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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Educar é um processo contínuo

O Educador Social e a sua intervenção em contexto e território educativo - Educação  Social

 

Não é um impulso.

Não é um rasgo súbito.

Não é um acto isolado.

Não são pedaços atirados, quando bem calha, sem qualquer outro contexto ou suporte.

 

Não pode ser encarado como algo que, um dia, num determinado momento, as pessoas se lembram, quando antes, nunca se preocuparam e, tão pouco, deram o exemplo e, provalmente, depois disso, volta a cair no esquecimento.

 

Como é que pessoas que pouco participam no dia a dia,  e que muitas vezes, quando se intrometem, têm comportamentos que deseducam mais do que educam, podem querer, em determinada situação, educar e esperar que os outros assimilem e respeitem?

 

Como é que podem querer assumir o papel de educador, como quem veste uma fantasia de carnaval ou no halloween, apenas para a ocasião?

 

Educar não é fácil.

Nem sempre o fazemos da melhor forma.

Muitas vezes, erramos.

Mas convenhamos que, ainda que não seja bom, é permitido e perdoado a quem está lá todos os dias, a tentar fazer o seu melhor, aprendendo hoje, para não repetir amanhã.

 

Mas se há coisa que me irrita, é pessoas que passam pelos pingos da chuva e, um dia, acordam e lembram-se que, naquele dia, do nada, querem educar alguém.

Se é mau?

Não necessariamente.

Mas é quase um "entrar por um ouvido, e sair pelo outro", porque quem elas se lembraram de educar, não olha para essas pessoas como verdadeiros educadores. Apenas como alguém que acordou para aí virado, mas que depressa voltará a dormir, e desaparecer.

E, se nos dias seguintes, essas mesmas pessoas fizerem, precisamente o oposto do que tentaram ensinar, então é ainda mais garantido que nunca será assimilado, nem produzirá qualquer efeito.

 

Por isso, se as pessoas querem ser encaradas como educadoras, respeitadas e levadas a sério, t~em que perceber que educar é um processo contínuo. Sem folgas, feriados ou férias.

 

Para se educar, tem que se dar o exemplo?

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Costuma-se usar um velho ditado para justificar algo que pedimos aos outros para fazer, mas que nós próprios não fazemos: "faz aquilo que eu digo, e não aquilo que eu faço"!

Mas será que na educação de uma criança esse ditado se aplica?

No outro dia, em debate, dizia-me o meu marido que, para educar um filho, não temos que estar sempre a dar exemplo atrás de exemplo, só temos que lhe explicar o que é o melhor para ele, e fazê-lo entender.

Já eu, sou da opinião que a única forma de nos fazermos entender, de os nossos filhos apreenderem a mensagem que lhes tentamos transmitir, é através dos nossos exemplos e, mesmo assim, nem sempre resulta!

Por norma, os filhos tendem a "copiar" os comportamentos dos pais, porque é aquilo que vêem, com que lidam no dia-a-dia, e que supõem ser o normal e correcto. Logo, se os pais dão maus exemplos e se comportam de forma contrária aquela que, depois, pedem aos filhos para agir, como é que vão ter autoridade ou moral para lhes exigir isso, se eles próprios não o fazem?

Como é que se pode exigir a um filho que tenha uma alimentação saudável, se ele vir constantemente os pais a comer alimentos que fazem mal?

Como é que se pode pedir a um filho para ser organizado, se os pais vivem em total desorganização?

E por aí fora!

Para mim, mais do que ensinar, mais do que dizer o que deve ou não ser feito a um filho, são as nossas atitudes, os nossos comportamentos, a nossa forma de estar na vida e no quotidiano, enquanto pais, que lhe vão dar, ou não, o melhor exemplo. 

 

 

Pais demitem-se!

Que bem que nos sabe de vez em quando despirmos o papel de mãe e pai e vestirmos o papel de mulher e homem!

Aquele tempinho que os nossos filhos estão em casa dos avós, a brincar com coleguinhas, ou vão passar um fim de semana fora, é um pequeno grande presente para nós – finalmente vamos poder descansar, cuidar de nós, namorar…

Então quando os nossos filhos se lembram de nos pôr os cabelos em pé e os nervos em franja, até temos vontade de os mandar mais depressa numa dessas viagens turísticas espaciais para Marte, por tempo indeterminado!

Claro está que, ao fim de pouco tempo, já estamos cheios de saudades deles e a querê-los de volta debaixo da nossa asa.

A minha relação com a minha filha, por exemplo, teve os seus maus momentos, e confesso que nessa ocasião, estive muito perto de lhe fazer a vontade e despachá-la de malas aviadas para casa do pai!

Mas depois pensei que era meu dever dar a volta por cima e agir como mãe, e mostrar-lhe que ainda teria que crescer muito para medir forças comigo, e conseguir destabilizar-me.

É verdade que dá trabalho, sim, é preciso muito jogo de cintura, muita paciência, muita determinação, mas já deveríamos saber que criar e educar um filho não era uma tarefa fácil.

Eu por exemplo, quando engravidei, pensei “e agora, será que vou ser uma boa mãe?”. Na verdade não me sentia minimamente preparada para tal papel, mas hoje, passados quase oito anos, com alguns tropeções pelo caminho e alguns erros cometidos, não deixo de sentir a sensação de que até aqui, estou a dar conta do recado!

Acredito que muitos tempos difíceis ainda estão por vir, que até agora foi apenas o período experimental. Ainda assim, estou cá para o que tiver que ser.

Mas a verdade é que, nos últimos tempos, têm surgido cada vez mais casos de pais que se demitem das suas funções.

Segundo Teresa Espírito Santo, presidente da Comissão de Protecção de Crianças e Jovens de Lisboa/ Centro, nos últimos meses surgiram casos de pais que se demitiram completamente das responsabilidades dos seus filhos, e vão determinados a que seja a comissão a acolhê-los.

Os motivos são vários – desde pais que não conseguem impor regras e limites aos filhos, principalmente na adolescência, aos que têm carências financeiras e acham que o Estado tem o dever de assumir a responsabilidade.

E há ainda quem se sirva da comissão como um meio para atingir um fim, ou seja, progenitores que se acusam mutuamente de não cuidarem dos filhos, ou que pretendem levar o tribunal a rever as condições da guarda das crianças, no caso de pais separados.

Ricardo Carvalho, secretário executivo da CPCJ, reconhece que existem cada vez mais pais a utilizarem as comissões para obter o que não conseguem nas decisões judiciais.

Felizmente, ou infelizmente, este é um cenário que em nada me espanta, porque sempre existiu.

Quantos pais conhecemos que, por não terem condições financeiras, entregaram os filhos em instituições, ou para adopção?

Quantas crianças não foram deixadas com os avós, porque os pais não sabem o que é a responsabilidade de criar um filho?

Quantas mães abandonam os filhos? Quantos pais deixam as mulheres com filhos sozinhas nessa tarefa?

A novidade é que agora os pais têm mais uma porta à qual podem bater, sempre que quiserem entregar “a carta de demissão”, do cargo a que eles próprios se autopromoveram!