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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

A "polémica" disciplina de Cidadania

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Ainda me lembro quando, há alguns anos, vi umas letras estranhas "ETC" no horário da minha filha, e não fazia a mínima ideia do que aquilo significava.

Depois, lá explicaram que era uma nova disciplina "Ética e Cidadania". Não contava para nota, mas era de frequência obrigatória.

Como era leccionada pela directora de turma, o que acontecia muitas vezes era tratar-se, nessa aula, de assuntos relacionados com a turma.

Fora isso, o que foi abordado passou muito pelo respeito pelos outros, igualdade, bullying, preservação do ambiente, e por aí fora.

 

É por isso que me faz alguma confusão toda esta polémica que se está a gerar à volta de disciplina, agora apelidada de Cidadania e Desenvolvimento, que teve início quando uns pais decidiram proibir os filhos de frequentá-la, com o argumento do direito de objecção de consciência.

Apesar de, na minha opinião, a disciplina abordar diversos temas pertinentes e úteis, e poder ser um complemento à educação parental, estes pais consideram que a educação para a cidadania é uma competência deles, e mostram preocupação com dois módulos em específico - "Educação para a igualdade de género" e "Educação para a saúde e sexualidade" - que fazem parte da disciplina em questão, entendendo que a educação sexual e de género têm cariz moral, e não competem à escola. Como tal, defendem que ela deveria ser facultativa, tal como a Educação Moral e Religiosa.

 

O caso tem tomado tais proporções, que já existe um processo de promoção e protecção para estes jovens e, neste momento, o Ministério Público pretende mesmo que estes alunos fiquem à guarda da escola durante o ano lectivo.

A discussão faz-se no Tribunal, e fora dele, com vozes a favor e contra.

 

Para mim, a disciplina deveria ser facultativa. É o mais lógico.

Não sendo, não vejo qualquer problema nos conteúdos que aborda, embora admita que nem todos os pais o vejam dessa forma, e se sintam confortáveis com os mesmos, e com a forma como é ministrada a disciplina.

No entanto, o que vejo aqui, são dois polos extremistas.

Os pais querem proibir os filhos de frequentar a disciplina. A escola quer obrigar os alunos a frequentar.

Nenhum dos dois está bem.

Nenhum dos dois está a considerar a liberdade, a vontade e o futuro de quem acaba por ser mais prejudicado, no meio desta "guerra".

Já alguém perguntou, a esses mesmo alunos, se querem frequentar a disciplina? 

Já alguém pensou em chegar a um consenso?

Parece aqueles casais que usam os filhos como arma de arremesso e chantagem, um contra ao outro, em vez de, juntos, zelarem pelo interesse dos filhos, que é o que realmente importa.

 

Não podemos pensar que os jovens serão, automaticamente, influenciados apenas pelo que ouvem na escola, ignorando tudo o que lhes foi incutido e passado pela educação dos pais. 

Por outro lado, acho saudável que os filhos tenham várias visões distintas, que questionem, que debatam, que decidam por si, que lhes seja dada essa liberdade.

E se, agora, os pais começarem a achar que determinadas matérias vão contra os seus princípios, e educação que querem dar aos filhos, vão proibi-los de frequentar essas disciplinas também?

Isso iria tornar-se uma rebaldaria sem sentido. 

 

Agora, não me parece que a escola seja um espaço onde uma seita tenta fazer uma lavagem cerebral aos alunos, levando-os a situações de surtos de ansiedade, pânico,  ou crises de identidade.

Da mesma forma, não me parece que o facto de os alunos não frequentarem a disciplina consituia um perigo e prejudique os alunos, a ponto de considerar que é do "superior interesse dos jovens e com potencial a, definitivamente, afastar situação de perigo existencial dos mesmos" obrigá-los a tal.

Considerar que os pais põem em perigo a formação, educação e desenvolvimento dos filhos, e afirmar que há perigo de os jovens sofrerem maus-tratos psíquicos, só pelo facto de não frequentarem a dita disciplina, é esticar muito a corda. Parece-me um exagero, que não entra na cabeça de ninguém.

Preocupassem-se antes com quem está, realmente, em risco e precisa de olhos mais abertos e atentos, e não ocorreriam metade das situações que, infelizmente, acontecem, porque foram ignoradas ou desvalorizadas.

 

Vamos ver qual será o desfecho desta "novela", sem pés nem cabeça.

No entanto, gostaria de ouvir mais opiniões, não só de pais, cujos filhos frequentaram ou frequentam a disciplina, mas também de professores, quer leccionem ou não a mesma, para ver se conseguia perceber o que levou uma simples disciplina a esta discussão dantesca e que, para mim, não faz sentido.

 

Existe algum fio condutor na nossa vida?

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"Há algum fio condutor na nossa vida ou ela é um emaranhado de acontecimentos sem sentido e sem relação entre si?"

 

A minha filha anda a dar religião, na disciplina de filosofia e, às tantas, leu algures no manual esta questão, perguntando a minha opinião. 

A primeira imagem que me veio à mente, ao ler a questão, foi a do algodão doce: também ele tem um "fio condutor" - a vareta - mas, ao mesmo tempo, o que o caracteriza é o "emaranhado de fios de açúcar", que se vão juntando uns aos outros e formando o conteúdo.

 

Acredito que existe um fio condutor, que nos guia, a partir do momento em que nascemos, e até morrermos.

Esse fio condutor pode traduzir-se na sociedade em que estamos inseridos, através das regras, conduta, deveres e direitos, responsabilidades. Sem elas, cada um faria o que lhe desse na real gana, e viveríamos numa espécie de anarquia.

Traduz-se na família, nos valores que nos transmitem, no seu apoio e orientação, no seu suporte e alicerce.

Traduz-se nos planos que traçamos, nos objectivos que nos propomos concretizar, nas metas que ambicionamos alcançar.

De alguma forma, consciente ou inconscientemente, há algo a que estamos "presos", ligados, e que nos mantém no trilho que aparentemente escolhemos, ou nos foi destinado.

 

No entanto, isso não significa que, a esse fio condutor, não se possam ir juntando acontecimentos, experiências, vivências, que nos acrescentam enquanto seres humanos.

Ainda que alguns façam sentido, e outros nem tanto.

Ainda que alguns tenham relação entre si, e outros, nenhuma.

Mal de nós se nos limitássemos a seguir o fio condutor da nossa vida, sem absorver mais nada. Sem complementar, sem viver o inesperado, sem ser surpreendido.

Somos eternos seres em construção, e haverá sempre espaço para mais, ainda que não estejamos a contar com isso, ou não o tenhamos previsto.

 

E, da mesma forma que, quanto mais fios se forem juntando à vareta, maior o algodão doce, também quanto mais acrescentarmos à nossa vida, mais rica ela se tornará. E melhor nos saberá vivê-la!

Até mesmo nas dificuldades e momentos menos bons, que dispensaríamos de bom grado.

 

 

 

Da aplicação StayAway Covid

e porque ainda não a instalei

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Quando foi disponiblizada a aplicação StayAway Covid, e o primeiro ministro afirmou que todos deveriam instalar, por uma questão de civismo, foram várias as pessoas que a instalaram de imediato, por si, e pelos outros.

 

A ideia em si, é boa. É mais uma forma de prevenção. De informação. De contenção.

Mas peca, por falta de informação e esclarecimentos, quanto à forma como deve ser utilizada, quais os procedimentos a tomar por quem a usa, e as implicações de não lhe dar o uso devido.

E se, por um lado, ainda existem resistentes que optam por não a instalar, por questões de privacidade ou segurança, parece-me que a preocupação deveria ser outra.

 


Se uma pessoa ficar infectada e inserir esses dados na aplicação, cumpriu o seu dever. Até aí, muito simples.
Mas, e se a pessoa estiver do outro lado? Se for a pessoa que recebe o alerta de que esteve próximo de alguém infectado? O que deve fazer? Quais são os seus deveres, e como ficam protegidos os seus direitos?
Se ignorar, e se vier a verificar que até está infectado e, entretanto, andou a infectar outros, o que lhe acontece? Afinal, ele foi avisado! Tem implicações legais? Pode ser alvo de processo disciplinar no trabalho? Ou de um processo em tribunal?


Se, por outro lado, decide ficar logo em isolamento, que justificação tem para faltar ao trabalho? Quem lhe fornece essa justificação?

Se decidir ir ao médico, para que lhe passe uma credencial para fazer o teste, o que faz nesse tempo entre o aviso recebido, e o resultado do teste?
E se, no espaço de uma semana, a pessoa receber dois ou três alertas? Tem que fazer o mesmo número de testes? Quem paga esses testes?

 


Acho que estas seriam as principais dúvidas a ser esclarecidas, antes de instalar a aplicação.

Porque, à falta destas informações, e sem saber muito bem o que fazer, é preferível não ter a aplicação instalada.

 

 

Imagem: decoproteste

 

Devem as mulheres dar valor aos maridos que as "ajudam" nas tarefas domésticas?

Tarefas domésticas - Inglês

 

Esta questão foi tema de debate há uns dias.

Logo para começar, a própria frase é discriminatória. 

Leva a crer que as tarefas domésticas são obrigação da mulher e que, qualquer uma que o homem faça, é uma ajuda que está a dar, um favor que faz à mulher que com ele vive.

Nunca, em todos estes anos, ouvi a frase ao contrário "devem os homens dar valor às mulheres que os ajudam...". E, ainda que ouvisse, continuaria a ser errada.

Há uns séculos atrás, faria sentido. Em pleno século XXI, não.

 

Ninguém ajuda ninguém nas lides domésticas.

Todos se servem, todos sujam, todos utilizam, logo, todos devem colaborar.

É um trabalho conjunto, para um fim comum.

Se o homem morasse sozinho, tinha que fazer as coisas. Porque é que, morando com uma mulher, já é considerado "ajuda"? E vice-versa?

Para mim não é ajuda, e não são acções que se devam valorizar, como se fossem uma atenção que se tem para com a outra pessoa.

Para mim são deveres de ambos.

São tarefas que devem ser feitas porque são necessárias, e não gestos que mereçam elogios, ou que se façam propositadamente, à espera de elogios e valorização.

Porque se ninguém as fizer, a casa tornar-se-á um sítio inabitável, onde ninguém se sentirá bem em morar.

 

Este texto é um bom exemplo da opinião que acabei de expressar aqui: 

como-um-homem-precisa-pensar-sobre-ajudar-a-mulher-em-casa/

 

E por aí, homens e mulheres, qual é a vossa opinião/ visão?

 

Postura louca ou acertada, é a minha!

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Uma das formas de promover uma boa relação entre pais e filhos, sobretudo filhos adolescentes, é uma espécie de “metamorfose mútua”, em que os pais devem tentar colocar-se no lugar dos filhos, e tentar compreender o que está a acontecer com eles, da mesma forma que os filhos se devem tentar colocar no lugar dos pais, e compreender o que os leva a agir de uma determinada forma, os limites que muitas vezes colocam, e os receios que sentem.

 

Os filhos crescem, não serão para sempre aqueles meninos(as) pequeninos(as) de há uns anos atrás. De nada adiante querer tapar o sol com a peneira, esconder a cabeça na areia e fazer de conta que nada muda.

 

O que os filhos mais precisam, é que os pais estejam presentes e os apoiem, aconselhem, orientem. Se os filhos sentirem abertura e confiança nos pais, mais facilmente partilharão com estes os seus sentimentos e mudanças que estão a ocorrer na sua vida, em vez de esconder. Caso contrário, irão fechar-se, guardar para si ou procurar noutras pessoas, aquilo que deveriam ter e não têm naqueles que deveriam ser os primeiros a lá estar.

 

E com este apoio, abertura e confiança, não quero dizer permitir, fazer as vontades, e estar de acordo com tudo, só porque eles falaram connosco. Mas, se não devemos cair no facilitismo e total permissão, também não devemos pecar pela recusa ou rejeição imediata.

 

Já todos tivemos a idade dos nossos filhos, sabemos bem como éramos e o que fazíamos, ou queríamos fazer, e as consequências que, eventualmente, resultaram da proibição, falta de diálogo, desconhecimento ou alienação dos pais.

 

É certo que as coisas, hoje em dia, tendem a ocorrer em idades cada vez mais precoces, e cabe a nós, pais, adaptar-mo-nos a essa nova realidade, encarando cada situação com a seriedade e respeito que ela merece, mas com alguma leveza também, sem entrar em parafuso ou fazer um bicho de sete cabeças de cada uma delas.

 

Acima de tudo, é importante dialogar com os nossos filhos, tentar perceber o que sentem e se o que pretendem faz sentido ou não, expôr o nosso ponto de vista sobre as situações que nos apresentam.

 

E, se for o caso, com a permissão para alguns direitos que os filhos pretendam ter, incluir também alguns deveres, que deverão cumprir, para que tudo resulte nos dois sentidos, sem prejuízo para o seu futuro. 

 

Afinal, é disso que se trata, do seu futuro e da sua vida, do seu sucesso a todos os níveis - escolar, pessoal, familiar e emocional - através da interacção com todos aqueles que os rodeiam.