que está, desde então.
Viveram mil e uma aventuras, viajaram, apoiaram-se mutuamente. Amavam-se, tinham os mesmos sonhos, eram perfeitos um para o outro.
Numa viagem em trabalho, desta vez sozinho, na véspera de celebrarem um ano de casamento, após uma queda do helicóptero onde seguia, ele é dado como morto.
Ao fim de alguns anos, Emma reencontra Sam, o seu melhor amigo de há muitos anos, que sempre gostou dela, e dão início a uma nova história de amor.
Até que Jesse liga a Emma, a dizer que está vivo, e de volta a casa...
De certa forma, fez-me imediatamente lembrar o meu próprio romance, em que Sofia perde Filipe, também num acidente, quando ele viajava em trabalho, e ela começa a reconstruir a sua vida com uma outra pessoa, até ele voltar a aparecer.
Só que, ao contrário do destino que dei às minhas personagens, nesta história, estava a torcer precisamente pelo oposto. O que não deixa de ser curioso.
Já sabemos que, quase sempre, o livro é melhor que o filme, e este não é excepção.
No livro, conhecemos mais profundamente cada personagem, o contexto em que toda a história se desenrolou.
Vamos avançando no tempo, à medida que também eles vão ficando mais velhos.
O livro realça ainda mais cada uma das perspectivas, e a dúvida legítima.
Não há ninguém certo, nem errado, nem ninguém culpado.
Todos sofreram. Todos ainda podem sofrer. Por conta de um destino que decidiu brincar com eles.
Jesse passou por um inferno, isolado numa ilha. Teve que aprender a sobreviver, a lutar, a superar os seus piores pesadelos, para voltar à vida, e para Emma (o seu maior foco para não desistir). Agora que finalmente o conseguiu, percebe que Emma está noiva de outro homem.
Emma sofreu por ter perdido o amor da sua vida. O seu companheiro. O seu porto de abrigo. Quase enlouqueceu mas, com a ajuda da família, foi-se recompondo, até que a vida lhe deu uma segunda oportunidade de amar e ser amada. Quem a poderá condenar?
Sam já abdicou de Emma uma vez. Reencontrou-a, conquistou-a, e agora está a ponto de perdê-la novamente, para o mesmo homem. Não é justo estar na sua situação, à espera que a mulher que ama descubra de quem gosta mais, com quem quer ficar.
Mas, como disse a irmã de Emma, talvez a questão não seja essa: quem Emma ama mais. Talvez seja se Emma quer voltar a ser a Emma que era com Jesse, a do passado, ou a Emma que é com Sam, a do presente.
Porque Emma não é mais a mesma de antes.
O filme, como é óbvio, não poderia contar a história com todos os pormenores que o livro contém.
Ainda assim, não considerei que tenha sido a melhor forma de a contar.
Ficou tudo muito banal. E faltaram algumas peças do puzzle que, não sendo imprescindíveis, ajudariam.
Para quem se depara com estas personagens pela primeira vez, parece tudo muito forçado, rápido demais, pouco sentido, assim um pouco a querer "despejar" a história, com algumas inovações, mas sem conseguir o resultado pretendido.
Por outro lado, foi bom poder visualizar e identificar algumas cenas, locais, pessoas.
A destacar, relativamente ao filme, a interpretação de Simu Liu (Sam), que é a pessoa que mais abre o seu coração, e mostra a toda a sua fragilidade e o seu receio mas, ao mesmo tempo, todo o seu amor, em cada gesto, em cada passo. É de uma generosidade e bondade, que poucos teriam, no seu lugar.
Era, definitivamente, por ele, que eu estava a torcer.
Ontem, vi o filme com a minha filha, em casa.
Na versão original, apenas com legendas em inglês (uma estreia para mim).
A minha filha dizia que nem sabia o que dizer, nem o que Emma deveria fazer mas, talvez, o mais justo fosse ela escolher ficar sozinha.
E, claro, aposto que haverá muita gente a torcer para que Emma fique com Jesse.