Um mundo à nossa medida
Chego à conclusão que vivemos num mundo à nossa medida:
Um mundo desumano, para os (des)humanos que nele habitam.
É o mundo que merecemos.
Um mundo que nos olha com a mesma indiferença (e descaso), com que olhamos para ele, e para quem dele faz parte.
Um mundo que nos trata com a mesma crueldade, com que o tratamos, e aos seres que nele habitam.
Um mundo que nos paga na mesma moeda, com que lhe pagamos.
Um mundo egoísta, na mesma medida em que os humanos o são.
Um mundo ingrato, perverso, injusto, tal como o são os humanos.
Este não é um mundo para seres vulneráveis, e desamparados, para quem se olha de lado, para quem se vira a cara, e as costas, sem nos preocuparmos com o seu sofrimento.
Este não é um mundo para seres puros, bondosos, que nenhum mal fazem, mas a quem os humanos insistem em fazer mal, por pura maldade.
Este é o mundo em que os humanos o tornaram.
Um reflexo de si próprios.
Um mundo que, à semelhança de um boomerang, lhes devolve tudo o que lhe atiraram.
Um mundo que, à medida que o vão destruindo, destrói igualmente, e ainda com maior facilidade.
É, no fundo, o mundo perfeito.
E, para aqueles a quem se torna difícil viver neste mundo cruel, com o qual não se identificam, e no qual não se reveem, resta esperar que, um dia, um outro mundo, melhor, lhes esteja destinado.