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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Será a negligência uma consequência das dificuldades socioeconómicas?

 

 

A negligência não escolhe classe ou estrato social, estando presente tanto em classes sociais mais desfavorecidas, como estratos sociais mais elevados, e manifesta-se de diversas formas, tanto de ordem física, como emocional e até educacional.

Podem, igualmente, ter várias causas, como imaturidade e inexperiência dos pais, que podem ter sido, também, vítimas de negligência, problemas conjugais e familiares, depressão, doenças mentais ou dependência de álcool e/ ou drogas.

Logo, são situações mais complexas e que não se podem meramente atribuir às dificuldades socioeconómicas da população.

Quanto à intencionalidade, também esta pode existir ou não, independentemente da situação económica uma vez que não há, muitas vezes, consciência de que determinados comportamentos são considerados negligentes.   

Conheço um pai que vive sozinho com a sua filha, e nem sempre o vestuário que a menina apresenta é o mais adequado. A menina já chegou, inclusivamente, a estar com a roupa suja de urina.

Conheço uma mãe que deixa o filho andar por aí a brincar na rua até à noite, sem sequer saber onde ou quem está, ignorando os perigos que o menino poderá correr se alguém menos bem intencionado lhe quiser fazer mal.

Estas crianças, vejo-as frequentemente sozinhas, sem supervisão dos pais ou outro adulto responsável.

Conheço mulheres que, sob influência de comprimidos e álcool, deixam muitas vezes os filhos sem almoço ou jantar.

Se os pais o fazem intencionalmente? Acredito que não! Talvez achem normal.

Um pai que se esquece de um bebé num carro ao sol durante horas, é um pai negligente. Mas, por certo, também ele não teve intenção de o ser.

Uma mãe que larga a mão do filho enquanto conversa, e deixa de o observar durante segundos, segundos esses suficientes para que um acidente aconteça, é uma mãe negligente. Mas não o foi intencionalmente.

É certo que as dificuldades socioeconómicas podem levar a casos de negligência física e educativa, enquanto nas classes mais favorecidas, a mesma se verifica, sobretudo, a nível emocional.

Mas também é verdade que, mesmo nas classes mais pobres, podem ser prestados os cuidados básicos adequados ao pleno desenvolvimento da criança, apoio e protecção, não lhe negando direitos fundamentais.