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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Querer agarrar tudo ao mesmo tempo

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Todos os dias, o menino ia ao parque.

E todos os dias, o senhor dos balões andava por lá a vendê-los.

O menino, de tanto os ver, já os conhecia a todos. Sabia as suas formas, as suas cores, os seus tamanhos.

E sabia aquele que, se pudesse, compraria para si.

 

Um dia, o menino viu o senhor dos balões fazer algo inesperado.

Sem que nada o fizesse prever, o homem soltou todos os balões que tinha para vender, para quem os quisesse apanhar.

Naquele momento, havia poucas crianças no parque. Então, o menino pensou que, com sorte, poderia conseguir vários balões.

Difícil era escolher entre eles. Todos lhe pareciam incríveis.

Viu uma menina pegar num balão, e pensou: não é dos melhores, por isso, pode ficar com ele.

Correu até um mas, pelo caminho, viu outro que também era apelativo, e mudou de direcção para ver se o conseguia primeiro. E assim andou por ali, indeciso sobre qual apanhar primeiro.

O que ele não tinha ainda percebido, era que os balões iam subindo cada vez mais alto e que, a determinado momento, não os conseguiria mais apanhar.

Uma outra criança acabou por conseguir um dos balões que ele tinha desejado.

Então, para que não deixasse escapar mais nenhum, decidiu ir apanhando e ficando com eles na mão, enquanto corria para o próximo.

 

Só que, ao fazê-lo, começou, ele próprio, a levantar voo.

Assustado por ver que os balões o estavam a levar para longe, o menino só queria voltar a ter os pés no chão.

Então, chegou à conclusão que teria que soltar alguns.

No entanto, de tão desesperado que estava, desta vez não perdeu tempo a escolher.

Foi largando um a um, até que regressou ao chão, com um único balão.

Ao recuperar do susto, e olhar para o balão que tinha na mão, percebeu que não era bem aquele balão que ele mais queria.

Mas, agora que os outros já estavam com outras crianças, e os restantes tinham voado pelo céu, restava-lhe contentar-se com aquele.

 

Porque quis agarrar todos ao mesmo tempo?

Porque não correu logo para aquele que, realmente, queria?

Porque o deixou escapar?

 

E agora?

Teria que esperar que houvesse outra largada de balões?

Que outro menino quisesse trocar de balão com ele?

Ou que o balão, um dia, voltasse ali?

 

E, assim, com todas estas questões a ocuparem-lhe o pensamento, deixou o parque, de regresso a casa, cabisbaixo, lamentando não ter agido de outra forma.

Mas, pelo menos, tinha um balão...