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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

E se fosse consigo a violência doméstica?

 

"E Se Fosse Consigo?" trouxe ontem a debate uma problemática bem actual - a violência doméstica.

 

No entanto, entre os testemunhos de casos reais, e a encenação por parte dos actores, ficaram algumas coisas por mostrar e dizer no programa de ontem:

 

- a maior parte das cenas de violência doméstica não ocorre em público, mas sim dentro de quatro paredes;

- a maior parte dos agressores mostra uma faceta totalmente diferente perante os vizinhos, amigos e até familiares (seus e da vítima), de homem educado, atencioso, pacífico, que em nada corresponde ao seu verdadeiro carácter, quando está com a vítima a sós, o que leva a que, muitas vezes, terceiros não acreditem na vítima;

- na encenação efectuada ontem, e estando aquele homem a mostrar-se violento em público, era mais provável que se mostrasse também para com quem estava a intervir, principalmente, as mulheres;

- por muita coragem que as vítimas de violência doméstica demonstrem, em muitos dos casos essa coragem tem como consequência a morte das mesmas, e de formas cada vez mais macabras. Ainda assim, o que será preferível? A morte quase certa vir aos poucos, ou haver uma possibilidade de se livrar desta problemática com vida?

- mais uma vez, tal como na violência no namoro, apenas mostraram agressores do sexo masculino, ignorando o facto de haver cada vez mais violência doméstica sobre os homens;

 

E o que é importante reter:

- quando ocorre uma agressão, não será única, mas apenas a primeira de muitas, e cada vez mais graves;

- a partir do momento em que há conhecimento de casos de violência doméstica, está mais que provado que não basta sinalizar as vítimas. Na maioria dos casos sinalizados, a polícia nada faz, ou só decide actuar quando não há mais nada a fazer;

- as vítimas, mesmo que consigam escapar com vida aos agressores, continuam a ser as maiores prejudicadas, porque vivem permanentemente com medo, porque vivem "refugiadas", presas, ou em constante fuga, porque perdem algo ou alguém que amam nessa luta (filhos);

- a justiça tarda, e falha demasiadas vezes;

- as ameaças, não só à própria vítima, mas também à sua família, são bastante inibidoras de qualquer acto de coragem que as vítimas possam querer intentar;

- uma vítima de violência doméstica não precisa de ouvir críticas relativamente à sua inércia, à sua passividade, ao seu receio, não precisa que duvidem da sua palavra, que digam que é normal, que desculpem o agressor, mas sim que a compreendam, que a apoiem, que lhe dêem uma ajuda efectiva;

 

E desse lado, o que acrescentariam a esta lista?

 

Ao assistir ao programa de ontem não fiquei indignada por mais pessoas terem passado por aquela cena sem intervir, mas incrédula com um senhor que, a um metro da cena, assiste impavida e serenamente e, quando questionado pela Conceição Lino sobre a conversa que tinha acabado de ocorrer ao seu lado, sai-se com esta "conversa? qual conversa? eu não ouvi conversa nenhuma"!

A não ser que o senhor tivesse problemas auditivos, ou quissesse frizar que o que tinha acabado de acontecer não era uma conversa mas sim um acto de violência (quer física, quer psicológica), mostra o quanto as pessoas fingem ser cegas, surdas e mudas a estas situações, quando não é nada com eles. Teria ganhado mais se tivesse dito que tinha percebido, mas estava com medo.

E com um outro senhor que, para ajudar a actriz, não se chegou à frente, mas soube vir dizer de sua justiça quando outras pessoas se juntaram aos actores, e criticaram o comportamento do marido agressor "ele não está a agredi-la, está a chamá-la à razão!"

 

É triste...mas é real! 

Eles também sofrem de violência

 

A edição de ontem do programa "E Se Fosse Consigo" falou-nos de violência no namoro.

As vítimas eram, quase sempre, jovens adolescentes mulheres, tal como aconteceu na cena simulada.

E eu começo a ter que dar razão, quando afirmam que o programa é tendencioso. Porquê?

Porque este problema da violência no namoro não é exclusivo do sexo feminino.

Existem muitos rapazes que também são vítimas de violência por parte das suas namoradas. Não têm, também eles, direito a protecção, a defesa, a dar o testemunho da sua experiência?

Gostava que essa outra face da moeda tivesse sido mostrada, falada, discutida. Gostava de ter visto uma simulação inversa, e perceber até que ponto haveria alguém pronto a defender um rapaz que estivesse a passar pela mesma situação daquela rapariga.

Até que ponto haveria alguém que percebesse que o sexo masculino nem sempre é o vilão, e que um rapaz/homem também pode sofrer tanto ou mais nas mãos de uma mulher, que uma mulher nas suas mãos...

 

 

 

E se fosse consigo?

 

Acabei de assistir à estreia do novo programa da Conceição Lino "E se fosse consigo?".

Relativamente à situação apresentada do casal de namorados, em que o pai profere todo o tipo de comentários racistas, é curioso como praticamente toda a gente assiste, incomodada e indignada, àquela cena, mas poucos se intrometem ou prestam solidariedade ao casal.

Quando questionados, depois, afirmam-se chocados, tristes, completamente contra a atitude daquele pai.

A verdade é que nós, de uma forma geral, preferimos não "meter o bedelho onde não somos chamados", nem nos metermos em questões que não nos dizem, directamente, respeito.  

 

 

 

Mais chocada fiquei com a "experiência", se lhe podemos chamar assim, que fizeram com as crianças e duas simples bonecas. Que achem uma boneca mais bonita que a outra, tudo bem. São preferências, gostos pessoais, não se pode considerar racismo gostar mais de louras que morenas, brancas que negras (embora possa estar incutido algum preconceito).

As coisas mudam quando afirmam, por exemplo, que a boneca negra é má. Podem ser respostas inocentes, saídas no momento e sem pensar, mas podem ser exactamente aquilo que pensam. Ou foram ensinadas a pensar. Mas, e quando a Conceição pergunta à menina com quem ela é mais parecida, e se acha que também ela é má...

Algumas pessoas colocam em questão esta experiência ou inquérito às crianças, nomeadamente, se os pais tiveram prévio conhecimento das perguntas que seriam colocadas aos filhos, se foi devidamente preparado e acompanhado por psicólogos, e põem em causa a forma como as respostas poderão ser "manipuladas" ou induzir à mensagem que o programa pretende passar.

Mas será que, tendo os pais conhecimento das perguntas, não poderiam também eles levar os filhos a dar respostas diferentes? Não serão as respostas dadas de forma espontânea, as que mais se aproximam da verdade? 

 

Imagens voxpoptv.com e http://sic.sapo.pt/maissic