Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada...
Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!
Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada...
Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!
Este é um filme, inspirado em factos reais, sobre o tráfico humano na África do Sul.
Seis meninas foram sequestradas e nunca mais ninguém soube delas. Cinco delas, foram traficadas e levadas para outros países. Uma, ficou, e tornou-se escrava sexual.
Vários anos mais tarde, Jodie, uma investigadora policial, continua nas suas lutas para acabar com o tráfico humano mas, a determinado momento, é chamada para acompanhar alguns assassinatos que estão a ocorrer e que, aparentemente, estão relacionados com as tais seis raparigas desaparecidas.
Jodie é aquela investigadora que, na ânsia de conseguir desmantelar as redes de tráfico, acaba por pôr toda a operação em risco, e não conseguir nada.
Na verdade, atrevo-me a dizer que ela só atrapalha. Não só não faz nada de jeito, como não ajuda os outros a fazê-lo.
Mais eficaz, certeira e implacável, é o assassino que anda a matar pedófilos, assinando, em cada um deles, as iniciais de cada uma das meninas desaparecidas.
A pessoa que fornece pistas fundamentais, ainda que mal aproveitadas, para apanhar todos os que, de alguma forma, estão envolvidos nessa rede de tráfico.
Ela é Ntombizonke Bapai.
Ela é a sexta miúda desaparecida. A que ficou. A que sobreviveu. A que se tornou policial em horário de serviço, e justiceira, nas horas vagas.
Ela é todas elas!
A única que sabe o que faz mas que, por conta de quem não tem noção do que deve fazer, ou como agir, está sozinha nessa luta.
O filme não é mau, mas peca por não criar suspense.
Chegamos ali aos 30 minutos, e podemos dizer que está visto. Já sabemos quem é o assassino do capuz, o que está a fazer, que pessoas vai matar.
O que resta do filme, é para perceber se tudo vai correr como previsto.
E a verdade é que, nem tudo, sai como esperado.
No fim, há os que têm o merecido castigo, e os que escapam impunes.
Há os que lutam, e morrem. E os que nada fazem, e vivem.
Há frustração.
Mas também uma ténue esperança de que determinadas pessoas tenham aprendido a lição, e façam o trabalho bem feito, da próxima vez.
Nos dias que correm, muitas são as mulheres vítimas de violações. E muitas são as que utilizam esse argumento para fins menos nobres.
Nos dias que correm, as mulheres ainda são vistas como provocadoras, como merecedoras, como causadoras de muitos dos males que lhes acontecem.
E, muitas vezes, como mentirosas!
Será que, quando uma mulher diz que foi violada, está a mentir?
Fará alguma diferença a investigação ser liderada por homens, ou por mulheres?
Influenciará, esse factor, a credibilidade das vítimas?
E o seu passado, poderá influenciar? Ou o seu comportamento e forma de lidar com o trauma?
Marie Adler é uma jovem que passou quase toda a sua vida em famílias de acolhimento, até que , com o acompanhamento de orientadores, vai para uma residência, em autonomia.
Numa manhã, vêmo-la afirmar que foi vítima de violação. Consigo está uma das suas mães de acolhimento. Segue-se a polícia, os investigadores. As perguntas, os exames periciais, as perguntas de novo.
A vítima é obrigada a contar uma, e outra, e outra vez, tudo aquilo que ela mais quer esquecer. Para além do abuso de que já foi vítima, vê o seu corpo ser, de novo, invadido e analisado ao pormenor.
E, como já sabemos, o corpo e a mente de cada vítima tem diferentes formas de reagir a um mesmo trauma.
E se, num primeiro momento, parecemos acreditar, nós e os investigadores, que Marie Adler diz a verdade, logo a sua estranha forma de agir nos leva, tal como às suas mães de acolhimento e, mais tarde, aos investigadores, a duvidar da veracidade dessa história.
Mais ainda quando a própria vítima, a determinado momento, reconhece que é tudo mentira para, mais tarde, querer voltar atrás, e estar constantemente a querer mudar o seu depoimento.
Acusada pelos investigadores de os estar a fazer perder tempo, Marie acaba por ver o seu caso arquivado, e a sua vida transformada num inferno por ter, supostamente, inventado a história da violação.
Dos amigos ao trabalho, quase todos lhe viram as costas e Marie vê-se, diariamente, julgada em praça pública e até, acusada de falso testemunho.
Enquanto Marie vai tentando sobreviver ao caos em que a sua vida se tornou, começam a surgir novas vítimas de violação.
O agressor é esperto, e parece não deixar nada ao acaso, sabendo como funcionam os métodos policiais, limpando qualquer vestígio ou pista que pudesse levar a descobri-lo.
E é apenas quando duas investigadoras distintas comparam os seus casos, que se unem por um objectivo comum de descobrir o predador, que percebem ser um violador em série.
Depois de uma investigação com muitos altos e baixos, com pistas que não levam a lado nenhum, e outras que se verificam mais produtivas, é apanhado o violador.
Entre o seu material, um disco enorme com possíveis informações sobre todas as vítimas, mas impossível de abrir, sem a ajuda do agressor, que se recusa a fazê-lo.
E entre as várias fotografias das vítimas que ele tirou, são encontradas 8 fotos de Marie Adler!
Afinal, Marie disse a verdade.
E agora, quem lhe vai devolver tudo o que lhe foi tirado?
Como é que se pede desculpa a alguém de quem se duvidou e, até, acusou de mentir?
Como se redime um investigador, que pouco caso fez da vítima?
Gostei da premissa da série.
São 8 episódios que passam num instante.
Não gostei muito do final.
Achei que deveria haver ali algo mais. Algum mistério adicional. Algo que nos deixasse a pensar.
Foi tudo demasiado simples, demasiado limpinho, sem respostas concretas a algumas questões, com algumas pontas meio atadas.
Ainda assim, vale a pena ver!
"Unbelievable" é uma minissérie baseada em factos reais, e inspirada num artigo vencedor do Prémio Pulitzer de jornalismo em 2016.
Não é um trabalho fácil. Vivem em constante perigo, muitas vezes isolados, ou com vidas duplas, correm riscos, e não podem falar sobre nada.
O ideal, para um agente secreto, é não ter família. Porque, quando existe, duplicam os problemas.
Poderá um agente secreto, simultaneamente, ter uma família a quem dar atenção e ausentar-se a todo o momento, sem qualquer explicação? Conseguirão as relações e os casamentos resistir?
Até que ponto estará um agente secreto disposto a ir, e a escolher, entre ficar ao lado da família, ou servir a pátria?
E será que alguém lhes reconhece esse valor? Será que os superiores se preocupam mesmo com a vida destes agentes, ou apenas estão com eles quando lhes são úteis, quando precisam deles?
E, se tudo isto já seria complicado quando falamos de homens, imaginemos quão difícil será para as mulheres?
Mulheres que são filhas. Mulheres que são mães. Mulheres que querem formar família, e ter uma vida normal, ao mesmo tempo que querem ter um papel relevante no seu trabalho, e ser aceites como iguais num mundo dominado pelo sexo masculino.
No Colômbia, houve uma equipa, formada inteiramente por mulheres, que combateu os traficantes na região e fez história, mostrando como estas agentes, que também são mães, filhas, esposas, tias, irmãs, enfrentam inimigos perigosos, arriscando as suas vidas e, muitas vezes, as dos seus familiares, no cumprimento de um dever maior, que é lutar pelo seu país.
A série da Netflix "A Lei Secreta", é baseada nesses acontecimentos, e em testemunhos reais dessas agentes, e mostra a rotina de uma equipa de agentes da Inteligência, composta maioritariamente por mulheres, que terão de se infiltrar numa enorme organização de narcotraficantes, a fim de descobrir quem é o verdadeiro chefe do grupo, e derrubar os barões da droga e os seus associados.
Ao longo da série, vamos conhecendo as várias personagens, as suas dificuldades, os seus dilemas, as suas escolhas e decisões, e respectivas consequências, os perigos a que se submetem, aquilo que são obrigadas a abdicar.
Alejandra
Uma jovem que vive com a sobrinha, após a mãe desta a ter deixado há quase um ano e que, para poder arranjar dinheiro para dar uma vida melhor à sobrinha, que ama, e sair daquele bairro pobre onde reina a violência e a delinquência, aceita ser "mula".
Inexperiente, apesar de inteligente e cheia de recursos, acaba por ser apanhada pelo DIP, que a obriga a ajudá-los, para não ser presa.
Alejandra faz tudo o que for preciso para ficar com a sobrinha Kimberly, mas esta colaboração vai acabar por prejudicar ainda mais a situação, e levá-la a perder a guarda da menina, que acaba numa instituição.
Cansada de ser pressionada, tanto do lado da polícia, como dos traficantes com quem teve que se envolver, Alejandra resolve que mais vale ir presa, do que continuar a viver assim.
É então que o coronel Porto decide deixar de tratá-la como a criminosa que foi, para tratá-la como a agente em que se poderá tornar.
Alejandra é impulsiva, de "pelo na venta", temperamental, diz tudo o que pensa e faz o que acha que deve fazer, muitas vezes sem medir os riscos, mas não é mulher de desistir, ou baixar os braços e, como dizem, tem uma estrelinha que a favorece.
Tatiana
Confesso que não gostei muito desta personagem. Sempre com aquele ar de mosca morta, acaba por ser a agente mais fraca, embora profissional. No início vemos uma Tatiana feliz, em plena lua de mel, a ter que deixar o marido sozinho porque foi chamada para mais uma missão.
E, quando essa missão implica envolver-se com outro homem, pelo qual se começa a apaixonar, toda a sua vida, pessoal e profissional, se vira do avesso.
A determinado momento, Tatiana terá que escolher entre continuar a enganar-se a si própria, e aos que o rodeiam, nomeadamente, o marido, ou assumir aquilo que sente, e decidir entre ficar ao lado de um homem que pertence à organização de narcotraficantes, ou continuar com o seu trabalho, e levar a pessoa que ama a pagar pelos crimes que cometeu.
Ainda mais quando foram os líderes dessa organização que quase mataram o seu pai, e o deixaram no estado em que ela, mais tarde, o irá encontrar.
Amélia
A missão desta agente é, de longe, a mais dura e difícil. Infiltrar-se no acampamento do comandante Bigotes, em plena selva.
Depois de ter voltado da primeira missão, descobre que a mãe, da qual esteve afastada durante meses, sofre de cancro, e precisa de tratamento urgente, optando por abandonar o DIP, para cuidar dela.
Mas, sem dinheiro para pagar tudo o que é preciso, vê-se obrigada a voltar para o DIP, que lhe garante que se encarregará de todas as despesas.
E é assim que Amélia abandona, mais uma vez, o irmão e a mãe, sem saber se a voltará a ver com vida, e ignorando que, ela própria, poderá vir a temer pela própria vida.
Pode até vir a conseguir a confiança do comandante Bigotes, mas qual o preço a pagar por isso? E quem arrastará com ela nessa missão perigosa?
Para mim, é uma das melhores agentes. Paciente, astuta, observadora, resistente, lutadora.
Sandra
É a capitã da equipa e, desta vez, tal como há 10 anos atrás, terá que voltar a vestir a pele de Laura, juntamente com Sebastián, que dará novamente vida a Juan Pablo.
Algo os afastou depois da última missão, e será muito difícil voltarem a trabalhar juntos de novo, como casal que um dia foram, na ficção, e na realidade.
Para Sandra, esta será a última missão. Com um filho que reclama a atenção da mãe, e com o seu pai a partir para outra cidade para viver a sua vida, Sandra sabe que não pode deixar o filho sozinho, até porque lhe prometeu que estaria mais presente na sua vida.
Por outro lado, afirmando que não pode contactar o pai do miúdo, porque nos casos de inseminação artificial não é dado o contacto do doador, Sandra está de pés e mãos atados, porque o filho só pode contar com ela. E ela sabe que, não podendo recuperar o tempo perdido, terá que compensá-lo com o que ainda poderão viver.
A determinado momento, Lucas é envolvido na missão, e conhece Sebastián, com quem estabelece uma bonita relação que nos leva a desconfiar que poderá ser o seu pai. Ao mesmo tempo, Sandra e Sebastián voltam a envolver-se, e prometem que, desta vez, nada os vai separar, e vão formar uma família.
Mas a missão tem outros planos para eles, e algumas decisões e revelações vão levar a dias muito duros para Sandra.
Para além destas 4 mulheres, temos ainda a coronel María Emma que, a determinado momento, estará sob a suspeita de ser a traidora do DIP, a agente Bertha, e a sargento Rojas.
Do lado dos homens, destaque para o coronel Porto que, graças a Alejandra, vai dar um novo rumo à sua vida e perceber que a sua vida não precisa de se resumir a trabalho e solidão, e que há muito mais para disfrutar. E Forero, companheiro de Tatiana, e craque da tecnologia.
Do lado dos traficantes, o destaque vai para Júnior, filho do traficante líder da organização que morreu há 10 anos atrás, pela mão de Sebastián.
Carrega o passado e os erros do pai, que o transformaram no que é hoje. Um rapaz mimado, que faz birra quando as coisas não correm como ele quer, mas capaz de dar um tiro a quem ache que já não lhe serve, incluindo o seu companheiro que diz amar.
Binoche, é o banqueiro responsável pela lavagem de dinheiro, enquanto Eduardo se encarrega do transporte da mercadoria, e Bigotes da produção.
O que achei curioso nesta série foi ver até que ponto a droga pode estar presente no meio de nós, sem sequer darmos conta.
Achei algumas situações estranhas, de como agentes supostamente treinadas para tudo, ficaram sem acção em determinadas situações.
Não fiquei surpresa no que toca à corrupção, já que qualquer criminoso do topo que se preze, tem que ter aliados em algumas destas forças.
A série tem cenas muito fortes, algumas chocantes, e outras que nos levam às lágrimas, tal a forma como mexem com as nossas emoções.
Confesso que, depois de ver dois episódios, estive quase a desistir de acompanhar, vendo outras pelo meio, mais curtas. Mas ainda bem que insisti e voltei a esta, porque é, sem dúvida, uma série que marca!