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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

"Emaranhados" da vida

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E, de repente, vemo-nos numa fase em que o caminho percorrido já foi tão longo, e os obstáculos ultrapassados, tantos, que não faz qualquer sentido voltar para trás, quando já se chegou tão longe.

Mas, por outro lado, tudo à nossa frente é um emaranhado, que não sabemos por onde começar a desbravar, para poder seguir adiante.

Até porque a nossa garra e vontade já não é a mesma de outrora. O cansaço e o desgaste vão-se fazendo sentir, e começam a levar a melhor.

Então é mais fácil, simplesmente, deixarmo-nos ficar por ali, parados, num terreno que até nos permite alguma protecção e comodidade, até que algo nos faça ganhar coragem para avançar, e continuar a abrir caminho.

Existe algum fio condutor na nossa vida?

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"Há algum fio condutor na nossa vida ou ela é um emaranhado de acontecimentos sem sentido e sem relação entre si?"

 

A minha filha anda a dar religião, na disciplina de filosofia e, às tantas, leu algures no manual esta questão, perguntando a minha opinião. 

A primeira imagem que me veio à mente, ao ler a questão, foi a do algodão doce: também ele tem um "fio condutor" - a vareta - mas, ao mesmo tempo, o que o caracteriza é o "emaranhado de fios de açúcar", que se vão juntando uns aos outros e formando o conteúdo.

 

Acredito que existe um fio condutor, que nos guia, a partir do momento em que nascemos, e até morrermos.

Esse fio condutor pode traduzir-se na sociedade em que estamos inseridos, através das regras, conduta, deveres e direitos, responsabilidades. Sem elas, cada um faria o que lhe desse na real gana, e viveríamos numa espécie de anarquia.

Traduz-se na família, nos valores que nos transmitem, no seu apoio e orientação, no seu suporte e alicerce.

Traduz-se nos planos que traçamos, nos objectivos que nos propomos concretizar, nas metas que ambicionamos alcançar.

De alguma forma, consciente ou inconscientemente, há algo a que estamos "presos", ligados, e que nos mantém no trilho que aparentemente escolhemos, ou nos foi destinado.

 

No entanto, isso não significa que, a esse fio condutor, não se possam ir juntando acontecimentos, experiências, vivências, que nos acrescentam enquanto seres humanos.

Ainda que alguns façam sentido, e outros nem tanto.

Ainda que alguns tenham relação entre si, e outros, nenhuma.

Mal de nós se nos limitássemos a seguir o fio condutor da nossa vida, sem absorver mais nada. Sem complementar, sem viver o inesperado, sem ser surpreendido.

Somos eternos seres em construção, e haverá sempre espaço para mais, ainda que não estejamos a contar com isso, ou não o tenhamos previsto.

 

E, da mesma forma que, quanto mais fios se forem juntando à vareta, maior o algodão doce, também quanto mais acrescentarmos à nossa vida, mais rica ela se tornará. E melhor nos saberá vivê-la!

Até mesmo nas dificuldades e momentos menos bons, que dispensaríamos de bom grado.