Não costumo ver o Dança com as Estrelas mas, este sábado, a minha filha estava a ver e apanhei a parte inicial, da desistência de um concorrente.
Entretanto, ontem, acabei por ver o programa completo.
E foi, certamente, a gala mais emotiva até ao momento.
Primeiro, pela desistência do Bernardo, convidado como todos, que tem levado, semana após semana, com críticas à sua permanência em competição quando é, claramente, o concorrente que menos sabe dançar, tirando o lugar a quem merecia mais.
Foi uma atitude bonita de se ver.
Teve consciência de que, a continuar, pelo apoio que tem dos fãs, estaria a ocupar um lugar no qual não se sentiria confortável, e que seria injusto, perante os seus colegas, com mais talento para a dança.
E também porque aquilo é só um programa de televisão. A via dele não dependia da permanência, ou da vitória.
Nunca foi isso.
Quer-me parecer que ele foi convidado e que, de certa forma, não querendo dizer "não", se viu a embarcar naquele desafio no qual afirmou, desde o primeiro dia, que era um "pé de chumbo".
Sejamos honestos: qualquer programa, cuja votação esteja a cargo do público, arrisca-se a decisões injustas. Nem sempre o público vai pelo talento. Mas, verdade seja dita, também nem sempre o júri, entendido no que está a ser avaliado, é imparcial.
Num programa ou competição em que os concorrentes estão a apostar as suas fichas, a tentar a sua sorte, a querer uma oportunidade ou a lutar por um prémio, e reconhecimento, que lhes pode mudar a vida, compreende-se a injustiça de ficar pelo caminho, quando se é melhor do quem quem fica.
Sempre assim foi. E continuará, infelizmente, a acontecer.
Mas, no Dança com as Estrelas, ninguém está ali a competir nesse sentido.
A ideia que fica é que aqueles concorrentes estão a divertir-se, a superar-se, e a entreter o público.
Só isso.
Claro que gostam de passar à gala seguinte. Claro que gostam de ganhar.
Mas não é o mais importante.
A prova disso foi mais uma atitude, desta vez, do Miguel Cristovinho, no final quando, ao se ver apurado e, com isso, vendo a amiga terminar o percurso, pôs o seu lugar à disposição desta (o que não foi aceite pela produção).
No Dança com as Estrelas, há camaradagem, amizade, união. E competição, sim, mas saudável.
Porque, no fundo, nenhum deles está dependente do programa, ou da vitória para nada. Nenhum deles vai fazer carreira na dança.
Estes foram dois dos momentos mais marcantes da gala.
Mas não só.
Os concorrentes deram a conhecer-se um pouco mais, e dançaram músicas que lhes dizem muito, e que contam um pouco da sua história.
Foi bonito ver o Nelson Évora começar a actuação com a bandeira portuguesa e a medalha que coloca, na imagem, ao pescoço do pai.
Foi bonito ver a garra da bailarina, par do Bernardo, na última dança com o concorrente.
Foi bonito ver a Luisinha a dançar enquanto a avó tocava piano.
Ainda bem que, pelo meio, houve momentos mais descontraídos, com a Sílvia Rizzo, a Ana Guiomar e a Matilde Breyner a contagiar com energia e boa disposição.
Imagem: tviplayer