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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

O vírus que virou bactéria

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Na semana passada, a minha filha esteve de férias uns dias.

Mal regressou ao serviço, ficou doente.

Cólicas, diarreia, febre.

Deduzimos que seria alguma virose.

Até porque vários colegas dela também já tinham andado doentes.

 

Com alguma medicação, foi trabalhar no dia seguinte. Mas piorou.

Valeu-lhe ter folga logo a seguir, para ver se recuperava.

E domingo, foi trabalhar.

Mas não estava a aguentar. Ligou para a saúde 24, encaminharam-na para o hospital.

 

Passou lá a noite, a repôr o potássio.

Fez análises às fezes, mas ainda não sabemos o resultado.

No entanto, dada a febre alta, e a duração dos sintomas, suspeita que tenham sido provocados por uma bactéria.

Receitou-lhe antibiótico.

E ficou uns dias de baixa, e dieta forçada. 

 

Sobre a proposta de alargamento do prazo para o aborto

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Abortar é matar uma vida? Sim.
Existem formas de evitar chegar a esse ponto? Existem.
É um direito que assiste a todas as mulheres, se assim o decidirem? Sim. E ainda bem.

 

Ainda que o Estado proporcione todas as condições, financeiras e psicológicas (que nunca o fará!), para evitar um aborto com base na falta de apoio, a verdade é que nem sempre é, esse, o único motivo para se abortar.
Só quem está prestes a assumir (ou não) essa responsabilidade, que é trazer uma criança ao mundo, a este mundo louco, sobretudo nos dias que correm, tem o direito de decidir se está pronta e preparada para assumi-la em todos os sentidos, ou não.

 

Não é uma decisão que se tome de ânimo leve, deve ser bem pensada, sem pressões alheias (tanto para um lado, como para o outro), e que não se deve basear em promessas vãs, ou em estatísticas de natalidade.
O corpo é da mulher, é ela que passa pelas transformações, pelas dores do parto.
É uma responsabilidade para a vida, que lhe pode mudar a vida, para o bem, e para o mal.
E que, muitas vezes, acaba por ser só dela, quando a outra parte se descarta.
Portanto, sendo ela a única responsável, e a única com a qual só ela poderá contar, é justo que seja da mulher o poder de decisão.

 

Porque as outras pessoas até podem ser contra - cada um tem direito à sua opinião - mas não têm o direito de influenciar ou querer decidir a vida dos outros, com base nas suas crenças e convicções. Até porque depois, no dia a dia, não são elas que lá estarão, a ajudar essas mulheres a quem quiseram fazer desistir de algo que elas não queriam.

 

Sendo totalmente a favor do aborto, concordo com o alargamento do prazo.

Dez semanas é muito pouco, tendo em conta o tempo que leva a perceber ou confirmar a gravidez, e o tempo que se perde em todo o processo, desde que se dá início, até ao acto em si.

Até porque as semanas nem são contadas a partir do dia da concepção, mas da última menstruação (para quem a tem), pelo que está a ser roubado tempo precioso (duas semanas) às mulheres que se decidem pelo aborto.

No entanto, infelizmente, acredito que as alterações propostas vão cair em saco roto, e serão vetadas.

 

 

Malditos vírus

Mulher doente com dor de estômago no branco | Vetor Grátis | Dor de  estômago, Dor, Frascos de remédios

 

A semana passada não foi fácil aqui para estas bandas, por conta de uns malditos vírus que por aqui andam.

E, desta vez, não foi Covid. Foi mesmo uma gastroenterite.

Uma para cada uma das mulheres da casa!

 

A primeira foi a minha filha.

Terça-feira, ao final do dia, queixa-se de dores, e que está com diarreia. Ainda foi jantar com o pai.

Chegada a casa, passou a noite toda entre vómitos e diarreia, e nem o chá se aguentou no estômago. Teve também febre baixa.

Valeu-lhe só trabalhar no dia seguinte à tarde. E veio para casa cheia de dores nas costas, que só passaram com medicação.

 

Já eu, não sei se de forma psicológica, naquela primeira noite, já achava que não me estava a sentir bem.

Nada de especial, daí achar que era psicológico. 

Mas a prioridade era a minha filha.

Passei o dia de quarta e, na quinta-feira, continuava estranha.

A seguir ao almoço, comecei a ficar mal disposta. A meio da tarde, cólicas. Já mais para o final do dia, a diarreia.

Deu para sair do trabalho, ir ao meu pai e chegar a casa.

No espaço de meia hora, saiu tudo o que havia para sair, a ponto de nem me conseguir aguentar de pé, prestes a desmaiar.

 

Felizmente, depois de uma hora sentada, comecei a sentir-me melhor, e ainda deu para acabar de arrumar as coisas em casa, que tinha deixado por fazer.

Entretanto, a minha filha já está em forma.

E a mim, a modos que, passado o efeito do vírus, fiquei com um apetite que não tinha antes!

Deve ser para repôr as perdas, e compensar. 

 

Segundo me disseram, parece que houve muita gente contagiada com esses malditos vírus.

 

 

 

 

 

 

 

Como se conserta o que já não tem conserto?

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O meu pai sempre teve problemas a nível de ossos, articulações e afins.

E, desde que o conheço, sempre foi "anti comprimidos".

Tudo o que fosse pomadas, gel, massagens, terapia do quente e receitas caseiras, era bem vindo.

Mas, comprimidos? 

A médica receitava, ele levantava a receita, e ficavam lá guardados. Ou iam para o lixo.

Quantas vezes a minha mãe reclamava que ele não era capaz de tomar um comprimido, e que era porque não tinha muitas dores.

 

Até que, um dia, as dores se tornaram tão insuportáveis que o meu pai se rendeu aos mesmos.

Anti-inflamatórios.

Para ser sincera, não me lembro de ele ter tomado assim tantos, mas...

 

Está a fazer um ano que o meu pai foi diagnosticado com insuficiência renal e insuficiência cardíaca, diagnóstico esse provocado, sem certeza, mas com grande probabilidade, precisamente, pela toma massiva de anti-inflamatórios.

A partir desse momento, passou a ter uma parafernália de comprimidos para tomar, para controlar esses dois problemas, e até tinha andado bem.

Até que, com a introdução de um novo - anticoagulante - começou a ter derrames oculares. 

O médico aconselhou a parar por uns dias e, coincidência ou não, sofreu aquilo a que a médica de família apelidou de AIT - Ataque Isquémico Transitório, uma espécie de mini AVC, mas mais rápido, e sem grandes consequências.

 

Fora isso, até andava bem, e os ossos, hérnias e outros problemas estavam meio adormecidos.

Há umas semanas, acordaram, e o meu pai tomou uns comprimidos que a médica de família tinha receitado, e que não interferiam com o restante quadro.

O que é certo é que, mais uma vez, após 2 ou 3 dias, acordou com um derrame ocular e dor do olho.

Nesse mesmo dia, teve consulta no Santa Maria, e passou várias horas sentado.

No dia seguinte, estava cheio de dores ao fundo das costas, nem se conseguia mexer.

 

Fomos ao médico.

Ao início suspeitavam de cólica renal, mas depois alteraram para algo a nível muscular.

Com o diagnóstico que o meu pai tem, não há muita coisa que ele possa tomar, em termos de alívio das dores.

Receitaram-lhe um relaxante muscular.

 

Dois dias depois de começar a tomar, volta a ter aquilo que me pareceu um novo AIT.

E desistiu do relaxante muscular.

Até porque nem estava a fazer grande efeito.

 

Portanto, não pode tomar anti-inflamatórios, e isso inclui tudo o que seja gel para massagem, porque pode ser absorvido, e vai dar cabo do que ainda resta dos rins.

Rins que estão em contagem decrescente para a falência.

E tudo o resto que lhe receitam parece sempre provocar mais problemas, do que ajudar a resolver o que já tem.

 

Mas também não está a conseguir suportar as dores, que não passam, não aliviam e não lhe permitem fazer o mínimo que seja, de uma vida já por si limitada.

A médica de família foi vê-lo a casa, e mandou fazer uma TAC. Suspeita que seja alguma fractura, ou algo a nível ósseo.

A confirmar-se, vem a dúvida: como tratar isso?

Como se conserta algo que já não tem conserto?

E sem prejudicar o resto?

 

Isto quase parece uma "pescadinha de rabo na boca", em que andamos sempre às voltas com as mesmas questões, os mesmos problemas, e a mesma falta de soluções, que tratem uma coisa, sem prejudicar a outra.

Enquanto isso, é o meu pai que sofre, com as dores, com a ainda menor qualidade de vida que tem (quando até andava a fazer uma vidinha normal) e saturado de tudo.

E nós, que assistimos, estamos impotentes para o ajudar, porque se nem os médicos sabem como resolver, como podemos nós saber?

 

Sinais da idade

Vetores Desenhos animados casal idoso ativo: Desenho vetorial, imagens  vetoriais Desenhos animados casal idoso ativo| Depositphotos

 

"Todas as asneiras que fizermos em novos havemos, mais tarde, de pagar por elas."

 

E o meu pai que o diga!

 

Acho que, por mais anos que passem, temos tendência a ver os nossos pais sempre da mesma forma, como se esses anos não passassem por eles, ou passassem, mas eles continuassem iguais, sem se notar a passagem do tempo.

Sempre vi o meu pai como uma pessoa activa. Alguém que não consegue estar quieto ou parado muito tempo no mesmo sítio. Alguém que gostava de fazer longas caminhadas.

Mas o tempo, as asneiras, os vários acidentes que foi tendo desde novo, não perdoam.

E, hoje, aliadas a alguns problemas já existentes, condicionam-lhe os movimentos e a vida, provocam-lhe dores, dificultam-lhe as tarefas mais básicas e, ainda assim, volta e meia, lá insiste em fazer mais alguma "asneira" para a qual o seu corpo já não está preparado. 

Depois, os ossos, os músculos, os tendões, tudo se ressente.

E a memória começa a pregar partidas.

Afinal, são quase 80 anos.

 

E a minha mãe?

Mulher activa, também. Ultimamente, não tanto.

Fingimos não perceber, mas é um pisco a comer. 

Está magríssima, embora as calças disfarcem.

Mas levá-la ao médico? Só quase arrastada.

Diz que se sente bem. Que não precisa de fazer exames, nem ir ao médico.

As únicas consultas a que vai, são as de oftalmologia, em que é seguida por causa das cirurgias que fez à vista.

Não é mulher de se queixar, de mostrar dores, de fazer fitas. Guarda para ela.

Mas uma pessoa vai-se, aos poucos, apercebendo dos sinais da idade.

Um degrau que ela já tem dificuldade em subir ou descer sem ajuda. Algo que ela já demora a agarrar, não sei se por não ver bem, ou se por outro motivo.

Um dente ou outro que falta, e que lhe dificulta a fala.

Afinal, são 79 anos.

 

Que bom seria que os nossos pais estivessem sempre novos, apesar do tempo passar. 

Que tivessem sempre saúde, enquanto vivessem.

Mas se nem nós, muitas vezes, a temos, e andamos piores que eles, como podemos esperar que eles sejam mais valentes?

 

É assim a vida.

Sempre a dar sinais.

Sinais das parvoíces que achávamos que não iam ter consequências.

Sinais de que o nosso corpo não é de ferro.

Sinais de que o tempo não pára.

Sinais da idade, que avança a cada ano que passa, para todos nós, e para eles também.