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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

"Titan" - o documentário

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Não sou muito fã de documentários.

E este não foi excepção.

Demasiado extenso. Demasiado "secante". Demasiado técnico.

 

Talvez estivesse à espera de algo mais emocional, pelos testemunhos dos familiares.

Ou de uma espécie de simulação do que aconteceu, desde a entrada no submersível, até à implosão.

Mas não foram por aí.

 

O que se retira, do documentário, é que muitas pessoas sabiam dos problemas, dos erros, das infracções. Muitas vezes, denunciadas. Mas de nada adiantou.

Muitas das pessoas contratadas aceitaram pelo desafio, em termos profissionais e pelo que o conceito significava, ou porque tinham algum fascínio pelo Titanic.

E, dessas, muitas saíram por incompatibilidade de ideias, valores e objectivos, com o "patrão".

A veneração e entusiasmo depressa deram lugar à noção dos riscos, da falta de segurança, e do contornar das regras.

Perceberam que não se tratava de algo feito em prol de todos, mas apenas pelo ego de um só.

 

Stockton Rush, o CEO da Oceangate, é descrito como um homem que tinha um sonho, e quis torná-lo real. Até aí, tudo bem.

Mas é também descrito como o homem que afasta quem não está com ele. Como dizem, uma crítiica ao projecto, era interpretado como uma crítica a ele próprio e, por isso, quem não estava com ele, estava contra ele.

É descrito como uma pessoa que fazia questão de mostrar que era ele que mandava, que era ele o patrão, e que era dele a última palavra.

 

Stockton Rush queria fama, a qualquer custo.

E era arrogante!

Segundo ele, ele não morreria no submersível. Ninguém morreria nele. Da mesma forma que, ironicamente, o Titanic era inafundável!

O dinheiro faz destas coisas: dá às pessoas aquela espécie de direito "quero, posso e mando".

E, aos outros, a ousadia de se aventurarem nestas expedições, a qualquer preço, só pela extravagância. Porque podem pagar para tal.

Porque ficariam na história. Só não sabiam a que custo.

 

Em suma, a tragédia do Titan, aconteceu por negligência técnica, erros humanos, ambição desmedida, e por se privilegiar o circo mediático da inovação em vez da segurança.

No fundo, uma "criança mimada" a brincar com as vidas dos outros (e com a sua própria, como se acreditasse que era imortal), numa brincadeira que, um dia, correu mal.

Afinal, já diz o ditado que "tantas vezes vai o cântaro à fonte que um dia lá deixa a asa".

 

Do sonho, restam os destroços.

Os materiais.

E os emocionais.

E uma investigação que já dura dois anos, ainda não está concluída, e em que, provavelmente, ninguém será responsabilizado.

Até porque cada um dos que pagava por uma viagem destas, assinava um termo em como "abdicava" da sua vida.

 

Falso moralismo

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Irritam-me, profundamente, aquelas pessoas que criticam, nos outros, aquilo que elas próprias fazem.

Como quem procura, desesperadamente, nos outros, algo que possam usar contra eles mas, no fundo, o que encontram, é apenas o seu próprio exemplo reflectido.

Como um espelho.

Como um boomerang que atiram aos outros, mas que volta sempre para si mesmas.

 

Irritam-me aquelas pessoas que, em vez de assumirem os seus erros, tentam fazer-se passar por vítimas, colocando a culpa de tudo nos outros, exonerando-se totalmente da mesma.

Como se não tivessem, muitas vezes, sido as causadoras das situações.

Ou não tivessem contribuído para tal.

Como se fossem absolutamente inocentes.

 

Irritam-me aquelas pessoas que, no que a si mesmas, e àquilo que fazem, diz respeito, tentam desvalorizar a relevância que, ao mesmo tempo, e na mesma proporção, e idênticas circunstâncias e situações, fazem questão de sobrevalorizar nos outros. 

Como quem usa, no seu dia a dia, e na sua vida, a regra "dois pesos e duas medidas", conforme se trata de si, ou dos outros. E, ao mesmo tempo, e contraditoriamente, insistem, em circunstâncias e situações distintas, em querer comparar o incomparável.

 

No fundo, irrita-me o falso moralismo das pessoas que, se pensassem um bocadinho antes de abrir a boca, perceberiam que o melhor a fazer era estarem caladinhas.

Porque, já diz o ditado: "Quem tem telhados de vidro não atira pedras ao do vizinho."

 

Histórias Soltas #29: Dualidades...

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Não sabia bem se era uma pessoa, naturalmente, complicada, ou se alguém que complicava as coisas sem necessidade.

Sabia que não gostava do incerto, de não saber com o que contar.

Não acreditava no destino e, talvez por isso, lhe custasse ainda mais acreditar que, algures no tempo, sem que estivesse à espera, coisas boas viessem a acontecer.

 

Era uma pessoa que gostava de tudo planeado, de saber tudo com antecipação.

Não era propriamente simpatizante de surpresas.

Por isso, aquele compasso de espera, sem saber bem o que esperar, era inquietante.

Sentia uma certa ansiedade.

Uma necessidade de antever o futuro.

A urgência de que tudo acontecesse rapidamente quando, o que mais precisava, sem o saber, era daquele tempo que, agora, lhe tinha sido dado.

 

Ou até sabia.

Sabia que tinha de passar por isso.

Que se tornaria uma outra pessoa.

Que aprenderia com esta nova experiência.

Mas queria fazê-lo sabendo que, lá à frente, haveria algo guardado para si.

 

Como se a vida desse garantias de alguma coisa a alguém.

Que atrevimento esperar que, consigo, fosse diferente!

Quanta petulância, achar que era uma peça diferente das outras, naquele jogo.

 

Enquanto isso, ia levando dia após dia, alimentando-se de histórias fictícias que, ainda que nunca permitissem saborear, deixavam o odor no ar, apaziguando o desejo de, também um dia, voltar a provar.

Mas, para quê?

Se sabia perfeitamente que, mais cedo ou mais tarde, as coisas voltariam a deixar de ter o mesmo sabor da primeira vez?

Para quê querer viver, novamente, algo que sabe que não é para si?

Para quê cair, novamente, no mesmo erro? E arrastar alguém para esses mesmos erros?

 

E, no entanto, continuava a querer!

Enquanto uma voz lhe dizia que não se metesse nisso, uma outra implorava para que ignorasse a primeira.

Até quando viveria nesta dualidade?

Porque é que, para algumas pessoas, parece ser tão fácil? Tão básico? Tão certo?

Mas não, totalmente, para si?

Porque é que, tantas vezes, era uma pessoa que sentia vontade de se enrolar sobre si própria, e assim ficar, como um animal que hiberna, para se poupar, conservando e armazenando energia no inverno, para depois sair da toca na primavera e, outras tantas, parecia não querer nada disso?  

 

Ainda assim, sentia-se uma pessoa grata.

Grata por lhe ser permitido viver, quando via tanta gente, à sua volta, perder essa luta, das mais variadas formas.

Grata por ainda poder experienciar essa confusão de sentimentos, tão típica do ser humano quando, a tantas outras pessoas, lhes foi vetada.

Grata por poder ter uma palavra a dizer, no rumo da sua vida, ainda que não faça a mínima ideia de para onde se dirigir.

Porque, apesar da incerteza, havia uma certeza que ninguém lhe poderia tirar: ainda tinha uma vida a ser vivida!

 

Voltar atrás: coragem, ilusão, cobardia ou imaturidade?

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É legítimo que alguém, depois de tomar uma determinada decisão, queira voltar atrás na mesma?

Sim. 

 

Acredito que, enquanto humanos em constante evolução e aprendizagem, estamos sempre a tempo de mudar de ideias, de opinião, de voltar atrás numa decisão que, na altura, nos parecia a mais correcta mas, agora, parece apenas errada ou precipitada.

Visto assim parece, até, um acto de coragem. Alguém que não se deixa guiar pelo orgulho ferido, e tem a coragem de voltar atrás na sua decisão. Alguém que tem a coragem de assumir sentimentos, e de arriscar, ainda que o resultado não seja o esperado.

 

No entanto, e dependendo muito do contexto, e do momento, querer voltar atrás parece-me uma mera ilusão, a que as pessoas se querem agarrar.

Acreditar que se pode mudar o que nunca se mudou, até então. 

Acreditar que se podem mudar feitios e personalidades, que fazem parte da pessoa.

Acreditar que podem ser felizes, anulando-se, e àquilo que, ainda há uns dias atrás, desejavam para a sua vida.

 

Ou, até, uma certa cobardia, quando acontece ainda antes de colocar em prática a dita decisão.

Talvez por medo de enfrentar as consequências da mesma. 

Quando chega o "momento da verdade", assustam-se e recuam. 

Com medo das responsabilidades, do trabalho, e do risco que essa decisão acarreta.

 

E isto, de alguma forma, não deixa de soar também a uma certa imaturidade, sobretudo emocional, para consigo mesmo, e para com os outros.

Porque tenho para mim, sempre com a legitimidade de voltar atrás, que há decisões sérias demais para se tomar de ânimo leve e, como tal, quando verbalizadas, e tomadas, devem ser decisões seguras e, realmente, sentidas.

E, até aceito que esse "voltar atrás" seja equacionado quando a decisão já está a ser posta em prática. Quando já se experienciou os dois lados da questão.

Porque já houve tempo para reflexão.

 

Agora, decidir algo em conjunto, aparentemente, ciente do que isso implicava e, sem que nada o fizesse prever, exprimir que, afinal, não é isso que quer, sem que nada tenha mudado? 

Quando o outro já avançou, já se "formatou" e mentalizou para a nova realidade?

Quando o outro já considerava essa mudança certa?

 

De certa forma, parece que se anda a brincar.

Com as pessoas.

Com os sentimentos.

Com as relações.

 

Principalmente, quando a decisão, ainda que tomada em conjunto, foi puxada por aquele que agora volta atrás.

Sobretudo, quando já não é a primeira vez que o faz: voltar atrás nessa decisão que levou a ser tomada.

E se isto se torna sistema?

E se se começa a banalizar tanto uma decisão, que chega a um ponto que deixa de ser credível?

 

 

 

 

 

 

Os ciclos da vida

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A história é feita de ciclos. Acontecimentos que se vão repetindo no tempo.

A vida parece ser, também ela, feita de ciclos.

 

Nem sempre isso me agrada.

Porque, na maior parte das vezes, acredito que uma determinada situação aconteceu, resolveu-se, e ficou para trás. E não se voltará a repetir.

No entanto, volta e meia, percebo que me estou a deparar com situações idênticas, em que tudo se volta a repetir.

 

E, ainda que não digam, directamente, respeito a mim, interferem comigo.

Ainda que não seja eu a vivê-las, acabo envolvida por quem as vive.

Ou porque desabafam e me pedem opinião.

Ou porque me pedem ajuda.

Ou apenas porque, quem as vive, está muito próximo de mim.

 

E nem sei bem porquê. Ou para quê!

Porque a opinião é aceite, mas tem uma curta validade, antes de cair no esquecimento.

A ajuda é aceite, mas facilmente boicotada quando dá jeito.

Ficam cartas por pôr na mesa. 

E mesmo que se abra, momentaneamente, o jogo, logo se fecha, e se altera.

 

O que hoje é, amanhã já não o é.

Muda-se o discurso, e as acções, consoante a utilidade, e a vontade, do momento.

As certezas já adquiridas voltam a transformar-se em dúvidas.

Troca-se o certo, pelo incerto.

A estabilidade, pela insegurança.

 

Na maior parte das vezes, por iniciativa própria, e não porque o destino ou algo superior assim o quis.

Que é o mais difícil de perceber.

 

Porque parece que já se está a caminhar no bom sentido, e com vários passos de avanço e, de repente, está-se lá atrás outra vez.

Como se o caminho já feito de nada servisse. Como se a aprendizagem adquirida caísse em saco roto.

 

Cada um leva a vida como bem quiser.

Se querem repetir os mesmos erros, façam-no.

Se querem arriscar, vão em frente. Até pode dar certo. Até pode ser esse o caminho.

Mas, nesse sentido, limitem-se a comunicar, se assim o entenderem.

Porque se é óbvio que aquilo que nos pedem, quando não vai de encontro ao que esperam, não é levado em conta, nem vale a pena ser pedido.

 

É uma perda de tempo e desgaste desnecessário de quem se oferece para ajudar, em vão.