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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Há males que vêm por bem?

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Nem todos, certamente!

Mas, neste caso, até se aplica.

 

É certo que, evitando a exposição ao sol, em horas impróprias, e por longos períodos, poderia ter reduzido, em grande escala, o risco de vir a desenvolver cancro. Ainda que não fosse garantido.

É certo que a pouca preocupação com essas coisas, ao longo da vida originou, agora, a doença.

 

Mas foi graças ao "menor dos males" que se detectou, a tempo, o mais grave deles, e mais silencioso.

Que iria continuar a expandir-se, a desenvolver-se, a crescer e, daqui a uns tempos, a espalhar-se para outros órgãos, sem ninguém dar por ele.

 

Foi por causa de uma simples mancha, que afinal era um carcinoma, que fui à consulta de dermatologia.

E foi nessa consulta que surgiu a suspeita, sobre um sinal, que poderia ser melanoma.

Feita a cirurgia, e analisadas as excisões de pele, confirmou-se a suspeita: melanoma.

Felizmente, numa fase inicial, e sem necessidade de voltar a operar, nem fazer qualquer outro tipo de procedimentos ou exames.

Quase se pode dizer que um surgiu, para alertar para o outro.

 

Quanto à terceira suspeita, não se confirmou. Era apenas um sinal normal.

Que acabou por ser a excisão que mais trabalho me está a dar!

Mas, na dúvida, tinha que ser tirado...

 

Agora é tempo de respirar de alívio, porque os estragos provocados foram travados, e resolvidos a tempo.

Como ouvi ontem alguém dizer "Quanto tudo parece desmoronar, às vezes, há coisas que se encaixam."!

 

2021 será um ano de "reconstrução" e não tanto de "salvação"

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Sabem quando uma tempestade ou catástrofe ocorre e, depois de passar, nos deixa a braços com os destroços?

Pois a pandemia não é muito diferente.

Ouço muitas pessoas falarem do ano 2021 como o ano em que tudo será melhor, tudo será diferente, em que, quem sabe, nos vamos ver livres, da pandemia.

Eu não o vejo assim.

Se 2020 foi o ano em que ela passou por nós e nos atingiu com mais severidade, 2021, com ela ainda presente, será o ano em que vamos estar a avaliar os estragos, a lidar com os destroços por ela deixados, a ver o que é possível salvar e o que tem que ser construído de raiz, feito de novo.

2021 é o ano em que lidamos com as consequências, como a ainda maior desigualdade social, com o desemprego no caso dos que ficaram sem trabalho, com as dívidas daqueles que viram os seus rendimentos afectados com cortes e medidas extremas, com todas as outras doenças e problemas de saúde que ficaram "pendentes", provavelmente, com uma crise económica, e sabe-se lá que mais.

Tal como, após uma tempestade, as pessoas lidam com a falta de água e luz, com as dificuldades de acesso, com problemas de saúde pública, dela decorrentes.

 

E, muitas vezes, esse "pós tempestade" é tão ou mais duro que a tempestade em si e, sem dúvida, mais duradouro.

É preciso coragem. Resiliência. Determinação. 

E sim, esperança, também.

Mas, da mesma forma, a noção de que não haverá nenhuma varinha mágica ou feitiço, que nos devolva em meros dias ou meses, aquilo de tínhamos antes.

Depressão Bárbara: em tão pouco tempo, já fez tanto estrago

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Ainda estava eu na cama, de madrugada, e já se ouvia o vento lá fora.

D. Bárbara a caminho, e os pagens à frente a anunciar a chegada.

Mas o céu estava relativamente limpo e, não custava tentar. Por isso, estendi algumas peças de roupa mais pequenas, deixando o resto para secar mais tarde na máquina.

Se não chovesse até ao almoço, já ficava com aquela enxuta, e poupava na eletricidade.

 

A meio da manhã, vejo o tempo a ficar escuro. 

D. Bárbara deve ter apanhado a via rápida, a autoestrada, ou um qualquer atalho, e estava a chegar mais cedo que o previsto.

Ia enviar mensagem para a minha filha me apanhar a roupa mas, no telemóvel, tinha uma outra, do meu marido, a avisar que o estendal tinha caído, mas que a roupa estava sã e salva, em casa.

Bendito pai que foi despejar o lixo, viu o estendal caído e, com a ajuda da vizinha, me apanhou tudo.

Ou quase tudo...

Quando cheguei a casa, deparei-me com os elásticos do cabelo, o casaco da minha filha e um pano da loiça espalhados pelo chão. E lá foram para lavar de novo.

 

Antes disso, pelo caminho, tive a imensa sorte de um autocarro passar ao meu lado, e me dar um banho!

 

Já em casa, andava a minha filha de espanador e esfregona na mão, porque a chuva tinha entrado no quarto dela e o chão estava todo alagado.

Mas como estava na hora de ir para as aulas, e a chuva não parava, achei por bem chamar um táxi para a levar à escola. Não convém apanhar molhas e ficar doente em casa. Logo agora que está em semanas de testes.

Só que, não havia táxis!

O que eu costumo chamar, não estava por cá, nem o pai. E avisou-me logo que já várias pessoas tinham tentado ligar para a praça de táxis, e ninguém atendia, porque andava tudo a fazer serviços.

Boa! E agora?

Lá andei a pesquisar e liguei para um número de telemóvel que me desenrascou. Menos uma preocupação.

 

Com a casa de volta a uma relativa ordem, pus-me a caminho do trabalho. Nestes dias, costumo ir por uma rua em que tenho prédios com telheiro, onde dá para proteger um pouco mais mas, hoje, com a Depressão Bárbara ao comando, posso dizer que, em 41 anos, nem isso me valeu, e apanhei a maior molha de sempre.

Até ver...

Porque dizem que o pior ainda está por vir amanhã!

 

Alguém que invente aí a aplicação "Stayaway Bárbara", e a mande embora depressa?

É que, em tão pouco tempo, já fez muitos estragos na minha vidinha.

Juro que, se algum dia vier a ter outra filha, Bárbara é daqueles nomes que estão automaticamente fora de questão!

 

 

 

Começou bem, a manhã!

Quem - NOTÍCIAS - Jim Carrey leva banho de tinta verde em ...

 

Haverá algo melhor que chegar ao trabalho e levar um banho de tinta?!

Não foi bem um banho, mas deu para fazer estragos.

 

Há já uns dias que andam aqui ao lado do prédio onde trabalho a fazer alguma coisa, não sei se limpeza, se pintura. Como é lá para cima, não se vê.

Hoje, estava eu a chegar à porta do prédio, e lá andavam os homens a fazer não sei o quê. Só sei que, em segundos, até entrar no prédio, fiquei com a roupa, a mala, o cabelo e a cara todos sarapintados de branco.

E se, da cara e do cabelo, ainda consegui limpar, a roupa tem que ir para lavar. E a mala tem que ser limpa com um pano, porque os toalhetes de papel molhados não resolveram o problema.

 

Dos tombos que vamos dando na vida

e das marcas que nos levam a ser mais prudentes

Quedas: por que elas são um dos maiores terrores para os idosos ...

 

Quando somos novos, parece que nada nos afecta, nem deixa marca.

Caímos, e logo levantamos.

Partimos a cabeça, mas dali a pouco está pronta para outra.

Esfolamos um joelho, mas voltamos à brincadeira.

Damos um tombo, fracturamos algum osso, mas logo recupera.

Torcemos um pé, mas depressa esquecemos isso.

Nódoas negras? Faz parte!

Cicatrizes? São “marcas de guerra”!

Água gelada no mar? Para quem?!

Queremos é estar lá dentro!

Noitadas, e poucas horas de sono? Que se lixe!

Queremos é aproveitar.

O nosso corpo regenera rapidamente, e é como se nunca tivesse acontecido nada.

 

Mas, no fundo, o nosso corpo não esquece.

E, à medida que vamos envelhecendo, ele vai dando sinais disso mesmo.

Começamos a sentir um incómodo que desconhecíamos existir.

Começamos a querer fazer as coisas de outra forma.

Começamos a sentir as dores de tudo o que o corpo foi acumulando, e a ficar mais prudentes.

Começamos a não querer cometer os mesmos erros ou disparates de outrora.

Começamos a sentir o nosso corpo dizer "Basta. Já está na hora de te deixares disso.".

Vamos tendo cada vez menos vontade de fazer algo que nos possa lesionar, porque cada vez as marcas serão mais acentuadas, e a recuperação mais lenta e dolorosa.

E não há necessidade disso, se podemos viver de outra forma, mais tranquila, e saudável.

Chega o momento em que temos que pensar no que é, realmente, melhor para nós, antes que os estragos se tornem difíceis, ou mesmo impossíveis, de superar.