Antes da pandemia, as reuniões de pais eram algo habitual, fosse no início do ano lectivo, fosse no início de cada período seguinte e, em alguns casos, a reunião final de ano.
O objectivo era transmitir informações importantes, entregar as fichas de avaliação dos alunos, e outros assuntos que poderiam ser do interesse de pais e alunos.
E, claro, como não poderia deixar de ser, a eleição dos representantes dos encarregados de educação.
Depois, veio a pandemia, e as reuniões foram suspensas.
Houve directores de turma que realizaram as ditas reuniões através de plataformas online.
No meu caso, elas deixaram de existir.
Foi um alívio.
Não precisei de perder tempo, e os anos correram normalmente, pelo que ficou óbvio que as mesmas não são essenciais.
Os directores de turma podem sempre enviar os recados ou informações, por outros meios.
Os pais podem sempre marcar atendimento com os directores de turma, se quiserem saber ou tratar de alguma coisa.
As pautas com as notas dos alunos já saem no INOVAR, pelo que nem é necessário irmos lá só por isso.
Andava eu feliz da vida, quando a minha filha me mostra a convocatória para uma reunião na escola.
Já deveria ter calculado.
Em ano lectivo que se pretender normal, o regresso das reuniões presenciais de pais não poderia faltar.
E lá fui eu, preparada para o filme do costume.
Só que o filme foi outro. Bem mais surpreendente!
Chegada à escola, a funcionária da portaria não tinha qualquer indicação de reunião naquela sala, mas lá me mandou seguir viagem.
Ao entrar no bloco, outra funcionária avisou-me que a reunião tinha passado para outra sala e encaminhou-me para lá.
Fui a primeira a chegar. Ups...
Não conhecia a professora mas, devo confessar, estou fã!
A minha filha teve sorte com a professora de Português e directora de turma.
Enquanto estávamos sozinhas, fomos falando de livros. Dos que iriam dar em aula, e daqueles sobre os quais fariam trabalhos.
À hora marcada, ainda só eu tinha chegado. Esperámos uns minutos. Apareceu uma mãe.
Entregou-nos a folha de presenças para assinar, e uns folhetos informativos sobre a Associação de Pais da escola.
Chegou uma outra mãe, com o marido.
Passavam cerca de 15 minutos da hora marcada.
A DT deu início à reunião, na esperança que, entretanto, mais alguém aparecesse.
Mas não.
Apareceram apenas 3!
3 encarregados de educação, numa turma de 26 alunos!
Estamos a falar de uma turma de 12º ano. Em que alguns dos alunos já são maiores de idade.
E os que não são, já são crescidinhos.
Talvez por isso, os pais considerem que não se justifica marcar presença, numa reunião em que, salvo uma ou outra informação, já conhecem o guião de cor.
Depois, há a falta de tempo. De disponibilidade. De vontade. O não se perceber porque não se opta por outros meios, para transmitir a mensagem, que sejam mais práticos e cómodos.
Será que ainda fazem sentido as reuniões presenciais de pais, nos tempos que correm? Sobretudo no ensino secundário?
A minha vontade também era zero. Mas fui. Sempre acompanhei o percurso da minha filha, e este é o último ano. Daqui a pouco tem 18 anos, e jé está por sua conta.
Por isso, com pouca vontade, fui.
Mas, tal como a professora, nunca pensei que aparecessem tão poucos pais.
Acho que a directora de turma ficou surpreendida, e desapontada. Deve ter sido o ano, e talvez a turma, em que menos pais compareceram.
Devo confessar que, por conta dessa escassez de pais, foi uma "santa reunião", como há muito não assistia!
O pior, foi o momento da eleição dos representantes dos encarregados de educação.
Tendo em conta que éramos 3, e nenhuma de nós tinha vontade de o ser, teríamos que ir a votos o que, provavelmente, daria um "empate técnico", já que íamos votar nas duas mães restantes.
Para piorar mais o cenário, uma das mães informou que, como é professora, não se sentiria à vontade nesse papel.
Sobravam duas mães: eu, e outra.
Portanto, eu, que sempre fugi desse cargo como o diabo da cruz, vejo-me agora, neste último ano, eleita por falta de opções e alternativas, juntamente com a outra mãe.
Até disse na brincadeira que, se soubesse, também não tinha ido!
A outra mãe ainda tentou deixar o cargo em aberto, para o caso de algum outro encarregado de educação ter interesse, mas se nem à reunião compareceram, como poderiam ter interesse em representar os outros pais?
Enfim...
A directora de turma nem sabia bem o que escrever na acta da reunião sobre esse ponto.
No fim, agradeceu a nossa presença e disponibilidade, desejando um bom ano aos nossos filhos.
E nós, mães e agora representantes dos pais, desejando que tudo corra bem, para que não sejamos necessárias!