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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Fugir dos "fantasmas", ou enfrentá-los?

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Nem sempre estamos com vontade, disposição ou força para enfrentar os "fantasmas" que vão surgindo na nossa vida.

Seja um problema, uma dificuldade, uma desilusão, uma perda, temos tendência a fugir, a tentar encontrar um refúgio ou bolha onde nos possamos esconder, e esquecer momentaneamente o que nos faz sentir mal.

 

Quantas vezes não demos por nós a "vingarmo-nos" numa ida às compras, numa viagem, numa ida ao ginásio, ou até naquele balde de gelado, naquele hamburguer XXL com todas as calorias a que temos direito, naqueles pacotes de bolachas, batatas fritas ou barras de chocolate que comemos porque precisamos de algo doce, ou salgado. Ou mesmo naquela garrafa de uma qualquer bebida à qual nunca ligámos muito mas que, naquele momento, parece ter alguma utilidade.

 

Pois... 

Acontece.

Funciona como um escape que nos proporciona um esquecimento, uma alegria ou felicidade temporária.

Mas a verdade é que não podemos fugir deles para sempre.

 

Esse efeito prazeroso que nos "anestesiou" dura pouco e, depois, quando passa, percebemos que ainda acrescentámos mais "fantasmas".

Para além de não ter resolvido o problema original, a pessoa que já estava deprimida, fica ainda mais quando ganha a noção de que gastou dinheiro, fez figuras tristes ou arruinou a dieta, por exemplo!

E ainda se sente pior, e culpada.

É como uma criança a quem é dado um brinquedo novo para parar a birra e faz efeito durante uns minutos mas, dali a pouco, já não tem graça, já não o querem, e volta a birra.

 

Podemos andar a vida toda a fugir dos "fantasmas", mas eles não vão desaparecer, nem deixar-nos em paz. 

Por isso, por muito que custe, é preferível enfrentar os fantasmas, do que fugir deles. 

O verão já não é o que era

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Estranho verão este que, de ano para ano, vamos vivendo...

Em cada verão, vivemos um pouco de cada estação.

Os dias são maiores, mas quase não damos por eles.

Os finais de tarde, antes passados na rua, a apreciar e aproveitar a temperatura amena, são agora passados em casa, porque lá fora faz frio, ou está encoberto.

Raros são os dias em que sentimos o calor de verão.

Levanto-me com vento, céu encoberto e nevoeiro. E a promessa de um dia quente que, se o chega a ser, só mesmo à hora de almoço, e onde nos consigamos abrigar do vento.

Já não existe pôr do sol, nem nascer do sol.

Não sinto que seja verão.

Sinto que estamos a dois passos do outono no qual, com sorte, fará um ou dois dias com temperatura acima do normal. 

Quando o tempo quente deveria ser o normal, e não a excepção.

 

Não existem festivais de verão, acampamentos, festas populares.

Não existem noites quentes, que nos convidam a sair à rua.

 

Estranho verão, este que nos faz desejar um sofá, uma manta e um chá quente, enquanto cai a chuva lá fora.

Que nos lembra os dias de outono, o regresso às rotinas de escola e trabalho, quando ainda existem férias para gozar.

Que quer, à força, fazer-nos esquecer da sua existência.

Que quer, à força, dividir-se em mil pedacinhos, e espalhá-los por todo o ano.

 

O verão parece, cada vez mais, uma estação em vias de extinção, com os dias contados.

E, em breve, será apenas uma memória remota dos verões que, um dia, o foram, e nunca mais voltarão a ser.

Para felicidade daqueles que nunca morreram de amor por ele.

E para desgosto de todos os outros, que ansiavam o ano inteiro pelo reencontro, que agora não haverá, e para aqueles que nunca saberão o que é viver um verão como antigamente.

Cheio de aventuras, memórias, inesquecível...

 

 

A Marta esquecida!

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Cena um:

 

Pela manhã, enquanto a minha filha se despacha, digo-lhe que vou despejar o lixo.

Pego nos sacos, desço a rua, volto para trás e chego a casa. Nesse momento, penso que não me recordo de ter ido ao lixo. Não me lembro sequer de ter passado na rua, nem ter colocado os sacos no caixote. Já uma vez aconteceu o mesmo, mas a verdade é que fui mesmo, nas duas ocasiões, e esqueci-me disso uns segundos depois.

 

 

Cena dois:

 

Vou às compras, primeiro ao Lidl, depois ao Intermarché. No Intermarché tenho por hábito deixar o saco com as compras do Lidl no cacifo. Coloquei a moeda, fechei o cacifo e guardei a chave na carteira. 

Em seguida, dirijo-me ao café do Inter e, ao abrir a carteira, deparo-me com a chave do cacifo. E penso: "será que tenho aqui esta chave desde a semana passada? Será que deixei lá a areia das gatas, e não chegámos a ir buscar?"

Quando já estou a voltar para trás, lembro-me então de que acabei de colocar um saco no cacifo, e era por isso que a chave ali estava!

 

Agora, imaginem, se já estou assim com 38 anos, como será daqui a uns anos!

Lembretes a não esquecer!

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O que seria de mim sem eles!

E como eu gosto do meu velhinho telemóvel, que tem esta funcionalidade tão preciosa! Sim, eu sei que há equipamentos modernos mais eficazes, mas não sou muito apreciadora de novas tecnologias.

Voltando aos lembretes, estou sempre a precisar deles, porque a memória pode ser boa para algumas coisas, mas já começa a falhar para outras.

Então, tenho lembretes para tudo e mais alguma coisa! Para hoje, por exemplo, já criei um lembrete para comprar fita correctora para a minha filha, que ela já me tinha pedido há duas semanas!

Entretanto, criei um para quinta-feira, a lembrar-me de desligar os despertadores porque sexta-feira é feriado, e não tenho que acordar cedo. E um para sexta, para não me esquecer de pagar a renda da casa.

Ao consultar a minha lista de lembretes gravados, encontrei alguns curiosos:

  • Acordar (não faço ideia de porque o criei, já que para isso utilizo o despertador)
  • Comprar sopa (é que à segunda-feira é o dia da sopa, e se me esqueço dela, fico sem almoço)
  • Mudar hora (porque gosto de mudar a hora dos relógios lá de casa e telemóveis no dia antes e, se não for assim, esqueço-me)
  • Pagar renda (este tem que ser todos os meses)

E agora, o lembrete dos lembretes, criado ontem:

  • Lembrete para não me esquecer de escrever um texto sobre os lembretes!