Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Quando a irritação leva a melhor sobre a compreensão

chateada - Desenho de gotoshit - Gartic

Ontem foi daqueles dias em que tive uma imensa vontade de esganar alguém.

Aliás, cheguei mesmo a dizer, na brincadeira, que, se a pessoa não "morresse" do problema, estava eu capaz de "matá-la"!

Tinha sido um daqueles dias de dor de cabeça, em que só queria chegar a casa, despachar-me cedo, e ir para a cama.

Embora, ao final do dia, e com as boas notícias que a minha filha me tinha dado ao longo da tarde, já estivesse mais animada.

Só que, o que me aguardava, não era paz, descanso e sossego, mas antes um verdadeiro cenário de terror, daqueles que a única vontade que temos é fugir, e esperar que desapareça mas, como não dá, sabemos que tem que ser enfrentado, ainda que nem se saiba bem como, nem por onde começar, e se o vamos aguentar até ao fim.

 

Sim, eu tenho consciência de que ninguém escolhe estar ou ficar doente.

Ninguém escolhe local, hora ou momento para se sentir mal.

E ninguém num estado frágil está capaz de se manter de pé para o que quer que seja.

Há um lado em mim que compreende tudo isso, e se solidariza com o seu estado. Que se mostra condescendente e preocupado.

 

Mas, lamento, o outro lado está a levar a melhor.

O lado irritado.

O lado de quem acordou cedo, passou o dia a trabalhar, e ainda tem que limpar a porcaria que os outros sujam.

Outros esses que estiveram de folga, e a aproveitar o dia, e deixaram tudo por fazer em casa.

O lado de quem tinha limpado a casa toda no fim de semana, e vê que terá que ter o mesmo trabalho novamente, só que numa noite.

O lado de quem tem que levar com um cheiro horrível, e acabar por ficar suja também.

O lado de quem tem as gatas a pedir atenção e cuidados de um lado, a filha a precisar de ajuda nos estudos e de jantar do outro, e tem que dar conta de tudo sozinha.

 

O lado de quem, por pouco, não se sentiu também mal e ainda hoje, sente aquele cheiro por onde quer que ande.

O lado de quem, ainda hoje, consegue encontrar vestígios do terror.

O lado de quem até consegue tolerar isto a uma criança, mas fica mais difícil, a um adulto que, se por um lado, parecia estar mal o suficiente para não se aperceber, por outro, parecia estar relativamente consciente, para ignorar o estrago.

 

Isto depois passa.

Daqui a uns dias, se calhar, até me consigo rir e brincar com a situação.

Hoje, estou só mesmo irritada, traumatizada, chateada.

 

 

Fugir dos "fantasmas", ou enfrentá-los?

Sem Título.jpg

 

Nem sempre estamos com vontade, disposição ou força para enfrentar os "fantasmas" que vão surgindo na nossa vida.

Seja um problema, uma dificuldade, uma desilusão, uma perda, temos tendência a fugir, a tentar encontrar um refúgio ou bolha onde nos possamos esconder, e esquecer momentaneamente o que nos faz sentir mal.

 

Quantas vezes não demos por nós a "vingarmo-nos" numa ida às compras, numa viagem, numa ida ao ginásio, ou até naquele balde de gelado, naquele hamburguer XXL com todas as calorias a que temos direito, naqueles pacotes de bolachas, batatas fritas ou barras de chocolate que comemos porque precisamos de algo doce, ou salgado. Ou mesmo naquela garrafa de uma qualquer bebida à qual nunca ligámos muito mas que, naquele momento, parece ter alguma utilidade.

 

Pois... 

Acontece.

Funciona como um escape que nos proporciona um esquecimento, uma alegria ou felicidade temporária.

Mas a verdade é que não podemos fugir deles para sempre.

 

Esse efeito prazeroso que nos "anestesiou" dura pouco e, depois, quando passa, percebemos que ainda acrescentámos mais "fantasmas".

Para além de não ter resolvido o problema original, a pessoa que já estava deprimida, fica ainda mais quando ganha a noção de que gastou dinheiro, fez figuras tristes ou arruinou a dieta, por exemplo!

E ainda se sente pior, e culpada.

É como uma criança a quem é dado um brinquedo novo para parar a birra e faz efeito durante uns minutos mas, dali a pouco, já não tem graça, já não o querem, e volta a birra.

 

Podemos andar a vida toda a fugir dos "fantasmas", mas eles não vão desaparecer, nem deixar-nos em paz. 

Por isso, por muito que custe, é preferível enfrentar os fantasmas, do que fugir deles. 

A Viagem de Arlo

Resultado de imagem para a viagem de arlo

 

Desde que ouvi falar pela primeira vez deste filme, que o quis ir ver ao cinema. 

Na altura, acabou por não se proporcionar. No entanto, no passado domingo, como tínhamos gravado, decidimos ver os três, para terminar a tarde em família, no quentinho. 

Posso dizer que é dos melhores filmes de animação que já vi, e recomendo a quem ainda não teve oportunidade de o fazer!

 

 

 

Resultado de imagem para a viagem de arlo

 

Tudo começa com o nascimento de três dinossauros, perante um pai e uma mãe expectantes por ver pela primeira vez as suas crias. Eram três ovos de tamanhos diferentes. Os dois menores, escondiam bebés de tamanho normal e muito activos e traquinas. O terceiro ovo, o maior, para surpresa dos pais, trouxe um pequenino dinossauro, muito medricas, e sem saber muito bem o que fazer agora que saíra do ovo - Arlo.

 

 

 

Resultado de imagem para a viagem de arlo

 

Arlo era, de certa forma, discriminado pelos irmãos por ter medo de tudo, e não conseguir fazer nada do que era suposto, como deveria ser feito, atrapalhando assim o trabalho deles também. Os pais, para guardar o produto das colheitas para o inverno, construíram uma espécie de celeiro em pedra, e era lá que colocavam as marcas das patas, quando assim o merecessem, por terem feito algo de grandioso.

Já todos tinham deixado a sua marca, menos Arlo. E isso deixava-o triste.

 

 

 

Imagem relacionada

 

Um dia, o pai dá-lhe uma missão: apanhar a "criatura" que lhes andava a roubar a comida armazenada. Se ele conseguisse fazê-lo, teria direito à sua própria marca.

No entanto, Arlo deixou a criatura fugir, ao invés de a matar. O pai, frustrado e tentando mostrar ao filho como devia ter agido, acaba por ir longe demais e, quando se apercebe disso, é tarde. Num gesto que quase se poderia interpretar como um pedido de desculpas, e para salvar a vida do filho, acaba ele por morrer. E Arlo fica com um trauma que dificilmente irá ultrapassar.

 

 

 

Resultado de imagem para a viagem de arlo

 

Sem o marido para fazer o trabalho mais duro, sobra para a mãe de Arlo e os irmãos tentarem terminar as colheitas antes que chegue o inverno. Arlo continua a não ser de grande ajuda, embora tente sempre dar o seu melhor. 

Um dia, ele apanha a "criatura" dentro do celeiro, e decide ir atrás dele para o apanhar de uma vez. Mas um acidente acaba por levar Arlo para longe da família.

 

 

 

Resultado de imagem para a viagem de arlo

 

É a partir desse momento que começa a viagem de Arlo, para voltar à sua terra, tendo que aprender a conviver com a "criatura", a superar medos, a enfrentar o perigo, e a perceber que há muito mais coragem dentro dele, do que ele próprio imagina.

 

 

 

Imagem relacionada

 

Como seria de esperar, embora parecesse improvável num primeiro momento, Arlo e Spot tornam-se grandes amigos e companheiros, defendendo-se um ao outro quando mais precisam.

 

 

 

Resultado de imagem para a viagem de arlo

 

E a despedida será o momento mais doloroso. Se, no início, Arlo ainda tentou desviar Spot da família, que julgava morta, percebe depois que é junto dela que Spot deve ficar. Mesmo quando Spot tenta ir com ele, Arlo mantém-se firme, e impede-o.

Porque a verdadeira amizade é mesmo assim - querer que os nossos amigos fiquem bem.

 

 

Conseguirá Arlo encontrar o caminho para casa, e para a sua família? Conseguirá, finalmente, concretizar o seu sonho e colocar a marca no celeiro? Será ele capaz de pôr para trás das costas aquelas imagens que o paralisam, e fazer o que realmente quer?

 

 

A mensagem que retiramos deste filme é também a de que, quando necessário, vamos buscar forças onde nem sabíamos que as tínhamos, quando nos vemos sozinhos, somos obrigados a desenvencilhar-mo-nos da melhor forma, para sobreviver, e enfrentamos os maiores medos que possamos ter, para salvar aqueles que amamos. 

No fim, percebemos que somos alguém completamente diferente daquela pessoa que mostrámos no início, que achámos ser no início. E isso é tão bom!