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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Coisas

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Há coisas que, quanto mais tempo nos privamos delas, menos sentimos a sua falta.

Mais nos habituamos a não as ter.

Menos necessidade temos das mesmas.

 

Talvez seja um sentimento ilusório.

Porque, muitas vezes, quando temos a oportunidade de experimentá-las de novo, percebemos que, afinal, ainda gostamos delas.

Que ainda nos sabem bem.

Que nem sabíamos que nos faziam falta.

 

Ainda assim, com algumas dessas coisas, sabemos que é diferente.

É certo que as adoramos. 

Que não queremos que deixem de fazer parte da nossa vida.

Que esperamos que, de vez em quando, possamos usufruir delas, aproveitá-las ao máximo.

Mas não permamentemente. 

 

Como se esse tempo já tivesse passado, e não voltasse mais.

Como se fosse mais prejudicial, do que saudável, ou até extenuante, lidar com elas todos os dias.

Há coisas que nos sabem bem apenas em determinados momentos, porque é nesses pequenos momentos que elas se tornam especiais.

 

Como se fosse um presente.

Algo que apenas apreciamos verdadeiramente, porque é esporádico e, por isso mesmo, lhe damos mais valor.

Mas que sabemos que, regularmente, o perderia. Seria apenas algo banal. 

 

E, com outras, talvez nos estejamos apenas a enganar.

Talvez não as queiramos a tempo inteiro, por receio de nos habituarmos a elas de novo, e de não conseguirmos abrir mão delas.

Talvez seja mais fácil acreditar que não nos fazem falta, não as tendo, do que sentir a sua falta, tendo-as.

Ou talvez estejamos sob um feitiço, ou anestesia, cujo o efeito facilmente se quebra quando nos voltamos a deparar com elas.

 

 

Das férias, e do regresso ao trabalho

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Cumprindo a tradição, voltei a escolher as minhas férias no mês de Agosto.

Já tinha tido uma semana em Julho, em conjunto com o meu marido.

A minha filha teve na semana seguinte. Não conseguimos estar juntas.

 

Em Agosto, só consegui estar com ela, em modo férias, um dia! 

Tivemos sorte com o tempo. Foi um daqueles dias de calor, em que fomos as duas à praia, matar saudades dos velhos tempos.

Só as duas.

 

A vida muda.

As pessoas mudam.

As circunstâncias mudam.

E, se há coisa que senti falta, nestas férias, foi de as aproveitar com a minha filha.

Mas ela agora trabalha. Tem as suas responsabilidades. 

 

Por outro lado, é, também, por ela estar a trabalhar, que não sinto aquele "ódio" de estimação pelo mês de Setembro, que significava, para além do regresso ao trabalho, o regresso às aulas.

Mesmo em relação ao trabalho, apesar de sentir que podia estar mais dias de férias, voltei e parece que nem saí daqui.

Tudo entrou no ritmo sem stress.

 

Quanto às férias, serviram para esquecer horários, e a rotina laboral, para dar lugar a caminhadas, umas idas à praia, ver filmes e séries, limpar as orelhas à casa, e dar colo e fazer companhia às felinas. 

 

Da falta de civismo - parte 2

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Estou a procurar, no hipermercado, uma caixa que tenha menos gente.

Dirijo-me a uma que tem uma pessoa com artigos no tapete, e fico nessa.

Tenho apenas um produto na mão.

 

Uns minutos depois, chega uma senhora que, como se eu lhe estivesse a roubar o lugar descaradamente, empurra o carrinho, que nem sequer estava na fila (e ainda que estivesse, não marca lugar nem guarda a vez), e passa-me à frente, como que a dizer que ela já lá estava antes.

 

Podia ter reclamado, explicado que carrinhos não são pessoas na fila e por aí fora mas, para evitar discussões, simplesmente perguntei-lhe se me deixava passar à frente, uma vez que só tinha uma coisa (e ela um carrinho cheio).

Deixou-me passar.

Então, não podia tê-lo feito logo? Tinha que se armar primeiro?

Da falta de civismo - parte 1

(ou como espantar as pessoas da praia)

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Estávamos deitados os dois na praia, e vemos um casal a preparar-se para ir embora.

Digo ao meu marido que, quando sairem, chegamo-nos mais para cima para ficarmos mais abrigados no muro.

Para nosso azar, um senhor aí nos seus 60's veio mais depressa, com o seu chapéu de sol, ocupar aquele espaço.

Paciência.

 

Ainda assim, havia um outro espaço livre junto ao muro, e passámos para lá.

Uns minutos depois, vejo um homem de pé, ao lado das nossas coisas, encostado ao muro. 

Perguntei-me se seria uma nova moda de apanhar banhos de sol e bronzear.

 

Entretanto, chega mais um outro homem, salta para o lado da praia, e traz mais duas crianças.

Encostam-se ali todos ao muro.

O tal senhor mais velho, ao ver que o seu espaço estava a ser "invadido", pegou nas suas coisas e foi procurar outro espaço mais vazio.

Mal o fez, o pai das crianças aproveitou para estender as toalhas naquele espaço.

 

Passados mais uns minutos, começam a fumar ali.

E lá nos espantaram a nós também, que não queríamos estar a levar com o fumo e o cheiro.

80 anos de vida, 6 meses sem ti...

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Janeiro de 2022 é um mês com sabor agridoce.

Neste último dia do mês, 31 de Janeiro, seria dia de celebrarmos os teus 80 anos, se ainda estivesses neste mundo.

Não estás.

Assim, em vez disso, é o dia em que faz, precisamente, 6 meses, que partiste.

 

Seis meses se passaram num ápice.

Parece que ainda há tão pouco tempo estavas cá.

Ao mesmo tempo, parece que há tanto tempo te foste.

Como nunca tinha pensado muito na tua morte, nem no que aconteceria depois dela, não fazia ideia de como seriam estes meses sem ti.

Li, no outro dia, esta frase "Não te sei dizer se algum dia a dor e o vazio passam. O que te posso garantir é que há uma força que nos empurra para a frente.", e faz sentido.

Acredito que parte dessa força que me empurra seja o foco em quem cá ficou, e que precisa agora de apoio.

Parte dessa força, é a própria vida a continuar, e eu ter que a acompanhar, a um ritmo que não deixa grande espaço para pensamentos mais negativos.

Outra parte, o facto de nada ter ficado por dizer, ou fazer. 

 

Sinceramente, pensei que fosse pior.

Passaram-se os anos do pai. 

Passaram-se os aniversários dos teus filhos, de uma das tuas netas, e do teu genro.

Passou-se o Natal, e chegou um Ano Novo.

Seriam, certamente, ocasiões para me custar mais a tua ausência.

Mas, ao contrário de outras pessoas, não é nesses momentos que mais sinto a tua falta.

 

É, antes, em situações ou momentos mais banais, mais simples, mais rotineiros.

Como aquele em que já não te posso dizer que este é o primeiro ano em que a tua neta vai votar, porque fez 18 anos.

Como aquele em que já não vou à papelaria, todas as quintas-feiras, comprar a "nossa revista".

Ou aquele em que já não podes ver que o pai comeu aquele bacalhau espiritual com camarão (e adorou), que também tu já tinhas provado uma vez.

E tantos outros.

 

Hoje, estaríamos a cantar-te os parabéns, nesta data tão especial!

Hoje, cantar-te-emos os parabéns, porque continuaremos a celebrar-te, e brindaremos a ti.

Porque, qualquer que seja a forma, ainda continuas connosco: no pensamento, no coração, e na vida!