Por onde anda o meu "outro eu"'?
Por onde anda o meu "outro eu"?
Aquele que, um dia, fui e que, hoje, não consigo vislumbrar?
Foram tantas as capas que lhe vesti
Tantas as peles com que o revesti
Para o resguardar
Para o fortalecer
Para enfrentar o que viesse pela frente
E, agora, quase não o reconheço
Parece distante
Muito distante
Tento rasgar cada uma das capas
Tento arrancar cada uma das peles
Na esperança de o voltar a reencontrar
Mas descubro que, por baixo de cada uma, continuo a ser "este eu"
Só existe "este eu"
Então, por onde anda o meu "outro eu"?
Porque sinto amarras que me impedem de o procurar?
Porque sinto uma névoa, que me impede de o redescobrir?
Porque sinto forças, que me impedem de alcançá-lo?
Sinto falta do "outro eu"
Aquele mais livre, mais leve
Aquele mais descontraído, mais divertido
Aquele mais romântico
Aquele mais aventureiro
Aquele mais disponível
Aquele mais jovem
Em lugar dele, encontro "este eu".
Ou, talvez, não exista "este eu", e "outro eu".
Exista apenas o "eu".
O "eu" que evoluiu
Que se transformou
Que amadureceu, com o tempo
Que guarda características de outrora, e lhe junta outras de agora
Quem sabe, aceitando "este eu", venha à tona o "outro eu", e se fundam num só...