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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Desacelerar

(é preciso)

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Desacelerar...

Cada vez mais, é preciso.

Mas como?!

 

É caso para dizer:

"Deixa para logo o que não precisas de fazer agora. Ou para amanhã. E, assim, hoje, terás mais tempo."

 

Mas, o que é certo é que isso é, apenas, um adiar.

Logo, ou amanhã, terei por, e para, fazer, aquilo que agora, ou hoje, não fiz. A somar ao que teria que fazer amanhã.

Portanto é um desacelerar momentâneo, para acelerar ainda mais a seguir.

 

A verdade é que estamos na era em que as pessoas cada vez têm menos tempo.

Em que as pessoas andam mais a correr.

Com mais tarefas a fazer, e com prazos para cumprir.

Com mais responsabilidades e obrigações.

Com mais compromissos.

 

Em que as pessoas mais acumulam o trabalho doméstico com a vida laboral.

Algumas, com filhos.

É a era do stress, em que estamos, constantemente, a pisar a fundo no acelerador, para chegar a tudo e a todos, e a todo o lado, sem atrasos, adiamentos ou falhas.

Estamos na era em que tudo nos é exigido, e em que tudo nos exigimos.

 

Simultaneamente, estamos na era em que mais precisamos de tempo.

Em que mais precisamos escolher as nossas prioridades.

Relativizar.

Delegar.

E usar o travão.

Desacelerar.

Pensar em nós, e pôrmo-nos, e à nossa saúde, em primeiro lugar.

Antes que seja tarde demais.

 

Porque as consequências, a curto e a longo prazo, de quem vive constantemente no limite, sem moderar a "velocidade" apesar das circunstâncias, e dos avisos que vai recebendo, podem ser terríveis.

E irreversíveis.

O papel mais difícil de desempenhar na vida

Pode ser uma imagem de criança, céu e texto

 

São dois, na verdade.

O papel de pai/ mãe. E o papel de filho(a).

 

Não é fácil ser filho(a).

Há que corresponder a demasiadas expectativas que, para si, foram criadas, pelos pais. Ao nível de exigência que lhes é imposto. 

Estão, muitas vezes, sujeitos a comparações com irmãos, colegas, amigos, filhos de amigos dos pais.

Estão, muitas vezes, condicionados pelos pais, pela função que exercem, pelo papel que têm na sociedade, e nos seus grupos.

E, como se isso não bastasse, ainda têm que lidar com os seus próprios problemas. 

Com a aceitação dos colegas e amigos, gerando sentimento de pertença a algo. Ou com a exclusão, se não se identificarem com o grupo.

Têm que aprender a viver num mundo que é só deles, e os pais pouco poderão fazer para tornar esse mundo melhor. Podem dar-lhes ferramentas. Mas não podem travar as suas lutas.

Podem até compreender. Mas não são eles que estão a viver.

E gera-se frustração, desilusão, impotência, solidão.

 

Não é fácil ser pai/ mãe.

Porque não há livro de instruções. Nem receita para esse papel.

Podemos dar tudo o que temos aos filhos. Todo o amor, toda a compreensão, todo o apoio, todo o carinho. Todo o nosso tempo. E, ainda assim, não ser suficiente. E, ainda assim, descobrirmos que tudo falhou.

Da mesma forma que, muitas vezes, falha com aqueles pais que não têm tempo para dedicar aos filhos, e os deixam entregues a si mesmos.

Porque, na verdade, é impossível conhecer os nossos filhos na totalidade.

Eles só nos mostram a parte do seu mundo que querem que nós vejamos. A outra, só eles sabem.

E nós, seja porque não conseguimos ver mesmo, porque fazemos por não ver, ou porque estamos demasiado ocupados a olhar para outro lado, estamos longe de perceber o lado não visível.

Criamos uma imagem dos filhos, e é com ela que vivemos. Não significa que seja verdadeira. Ou totalmente verdadeira.

E é algo que nunca iremos conseguir ver, se os nossos filhos não se sentirem à vontade para mostrar. Se não sentirem que o podem fazer. Se não acreditarem que vale a pena.

Por outro lado, eles são eles, e têm uma palavra a dizer sobre a sua vida. Sobre quem são. Sobre quem irão ser. Nem tudo está nas nossas mãos e, como tal, nem sempre há algo que possamos fazer.

Mais uma vez, gera-se frustração, desilusão, impotência, solidão.

 

Depois, há, por vezes, um grande desencontro de pensamentos e intenções entre estas duas gerações, que levam a que a relação, em vez de se fortalecer, enfraqueça e que ambos, em vez de se unirem, se afastem.

 

Os pais, adultos, com experiência, acham sempre que sabem o que é melhor para os filhos. Qual a melhor forma de os educar para que se tornem adultos "funcionais", integrados e aceites pela sociedade.

Os filhos, acham que os adultos não são capazes de os compreender e, como tal, não os conseguirão ajudar, estando entregues a si mesmos.

 

Os pais, tentam não se meter muito na vida dos filhos porque acham sempre que eles veem isso como uma intromissão, invasão de privacidade, e não gostam.

Os filhos, acham sempre que os pais não perguntam nada, porque não querem saber, porque andam demasiado ocupados para se preocuparem com eles.

 

Os pais, ainda que os filhos não se abram com eles, acham sempre que sabem como os filhos se sentem, porque são seus filhos.
 
Os filhos, ainda que não digam o que sentem, acham sempre que os pais deveriam sabê-lo, pelo simples facto de serem pais.
 
 
Os pais, acham sempre que, quando tudo dá errado com os filhos, é culpa é sua. Ainda que não saibam bem qual. Ou dos filhos, quando se querem descartar dela.
 
Da mesma forma, os filhos culpam-se sempre. Ou culpam os pais, só porque acham que tem que haver um culpado.
Quando, na verdade, nem sempre existe culpa, mas apenas um acumular de situações que não se poderiam prever, condicionadas por um ambiente que, também ele não era o mais favorável, e decorridas no meio de uma sociedade que, também ela, não oferece soluções adequadas. 
 
 
Seria bom que "achassem" menos, e conversassem mais...
Poderia não tornar as relações perfeitas, mas evitaria muitos mal entendidos.
Poderia não mudar o rumo das suas vidas, mas tornaria tudo muito mais claro.
Ou poderia, de facto, fazer a diferença.
 
 
Ser pai/ mãe, e ser filho(a) são os papéis mais difíceis de desempenhar porque não há guião. 
Não há uma mesma forma de o fazer. Não há um padrão a seguir.
Cada pai/ mãe, e cada filho(a) são diferentes, e isso pode gerar os mais diversos cenários, à medida que os seus papéis vão sendo desempenhados.
Vai sempre haver erros, de ambas as partes.
Vai sempre haver coisas que ambas farão bem.
 
Mas é quase como uma aposta.
Temos tantas hipóteses de falhar, como apenas de nos aproximar, ou de acertar na chave vencedora.
Mas não é por isso que deixamos de apostar. E de tentar, semana após semana.
Da mesma forma que nunca deixamos de ser pais, ou filhos, ainda que nem sempre isso resulte da forma que esperámos, ou desejámos.
 
 
 
 

Crianças "prodígio": uma dádiva ou uma maldição?

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Ao longo do tempo, várias foram as crianças sobredotadas, também denominadas de "crianças prodígio", que se destacaram das restantes, das mais diversas formas, e nas mais diferentes áreas.

Uma criança destas não é, necessariamente, a melhor e mais inteligente em tudo, mas antes com um foco e especificidade própria sendo, por vezes, até desajeitadas no resto.

Ainda assim, é um dom. E um dom, deveria ser uma coisa boa, positiva.

 

No entanto, existem dons que se revelam, muitas vezes, uma "maldição" para quem os tem. Algo que os torna diferentes e, como tal, difíceis de compreender, aceitar, conviver.

A diferença, em vez de ser positiva, acaba por ter a conotação contrária.

É algo que as isola, que as coloca sob pressão, que as faz sentir-se exploradas, ou desejadas apenas e só, por esse dom.

 

Muitas vezes, professores mas, sobretudo, os pais, acabam por exigir ainda mais do que era suposto, a estas crianças que, apesar de tudo, deveriam ter uma vida normal, como qualquer outra.

 

É o caso de Laurent Simons, um rapaz de 9 anos, cujos pais queriam que ele se licenciasse antes do seu 10º aniversário, a 26 de Dezembro.

A universidade disse que era impossível, e os pais amuaram, e tiraram de lá o filho. Porque, para eles, tem que ser possível.

 

"O curso de Laurent demora três anos a fazer, mas ele esperava completá-lo em apenas dez meses. Contudo, a universidade avisou que seria impossível cumprir o prazo, visto que ele ainda tinha muitos exames para fazer, sugerindo que ele poderia acabar o curso em meados de 2020. Num comunicado citado pela BBC, a universidade indicou que apressar o final do curso não era compatível com o "discernimento, a criatividade e a análise crítica" necessários e que isso iria refletir-se no seu desenvolvimento académico.

Além disso, a universidade alertou contra a "pressão excessiva sobre o aluno de 9 anos", que reitera ter "um talento sem precedentes"."

 

 

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Já no filme "Gifted", uma avó queria à força que a sua neta seguisse os passos da mãe (que acabou por não aguentar a pressão e se suicidar), porque era um desperdício não aproveitar o seu dom para grandes feitos, e deixá-la levar uma vida normal, conviver com as crianças "normais" e frequentar uma escola "banal", como o tio o fazia, cumprindo o desejo e vontade da sua falecida irmã.

Não que ele ocultasse ou quisesse impedir que a sobrinha usasse o seu talento. Mas fazia-lhe ver que a vida era muito mais que isso.

A partir do momento em que a avó ficou com a guarda da neta, ela viu-se rodeada de livros, professores, estudo e mais estudo, e nem lhe permitiram ficar com o seu gato de estimação.

E aquela criança passou a ser uma criança infeliz, revoltada.

 

A ideia com que fico é que, apesar de tudo, ser-se uma criança sobredotada é sinónimo de solidão, vazio, incompreensão, desajustamento, um certo "peso" que nem todas conseguem carregar, até mesmo alguma discriminação.

Que são, muitas vezes, usadas para caprichos e interesses de quem pode, de alguma forma, tirar partido delas, para benefício de si próprio, e não das crianças.

Que nem todos os que com elas lidam sabem gerir e manter um equilíbrio saudável entre um dom com o qual se nasceu, e tudo o resto.

Matéria da universidade no 9º ano?!

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Há cerca de um ano ouvi falar, pela primeira vez, em termos como sistema nervoso central, sistema nervoso periférico, sistema simpático, sistema parassimpático e afins.

Estava o meu marido no primeiro semestre da licenciatura em Ciências do Desporto, a estudar esta matéria na cadeira de Anatomofisiologia. Ele bem me queria explicar todos estes conceitos, mas eu já não o podia nem ouvir falar deles!

 

Este ano, quando deu uma olhadela nos conteúdos das várias disciplinas que a minha filha iria dar, torci logo o nariz às ciências: a maior parte da matéria era sobre o corpo humano - a matéria em que sempre teve mais dificuldades. Mal sabia eu o que estava por vir.

 

Ontem, trouxe uma ficha de ciências para fazer. Pediu-nos ajuda. Era sobre o sistema nervoso.

Eu estava a olhar para aquilo pela primeira vez, o livro não é muito explícito e fiquei um pouco à nora. O meu marido ajudou, e ficou extremamente surpreendido porque a matéria que ela está a estudar, foi aquela que ele teve na universidade!

 

Será impressão minha, ou os programas cada vez exigem mais dos alunos, e cada vez mais cedo?

Ou serão os alunos de hoje muito mais capacitados para apreender uma quantidade infinita e complexa de conhecimentos, do que éramos nós, no nosso tempo?

 

O que eu sei é que tanto a minha filha, que está a aprender esta matéria, como o meu marido, que já a estudou, como eu, que a vi pela primeira vez, de tanto olhar para os livros e imagens dos neurónios, ficámos com os nossos próprios neurónios todos avariados! 

Quando terminámos o último exercício, foi uma festa!

 

Sobre a amizade

 

Não existem pessoas perfeitas e, como tal, também não existirão, certamente, amores perfeitos (a não ser a flor) ou amizades perfeitas.

Porque, antes de sermos amigos, somos humanos, e os humanos cometem erros e falham. 

Mas, será que se pode considerar amigo alguém que, de um dia para o outro, deixa de dizer o que quer que seja, se torna incontactável e, simplesmente, desaparece?

Será que se pode considerar amigo alguém que apenas nos procura por interesse, quando lhe convém?

Será que os amigos tentam que façamos tudo à maneira deles, não nos dando espaço para emitir as nossa próprias vontades ou opiniões, nem tão pouco para tomarmos as nossas próprias atitudes, ou os contrariar?

Será que um verdadeiro amigo fica aborrecido com os nossos sucessos ou vitórias, ou sente inveja das nossas conquistas?

Afinal, como é que se distinguem os verdadeiros amigos entre os amigos?

Existem algumas regras ou critérios específicos para os classificar?

Serão nossos amigos mesmo aqueles que cometem erros e não agem como deveriam, só porque faz parte do ser humano errar, e perdoar?

Será que devemos ser muito exigentes com as nossas amizades, e correr o risco de excluir a todas da nossa vida?

Ou será que devemos ser menos exigentes, e desculparmos determinadas atitudes menos correctas porque, apesar de tudo, gostamos dessas pessoas e queremos continuar a tê-las como amigos?

Onde é que se situa a fronteira entre o que é permitido ou não numa amizade?