Uma ida ao hospital...
... e uma imensa vontade de não voltar a pôr lá os pés!
Ontem foi dia de consulta de Nefrologia do meu pai.
Chegados ao hospital, perguntámos a um vigilante onde ficava essa especialidade. Calculei que fosse no mesmo bloco dos internamentos, mas queríamos confirmar. Com maus modos, mandou-nos para a recepção central. Mais à frente, perguntámos a um outro vigilante, mais simpático, que nos disse que estávamos no lado oposto, e que teríamos que dar a volta a todo o hospital.
Não havia volta a dar, só entradas para estacionamento, pelo que voltámos ao mesmo sítio, e ao mesmo vigilante, que então disse ao meu marido para ficar na fila para estacionamento.
Eu e o meu pai saímos, e fomos perguntar a um terceiro vigilante, que nos confirmou que era na recepção central.
Ou seja, andámos ali às voltas sem necessidade.
Chegados ao sítio certo, requisitar cadeira de rodas, para evitar que o meu pai tivesse que andar todo aquele percurso.
Na zona das consultas, tirar senha para confirmação.
E aqui tenho que enaltecer a única coisa boa desta ida ao hospital: uma vigilante que, sem necessidade nenhuma, nos disse para tirarmos uma senha prioritária, para ser mais rápido, e nos disse que podíamos (quem não estivesse a confirmar a consulta) entrar para o corredor, onde estava mais calmo, em vez de ali, junto com dezenas de pessoas.
Confirmada a consulta, algum tempo depois da hora, restava esperar pela chamada.
O meu marido aproveitou para almoçar. Eu estava sem fome. Com uma dor de cabeça horrível e constipada. Até parecia mais doente que o meu pai. A máscara também não ajudava.
Fomos então chamados.
Entrei com o meu pai.
O médico fez umas perguntas básicas, tipo consulta de enfermagem, tirou notas do processo clínico de internamento, e mandou-nos à nossa vida!
Pronto, não foi bem assim.
Apenas nos disse que sem análises ou outros exames, não poderia fazer qualquer alteração à medicação, por isso, mantinha-se tudo como estava.
E como também não tínhamos qualquer noção do peso, valores da tensão arterial ou frequência cardíada, também não podia fazer muito.
É caso para dizer "em casa de ferreiro, espeto de pau".
Então, um hospital não tem uma balança? Não tem um aparelho que meça esses valores?
Ah e tal, ou medem na farmácia, ou compram os aparelhos e fazem-no em casa.
O meu pai começou a queixar-se de uma dor.
O médico nem deu hipótese. "Aqui só vamos falar dos rins, o resto não é para aqui."
Disse que o meu pai está muito, demasiado magro - caquexia.
Explicámos que come bem mas, como agora tem tido episódios frequentes de diarreia, acaba por não adiantar muito.
Ah e tal, isso deve ser problema de intestinos, tem que ser com a médica de família.
Voltámos à dor, por insistência minha, uma vez que era mais ou menos na zona dos rins, ainda que possa ser outra coisa.
Ah e tal, isso deve ser líquido nos pulmões, tem que ir a uma urgência e fazer um RX.
Mas voltando, então, à única coisa que interessava ao médico - os rins.
Ficámos a saber que o meu pai está no estádio 4, de 5. E que a ideia é manter por ali, porque se passar para o último, é sinal que os rins deixaram de funcionar, e terá que se sujeitar a hemodiálise, ou diálise peritoneal.
No entanto, tudo está dependente da parte cardíaca.
Ficámos a saber que não pode fazer nada com contraste pela veia. E que, em caso de toma de antibióticos, tem sempre que referir que é insuficiente renal, para ajustar a medicação.
E confirmámos que não pode tomar anti-inflamatórios para as dores. Só pomadas, ou gel.
Fora isso, já percebemos que a ideia é andar lá constantemente, seja nesta vigilância, seja a fazer análises e exames.
Ah e tal, tudo o que é passado aqui, é para fazer aqui.
Mas vejam se a médica de família passa credenciais para fazerem na vossa zona. Se não querem estar a vir cá...
Pois, não queremos!
É dispendioso, incómodo, massacrante. Não moramos em Lisboa.
Já basta ter que ir às consultas.
Saímos do hospital.
Fui comendo pelo caminho.
Passámos pela urgência de Mafra. O médico ainda perguntou se não queríamos ir à urgência do Santa Maria! Estão a ver a piada?! Só se fosse para passar lá dois dias.
Mesmo assim, aqui em Mafra, no Centro de Saúde, às 17 horas, já não havia consulta de doença aguda. Fomos à urgência, umas 15 pessoas à frente.
Desistimos.
Hoje, enviei email para o Centro de Saúde, a solicitar uma consulta ao domicílio, e coloquei a questão dos exames/ análises.
Estou à espera de resposta...
E é isto: se dúvidas houvesse de que uma pessoa doente fica ainda mais doente com tudo isto, estão, definitivamente, esclarecidas.
E a vontade de voltar a ir a um hospital é quase nenhuma.