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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

"Ninguém Quer Isto", na Netflix

Ninguém Quer | Nova Série de Comédia - YouTube

 

Esta é uma daquelas séries que, à partida, me passaria ao lado.

Parecia mais do mesmo, mais uma comédia romântica no meio de tantas.

Ainda assim, após ler, aqui e acolá, algo relacionado com ela, experimentei.

 

São 10 episódios, mas quase nem se dá por eles, porque são pequenos.

E sim, fala de um amor que, aparentemente, tem tanto de romântico, como de impossível: duas pessoas que não podiam ser mais diferentes, com modos de vida e personalidades opostos, de religiões distintas, apaixonam-se e terão que perceber o que fala mais alto, e do que estarão dispostos a abdicar, se quiserem ficar juntos.

 

Joanne é uma mulher solteira, que está empenhada em fugir de relações complicadas, e encontrar o amor da sua vida. É agnóstica, e tem um podcast com a irmã, em que fala frequentemente sobre relações, e sexo.

Noah é um rabino, que está prestes a concretizar o seu maior sonho de ser promovido a rabino-chefe. No entanto, ele terá que se casar com uma mulher judia. O problema é que ele, não só termina a sua relação, como se apaixona por uma "siksa".

 

Estes dois mostram como é possível, numa fase de enamoramento e em que nos sentimos invencíveis e fortes o suficiente para enfrentar tudo, acreditar que todos os obstáculos, por maiores que sejam, podem ser ultrapassados. Mas também que, com o tempo, e uma percepção mais clara, realista e altruísta, nem sempre (quase nunca) funciona assim.

O que mais gosto nas personagens desta série, é mostrarem-se exactamente como são, com todas as suas fragilidades, receios, frustrações, defeitos. É mostrarem as suas emoções, sem fingimentos.

 

"Ninguém Quer Isto" é, para além de uma comédia romântica, uma crítica à sociedade, à hipocrisia de determinadas pessoas, até mesmo, às relações amorosas, sobretudo quando um dos elementos do casal se vê "obrigado" a mudar e ser o que não é, para agradar o outro.

E às aparências que se escondem atrás da cortina de determinada religião. Como se costuma dizer, no melhor pano cai a nódoa.

 

A série explora ainda a relação de amor/ódio entre Joanne e Morgan, duas irmãs que partilham o podcast e, de alguma forma, parecem competir entre si, a vários níveis, mas que não vivem uma sem a outra.

 

Não sei se haverá uma segunda temporada, mas seria interessante ver o que iria acontecer após o final.

 

 

Fome física ou fome emocional?

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A fome física é uma necessidade fisiológica que permite suprir a falta de energia de nosso corpo com alimentos variados. Não está ligada a um alimento exclusivo, ou a um sinal de emoção. 

Já a fome emocional é desencadeada, como o próprio nome indica, por emoções ou sentimentos, e proporcionam uma espécie de alívio instantâneo. 

 

Por norma, quando estou ocupada, tenho a tendência a comer menos. Por outro lado, naqueles momentos mais "mortos", costumo ir comendo para me entreter. 

Não é fome. Também não será gula. É, lá está, para me ir entretendo enquanto espero o tempo passar.

 

Noutro sentido, costumo comer muito mais quando estou a trabalhar, do que quando estou de férias, ou em casa, de fim de semana ou feriado. 

 

Este ano, por conta da bactéria que foi detectada no estômago, e consequente tratamento, todo o meu sistema digestivo atrofiou - desde não conseguir comer determinadas coisas, a ter a flora intestinal toda desregulada, e ter que adaptar a alimentação consoante o estado do dia.

 

E, assim, tive que encontrar uma rotina que, até agora, está a resultar (mas não sei por quanto tempo).

Essa rotina inclui não comer só por comer. Por entretenimento. Pela tal fome emocional.

Se bem que essa última, levada à letra, afecta-me pouco. Por exemplo, comprei há mais de um mês umas waffers de coco, que não como há décadas, porque estava de desejo e ainda nem toquei nelas.

 

Então, nesta nova rotina, tenho optado por iogurtes com fibra e probióticos, fruta, sopa, quantidades moderadas ao almoço e jantar, e apenas o indispensável para me deixar saciada nos lanches da manhã e da tarde.

Reduzi bastante o leite porque, lá está, troquei-o pelos iogurtes.

Peco pela água, que ainda não bebo aquilo que deveria.

 

Mas noto que me sinto bem. 

Sem necessidade (para já) de abusar e comer por impulso.

Com menos inchaço abdominal.

Não sei se, também, pelo facto de a dita cuja bactéria ter sido eliminada! Yeahhh!

 

Por isso, vou continuar a seguir este regime, até a fome emocional levar a melhor.

E por aí, costumam ser mais atacados(as) pela fome física, ou pela emocional?

 

 

"A Probabilidade Estatística do Amor à Primeira Vista", na Netflix

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Embora o título o possa sugerir, este não é um filme sobre matemática aplicada ao amor.

Na verdade, é mais sobre como, por mais cálculos que se façam, por mais que se tente converter ou reduzir tudo em meros números, percentagens e estatísticas, no que respeita a sentimentos e emoções, esse método, simplesmente, não funciona.

 

De qualquer forma, o romance entre os protagonistas não é o foco principal do filme, até porque pareceu tudo demasiado fácil, e conveniente, sendo que as poucas dificuldades, com que se depararam, quase não interferem na história.

 

Hadley e Oliver apanham o mesmo voo para Londres.

Por "obra do destino", conhecem-se e apaixonam-se. 

No entanto, à chegada, separam-se. Cada um tem os seus compromissos e, apesar de não deixarem de pensar um no outro, não têm forma de saber onde estão, nem de se contacterem.

 

Hadley irá ao casamento do seu pai, com uma mulher que não conhece.

Desde o divórcio que pouco fala com o pai, com quem tinha uma óptima relação, e sente que ele não lutou por ela, pela mãe e pela família.

Aliás, Hadley não percebe porque é que as pessoas se casam uma segunda vez, prometendo as mesmas coisas que da primeira, se não pretendem cumprir nada daquilo, quebrando-as constantemente. Tão pouco percebe porque tem, o amor, que ser ostentado e exibido para toda a gente, com uma grande festa, uma grande cerimónia, quando o verdadeiro amor, na sua opinião, é tão mais simples.

Mas, talvez, esta seja a oportunidade para Hadley ver as coisas de uma outra forma e, quem sabe, dar uma nova oportunidade ao pai.

Uma coisa é certa: por mais que acreditemos que, ao ter cometido erros numa primeira relação, aprendemos, e já não os vamos repetir numa nova história, as coisas não funcionam bem assim. Porque a nova pessoa não é a primeira, logo, a relação também será diferente e, por isso mesmo, podemos não cometer aqueles erros, mas cometer outros. Ou seja, nunca haverá uma garantia de que a segunda relação (ou as que vierem a seguir) irão resultar.

Se, ainda assim, vale a pena tentar, é outra conversa, e caberá a cada um decidir. 

 

Oliver veio a Londres para a homenagem fúnebre, em vida, da sua mãe.

A estudar estatísticas em Nova Iorque, Oliver veio participar em algo que todos nós deveríamos fazer, ou ter direito, quando realmente sentido.

Porque de nada adianta, depois da pessoa morrer, dedicar-lhe palavras bonitas que ela já não irá ouvir.

Tessa lutou, há vários anos, contra um cancro. Uma luta que parecia ter vencido. Mas a vida trocou-lhe as voltas e, agora, ele voltou e Tessa está condenada.

Oliver não consegue aceitar que a mãe tenha desistido da quimioterapia, que lhe daria mais alguns meses de vida. A típica atitude egoísta de quem não sabe o que a pessoa doente sofre, só desculpável porque é apenas a saudade a falar mais alto.

É isso mesmo que Tessa explica ao filho: de que não adiantaria viver mais uns meses, doente, debilitada, sem ser ela própria, quando, no fim, morrerá na mesma.

Ela prefere viver o tempo que lhe sobra à maneira dela, e isso inclui esta homenagem, sob o tema de Shakespeare, em que junta família, amigos e pessoas que lhe querem bem, para uma despedida divertida.

 

Quanto ao casalinho, Hadley e Oliver, como já tinha referido, foi tudo demasiado fácil, e essa foi a parte que menos me cativou.

 

 

 

O coração é um impostor?!

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Coração apertado?

Coração apaixonado?

Coração partido?

Não!

Mentira!

Andamos a ser enganados por esse "impostor", que quer ficar com os louros da responsabilidade pelas nossas emoções quando, na verdade, é outro órgão que tem essa função: o timo. 

Que, curiosamente, fica encostado ao coração e, por isso, acaba por ser este último a ficar com os créditos.

 

Sim, o timo é a glândula responsável pelos nossos sentimentos.

Conhecido como "a glândula da felicidade", a palavra timo tem origem do grego thúmon, que significa alma, espírito, coração, emoção, afetividade.

 

Só há um problema - o timo tende a desaparecer à medida que envelhecemos.

E diz a minha filha, na brincadeira "se calhar é por isso que já não tens sentimentos!"

Será que, quando o timo desaparece, deixamos de sentir o que quer que seja?

Já que era ele o responsável, e agora não está? 

 

Nem por isso!

Talvez ele desapareça quando já temos os sentimentos e emoções tão enraizados, que já não precisamos dele para tal.

Ou, quem sabe, ele delegue no coração, seu vizinho e companheiro, essa missão.

Que, afinal, é quem "dá a cara" o tempo todo!

 

 

 

 

 

 

 

Histórias Soltas #26: Emoções desvairadas

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Lidar com uma emoção de cada vez é uma coisa.

Dá tempo para assimilar.

Para tentar compreender.

Para "digerir".

Para contornar, combater ou eliminar.

Com tempo...

 

Lidar com todas ao mesmo tempo, é bem diferente.

Sem que nada o faça prever, elas chegam.

Desvairadas.

Descontroladas.

Desembestadas.

 

Chegam como uma avalanche.

Que arrebata.

Que engole.

Que desnorteia.

 

Num momento, uma euforia que surge, sabe-se lá de onde.

Capaz de fazer pairar. Quase voar.

Acreditar que ainda não é tarde. 

Que tudo pode mudar. 

Que tudo é possível.

Uma leveza, bem estar e paz, carregada de esperança.

Uma euforia que não é habitual. E que se estranha.

Mas sabe bem.

 

No momento seguinte,  uma tristeza sem motivo.

Sem razão.

Aquele aperto no peito.

Aquele nó na garganta.

Lágrimas que caem fora de horas.

Que não fazem sentido.

 

E, quando a montanha russa de emoções para, depois de várias voltas e loopings, tudo volta ao ponto de onde partiu.

A realidade do costume.

O "voltar à Terra".

O corpo a dar sinal de que não se deu bem com toda esta loucura. 

A pedir descanso, para recuperar.

 

E, depois, é como se nada tivesse acontecido.

Nenhuma emoção estranha.

Nada de anormal.

Tudo está no lugar de sempre.

Que, muitas vezes, não é lugar nenhum...