Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

A efemeridade do amor

(1 Foto, 1 Texto #78)

1000015844.jpg

 

Não de todos, claro!

Há amores que resistem. Que sobrevivem. Que perduram.

Assentes em alicerces firmes.

Seguros por fortes raízes.

 

Mas, outros, são tão efémeros como esta flor.

Tão difícil de despontar.

E quando, finalmente, o consegue, apesar de todas as adversidades, logo vê o seu fim chegar.

Num dia, estava ali, solitária, a querer mostrar que era possível, mesmo que as expectactivas fossem mínimas.

E, no seguinte, já lá não estava.

 

Como um amor que morreu, ainda mal tinha começado.

Porque, tal como a árvore onde esta flor nasceu, que um dia já floriu e deu frutos em todo o seu esplendor, e que agora parece condenada a meros galhos e meia dúzia de folhas, também há amores que estão destinados a ser breves. 

A não vingar.

A estar condenados, ainda antes de acontecerem.

 

 

Texto escrito para o Desafio 1 Foto, 1 Texto

Festival Eurovisão da Canção Júnior 2024

458273578_923301016502861_2868233099991198182_n.jp

 

Nunca liguei muito ao Festival Eurovisão da Canção Júnior.

Ia lendo uma notícia ou outra.

Já sabendo que Portugal nunca ganha estas coisas.

 

No entanto, este ano, as expectativas estavam altas.

Comecei a perceber que a nossa música, e a Victoria, era uma das favoritas à vitória.

Seria possível?

 

Entretanto, soube que o Festival seria transmitido, no sábado à tarde, pela RTP.

E, curiosa, fui ver.

 

Neste festival, consegue-se perceber meia dúzia de coisas:

- há crianças que já nasceram para brilhar, com um talento nato, a dar baile a muitos adultos que dizem que cantam

- há crianças que, pelo contrário, terão mais dificuldade em singrar nesse mundo, e precisam de uma maior aprendizagem (as representantes de San Marino foram um bom exemplo disso, tanto a nível vocal como de presença em palco)

- há crianças que começam desde cedo com tiques de vedeta, manias e gestos que os definem enquanto cantam

- há crianças que pisam o palco como tal, e outras que já querem parecer mais crescidas

 

As minhas favoritas, para além de Portugal, claro (que não o era só por ser Portugal, porque a música era bonita e a Victoria tem uma bela voz), eram as da Ucrânia, Macedónia do Norte e Malta.

Não vencendo Portugal, para mim, teria sido a Ucrânia a vencedora.

 

Pois nem uma, nem outra.

Apesar de, em termos de votos do público, Portugal ter sido o mais pontuado, foi a Geórgia que, somando a vitória da pontuação do júri à pontuação do público, levou o troféu.

Portugal conseguiu, ainda assim, o segundo lugar, melhor posição de sempre desde que participa.

 

 

 Imagem: junioreurovision

 

O papel mais difícil de desempenhar na vida

Pode ser uma imagem de criança, céu e texto

 

São dois, na verdade.

O papel de pai/ mãe. E o papel de filho(a).

 

Não é fácil ser filho(a).

Há que corresponder a demasiadas expectativas que, para si, foram criadas, pelos pais. Ao nível de exigência que lhes é imposto. 

Estão, muitas vezes, sujeitos a comparações com irmãos, colegas, amigos, filhos de amigos dos pais.

Estão, muitas vezes, condicionados pelos pais, pela função que exercem, pelo papel que têm na sociedade, e nos seus grupos.

E, como se isso não bastasse, ainda têm que lidar com os seus próprios problemas. 

Com a aceitação dos colegas e amigos, gerando sentimento de pertença a algo. Ou com a exclusão, se não se identificarem com o grupo.

Têm que aprender a viver num mundo que é só deles, e os pais pouco poderão fazer para tornar esse mundo melhor. Podem dar-lhes ferramentas. Mas não podem travar as suas lutas.

Podem até compreender. Mas não são eles que estão a viver.

E gera-se frustração, desilusão, impotência, solidão.

 

Não é fácil ser pai/ mãe.

Porque não há livro de instruções. Nem receita para esse papel.

Podemos dar tudo o que temos aos filhos. Todo o amor, toda a compreensão, todo o apoio, todo o carinho. Todo o nosso tempo. E, ainda assim, não ser suficiente. E, ainda assim, descobrirmos que tudo falhou.

Da mesma forma que, muitas vezes, falha com aqueles pais que não têm tempo para dedicar aos filhos, e os deixam entregues a si mesmos.

Porque, na verdade, é impossível conhecer os nossos filhos na totalidade.

Eles só nos mostram a parte do seu mundo que querem que nós vejamos. A outra, só eles sabem.

E nós, seja porque não conseguimos ver mesmo, porque fazemos por não ver, ou porque estamos demasiado ocupados a olhar para outro lado, estamos longe de perceber o lado não visível.

Criamos uma imagem dos filhos, e é com ela que vivemos. Não significa que seja verdadeira. Ou totalmente verdadeira.

E é algo que nunca iremos conseguir ver, se os nossos filhos não se sentirem à vontade para mostrar. Se não sentirem que o podem fazer. Se não acreditarem que vale a pena.

Por outro lado, eles são eles, e têm uma palavra a dizer sobre a sua vida. Sobre quem são. Sobre quem irão ser. Nem tudo está nas nossas mãos e, como tal, nem sempre há algo que possamos fazer.

Mais uma vez, gera-se frustração, desilusão, impotência, solidão.

 

Depois, há, por vezes, um grande desencontro de pensamentos e intenções entre estas duas gerações, que levam a que a relação, em vez de se fortalecer, enfraqueça e que ambos, em vez de se unirem, se afastem.

 

Os pais, adultos, com experiência, acham sempre que sabem o que é melhor para os filhos. Qual a melhor forma de os educar para que se tornem adultos "funcionais", integrados e aceites pela sociedade.

Os filhos, acham que os adultos não são capazes de os compreender e, como tal, não os conseguirão ajudar, estando entregues a si mesmos.

 

Os pais, tentam não se meter muito na vida dos filhos porque acham sempre que eles veem isso como uma intromissão, invasão de privacidade, e não gostam.

Os filhos, acham sempre que os pais não perguntam nada, porque não querem saber, porque andam demasiado ocupados para se preocuparem com eles.

 

Os pais, ainda que os filhos não se abram com eles, acham sempre que sabem como os filhos se sentem, porque são seus filhos.
 
Os filhos, ainda que não digam o que sentem, acham sempre que os pais deveriam sabê-lo, pelo simples facto de serem pais.
 
 
Os pais, acham sempre que, quando tudo dá errado com os filhos, é culpa é sua. Ainda que não saibam bem qual. Ou dos filhos, quando se querem descartar dela.
 
Da mesma forma, os filhos culpam-se sempre. Ou culpam os pais, só porque acham que tem que haver um culpado.
Quando, na verdade, nem sempre existe culpa, mas apenas um acumular de situações que não se poderiam prever, condicionadas por um ambiente que, também ele não era o mais favorável, e decorridas no meio de uma sociedade que, também ela, não oferece soluções adequadas. 
 
 
Seria bom que "achassem" menos, e conversassem mais...
Poderia não tornar as relações perfeitas, mas evitaria muitos mal entendidos.
Poderia não mudar o rumo das suas vidas, mas tornaria tudo muito mais claro.
Ou poderia, de facto, fazer a diferença.
 
 
Ser pai/ mãe, e ser filho(a) são os papéis mais difíceis de desempenhar porque não há guião. 
Não há uma mesma forma de o fazer. Não há um padrão a seguir.
Cada pai/ mãe, e cada filho(a) são diferentes, e isso pode gerar os mais diversos cenários, à medida que os seus papéis vão sendo desempenhados.
Vai sempre haver erros, de ambas as partes.
Vai sempre haver coisas que ambas farão bem.
 
Mas é quase como uma aposta.
Temos tantas hipóteses de falhar, como apenas de nos aproximar, ou de acertar na chave vencedora.
Mas não é por isso que deixamos de apostar. E de tentar, semana após semana.
Da mesma forma que nunca deixamos de ser pais, ou filhos, ainda que nem sempre isso resulte da forma que esperámos, ou desejámos.
 
 
 
 

Do ano 2020 que está prestes a terminar

2020-1.jpg

 

Dizia eu (que gosto de números redondinhos e pares) há cerca de um ano, que estava confiante no novo ano que vinha a caminho.

Achava, sinceramente, que 2020 iria ser um bom ano, cheio de coisas positivas.

 

Pois que, apesar de estar redondamente enganada, 2020 acabou por ser um ano que ficará, sem dúvida, para a história. Um ano do qual ninguém se esquecerá, por bons e maus motivos. 

 

Foi um ano de receios, de incertezas, de desconfiança, por conta de uma pandemia que nunca pensámos algum dia viver, e que só conhecíamos dos filmes, e da História de outros tempos.

Foi um ano que nos pôs à prova.

Que nos levou a acreditar que a natureza sairia beneficiada, até percebermos que não. Que nos deu esperança que o ser humano mudasse para melhor, mas que se veio a verificar ser sol de pouca dura.

Como aquele raio de sol, que fura uma tempestade para nos enganar e acharmos que está tudo bem, para logo em seguida se esconder e o temporal vir ainda com mais força.

 

Foi um ano que testou os nossos limites, a nossa capacidade de adaptação e sobrevivência, a nossa resiliência.

Foi um ano de perdas para muitos, mas de reinvenção para outros.

 

No meu caso, posso dizer que foi um ano bom, apesar de tudo.

Não fui directamente afectada pela pandemia, quer em termos de saúde, quer em termos financeiros. Aliás, foi um ano em que consegui, finalmente, poupar alguns euros.

Não me dei prioridade muitas vezes, como tinha desejado mas, ainda assim, foi um ano em que me pus em primeiro lugar mais vezes, do que nos anteriores. 

Continuo a ter a minha família bem, e perto de mim.

Quase terminei o ano solteira, mas o vento mudou de direcção, e acabou por não nos separar.

Foi um ano que me fez estar mais certa daquilo que quero para a minha vida e, sobretudo, daquilo que não quero. Que me deu coragem, clareza.

 

Foi, decididamente, um ano de Netflix, tantas foram as séries e filmes que vi nesta plataforma!

Foi um ano de passeios pela natureza.

Foi um ano de compras online. De experimentar lojas digitais que não conhecia. E que bom é poder evitar as enchentes dos shoppings!

Foi o primeiro ano sem praia, mas o primeiro também com férias para descansar.

 

2020 foi um ano que passou ainda mais rapidamente que os anteriores, e quase nem demos por ele.

Mas, ainda assim, marcou.

E marcou-nos a todos.

Um ano que está prestes a despedir-se.

E que, apesar de tudo, irá deixar saudades.

 

 

 

O melhor momento para viver é o "agora"

O desafio de viver no presente – Matrika

 

Quando somos novos, depositamos todos os nossos pensamentos e planos no futuro.

O que há-de vir. 

Quando terminarmos os estudos. Quando entrarmos no mundo laboral. Quando formarmos família. Quando tivermos a nossa casa. E tantas outras coisas que idealizamos para o nosso futuro.

Por vezes, estamos tão focados nesse futuro, e tão ansiosos para que chegue depressa e saia tudo como planeámos, que nem aproveitamos o tempo que estamos a viver naquele momento.

Estamos lá fisicamente mas, mentalmente, já estamos mais à frente. Demasiado à frente.

 

Por outro lado, quanto mais os anos vão passando por nós, mais nos focamos nas memórias do que já vivemos. Nas recordações de tempos passados, de quando tínhamos isto, ou fazíamos aquilo.

De forma totalmente inversa, viramo-nos para o passado, esquecendo que, por muito que já tenhamos vivido, enquanto cá estivermos, não chegámos à meta, há sempre algo mais à nossa frente. 

 

O único momento em que não pensamos muito no que já passou, e nem queremos saber do que está por vir, encontra-se a meio do nosso percurso de vida.

Porque ainda não estamos na fase saudosista, de quem pensa que já não tem muito mais para aproveitar, nem na fase de ainda planearmos o futuro, que já percebemos que nem sempre corre como o imaginámos, e mais vale deixar as coisas acontecerem, sem grandes expectativas.

Por isso mesmo, para quem está nesse patamar de vida, o melhor momento para viver, é o "agora"!