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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Quando, para não falhar aos outros, falhamos a nós mesmos...

Palabras en japonés | Arte manga, Dibujos anime manga, Dibujos de anime 

 

Ao longo da vida, são vários aqueles com quem contamos, e que contam connosco, nas mais diversas ocasiões.

E existem situações em que essa necessidade se faz sentir mais.

Faz parte do ser humano.

Da mesma forma que gostamos que estejam lá para nós, também nos sentimos no dever de estar lá para os outros.

 

Por isso, para não falhar com aquele, abdicamos de algo. Para não desapontar aqueloutro, mais alguma coisa fica para trás. E porque alguém está a contar connosco, "roubamos" mais um bocadinho a nós.

 

O problema surge quando, para não falharmos aos outros, acabamos por falhar a nós mesmos.

Quando queremos tanto não defraudar ninguém, que acabamos por dispender todo o nosso tempo, e toda a nossa energia, com os outros, não sobrando nada a que nos agarrarmos quando, finalmente, pensamos em nós.

 

Se não o fizermos, ficamos a remoer e a sentir alguma culpa porque, afinal, ainda que não nos tenham pedido nada, sabemos que podemos fazer a diferença.

Se o fizermos, ficamos frustrados porque, em prol dos outros, nos esquecemos de nós. 

 

Esquecemo-nos de que também temos que olhar para, e por, nós.

Que, por muito que não queiramos ser egoístas, também não nos devemos colocar em último plano.

Como se não tivessemos qualquer importância. Temos!

Como se tudo aquilo que sentimos, e precisamos, fosse insignificante. Não é!

 

E, por vezes, temos que nos convencer de que não temos superpoderes.

Que não conseguimos chegar a todos, o tempo todo.

Que, se calhar, naquele dia, a pessoa que mais precisa, somos mesmo nós... 

 

 

Máscaras: obrigatoriedade e liberdade

Vetores de Emoji De Sorriso Usando Uma Máscara Cirúrgica Protetora Ícone  Para Surto De Coronavírus e mais imagens de Amarelo - iStock
"A liberdade consiste em fazer-se o que se deve e não o que se quer. Liberdade significa responsabilidade, é por isso que tanta gente tem medo dela."

Bernard Shaw

 

Quem me conhece, sabe que evitei ao máximo o uso da máscara.

Nunca usei quando era facultativo.

Comecei a usar nos espaços em que era obrigatório, continuando a evitar o seu uso onde ainda era permitido respirar ar puro.

 

E agora? 

Continuo a considerar que o uso da máscara não é a solução por si só, nem um factor determinante para o controlo da pandemia.

Continuo a pensar que pode trazer outros problemas associados ao uso contínuo.

Continuo a não me sentir bem com ela posta.

E é por isso que, sempre que não tenho pessoas perto de mim, na rua, continuo a não usá-la.

 

Mas, a minha liberdade termina onde começa a do outro. 

Por isso, sempre que estou a passar por locais onde estão outras pessoas, ainda que seja de passagem, por alguns segundos, coloco-a.

Porque eu posso não querer usá-la, mas não tenho o direito de prejudicar os outros. Mesmo que eu não acredite muito na sua eficácia, há quem acredite que a máscara protege, e a use para proteger os demais, para me proteger.

Por isso, é meu dever, retribuir esse cuidado.

 

Ainda hoje, li esta passagem d'"Os Maias", e faz tanto sentido no dias que correm:

"Aí está por que em Portugal nunca se faz nada em termos! É por que ninguém quer concorrer para que as coisas saiam bem... Assim não é possível! Eu cá entendo isto: que num país, cada pessoa deve contribuir, quanto possa, para a civilização."

 

Não só pelo uso das máscaras, mas por todos os comportamentos que o bom senso deveria ditar, mas que acabam por ficam perdidos nas intenções, ou regulados pelo egoísmo de cada um.

Um direito tem sempre, como contrapartida directa, um dever?

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A minha filha está a fazer, para a disciplina de Filosofia, um ensaio filosófico que, após escolha de algumas das ideias em cima da mesa, acabou por recair na defesa da Eutanásia, como um direito à dignidade.

Ela teria que expôr a sua tese, os seus argumentos a favor da mesma, as objecções e a respectiva resposta a estas, de forma a manter a sua defesa.

Confesso que é um tema que me interessa.

Tal como relativamente ao aborto, defendo a sua despenalização, e não condeno quem a peça, ou quem a pratique a pedido de alguém.

O facto de defender a eutanásia não significa, obrigatoriamente, que essa seja uma opção à qual recorreria. Penso que só quem está nas situações, saberá o que sente e o que quer para si.

Quanto mais leio sobre o assunto, sobre os argumentos a favor e contra, mais me apercebo da complexidade da questão.

Mas o que me abriu, de facto, uma nova visão para o tema, foi a perspectiva, vista do lado dos profissionais de saúde.

 

 

Podemos ter o direito a morrer dignamente, mas teremos o direito de pedir ao médico, que nos mate?

Assim de uma forma um pouco radical, o que era defendido era que, se o paciente tem o direito de morrer, então o médico tem o dever de matar.

Isto porque partem da premissa de que um direito implica sempre um dever. O direito de um, implica o dever de outro. 

 

 

Mas será que um direito tem sempre, como contrapartida directa, um dever? Em qualquer circunstância? 

Não me parece. Nem sempre.

E, pelo menos, não neste caso. O facto de se ter direito a morrer dignamente, não faz da morte, automaticamente, um dever do médico. A não ser que este seja a favor, e considere seu dever, apresentado o pedido do paciente e analisado o seu quadro e situação clínica, aceder ao mesmo e pôr fim à vida e ao sofrimento.

Mas nada o obriga a matar, se ele assim não o entender, ainda que não venha a ser penalizado por tal acto.

Talvez o ideal fosse a pessoa que quisesse morrer dignamente, pôr fim à sua própria vida. Aí, falaríamos de suicídio. Mas faltar-lhe-iam sempre os meios, que levassem ao fim. E, talvez, a coragem.

Algo que também não se pode exigir do profissional de saúde. Eu quero morrer mas não tenho coragem de me matar, por isso, preciso de si. Não seria justo.

Mas acredito que um qualquer médico que pratica o aborto que, no fundo, não deixa de ser matar um ser humano, que teria toda uma vida pela frente, que desliga uma máquina, por não ser útil na reversão de um determinado quadro clínico, ou até mesmo eutanasia um animal para lhe acabar com o sofrimento, não terá problemas em o fazer, aos humanos que querem partir.

 

Sobre os argumentos contra e a favor, sobre eutanásia activa e passiva, voluntária ou não voluntária, o matar e o deixar morrer, muito haveria para falar, quer em termos éticos ou religiosos, e não chegaríamos a lado nenhum.

Até que ponto estão os médicos dispostos a ir, na defesa da vida humana, e daquilo que consideram que é melhor para o paciente, ainda que esse não o veja dessa forma?

Até que ponto estão os pacientes dispostos a ir para ver satisfeito esse seu desejo e direito que lhes assiste, a uma morte digna?

E o que é, para cada um de nós, uma morte digna?

 

 

 

 

Vacina da gripe: levar ou não levar?

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Todos os anos a situação repete-se: chegamos a esta altura do ano, e lá vão as pessoas vacinar-se contra a gripe.

Este ano, os alertas de que virá por aí um surto de gripe, e que todos devem prevenir-se, recorrendo à vacina está, mais uma vez, a levar muita gente a correr para as farmácias e centros de saúde, a fim de levar a vacina e assim evitar as gripes de inverno.

Como todos sabemos, existem grupos de maior risco, para os quais se recomenda esta medida preventiva. Os restantes, querendo, podem também fazê-lo.

 

Ora, eu nunca senti necessidade de levar a vacina contra a gripe. Normalmente, constipo-me várias vezes por ano. Uma ou outra vez devo ter tido mesmo gripe, mas acaba por ser algo tão normal que nunca me pareceu justificar a toma desta vacina.

Aliás, conheço pessoas que estavam bem, e ficaram doentes após levarem a vacina da gripe.

Este ano, continuo sem intenções de levar a vacina, tal como todos lá em casa.

Enquanto isso, vejo as pessoas à minha volta histéricas, com medo do que aí vem, a quererem levá-la. Cada um é dono de si, e faz o que bem entende pelo seu bem estar. Por isso, se o querem fazer, façam-no. Se se sentem melhor assim, mais descansadas, não hesitem.

Mas, será legítimo quererem arrastar todos os que as rodeiam consigo? Por muito que não queiram, a não ser que vivam numa concha, ou se restrinjam a conviver unicamente com pessoas que seguiram o seu exemplo, é impossível não estarem, em determinados momentos, no mesmo espaço que outras pessoas que não tomaram a vacina da gripe. E aí, o que vão fazer? Como saberão quem se preveniu e quem não o fez?

Seja como for, estando essa pessoa vacinada, mesmo que os outros não estejam, nada tem a temer, certo?

 

E nos locais de trabalho?

Podem as entidades patronais obrigar os seus funcionários a vacinarem-se contra a gripe? Será essa preocupação meramente laboral, por receio de que os funcionários adoeçam e prejudiquem as empresas?

Podem os funcionários recusar-se a fazê-lo?

 

No fundo, a questão que se coloca é: levar ou não levar a vacina da gripe? De quem é a decisão, e o que deve ter em conta no momento de decidir.

 

Por aí, costumam levar a vacina da gripe?

O que vos levou a tomar a vossa decisão?

 

 

 

 

 

É legítimo ocultar um erro médico?

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Para salvar a reputação de um membro da equipa médica, quando esse erro, ainda que, de certa forma, desculpável, dadas as condições em que a vítima se encontrava e a grande probabilidade de aquele pormenor escapar aos olhos da maioria, resultou na morte da vítima?

 

Como se sente um médico que tentou tudo para salvar um paciente e fez uma manobra perfeita e complicada de emergência que lhe salvou a vida temporariamente, para depois saber que essa mesma pessoa faleceu porque, embora aquele procedimento tenham sido essencial, houve outro que falhou, por sua culpa? 

 

Como se sentem os familiares da vítima mortal, ao tomar conhecimento de que a mesma faleceu, sem sequer imaginar que, talvez, pudesse ter resistido se não fosse um erro médico? Não terão eles o direito de saber? Ainda que isso não devolva a vida de quem partiu?

 

E quem pode julgar se o médico que cometeu o erro tem desculpa ou não? Terão os responsáveis pelo hospital o direito de esconder/ omitir os erros, para savar a pele e a reputação? Ou o dever de denunciar e apurar responsabilidades, quando existam, para manter a credibilidade e confiança?