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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

A família caprina da Praia do Sul - Ericeira

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Já há muito tempo que ouvia falar desta família caprina, que se passeia pelas falésias das praias da Ericeira, e que pode ser vista, com frequência, junto à Praia do Sul.

 

 

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Diz, quem as acompanha que, no início, eram apenas duas - um casal.

Este ano, parece que a família aumentou, e passaram a três.

 

 

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Estas imagens foram captadas no final da tarde de sexta. 

Disseram-me que, nesse mesmo dia, mais cedo, uma delas tinha caído num buraco e sido resgatada pelos bombeiros.

 

 

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Eu sei que são cabras, e devem estar habituadas a andar nos montes, mas vê-las a caminhar por ali dá medo.

Não sei se têm dono, mas parecem andar livremente.

Embora não apreciem muito que andemos por ali a incomodá-las, também não se chateiam muito: no momento em que nos aproximámos mais, o pai chamou a mulher e a cria, e puseram-se a andar para longe dos humanos curiosos!

 

 

 

 

"Mãe de Aluguer", na Netflix

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Também conhecida como "Laços Maternos", esta é uma série sobre maternidade.

Em todos os seus sentidos, mostrando o que de melhor, e de pior, há, quando falamos de mães (e pais) e filhos, ou de avós e netos, sejam eles de sangue, ou de criação.

É uma história de amor, em todas as suas vertentes. Amor de amigos, amor de família, amor de irmãos.

E de perdão. Porque todos cometemos erros. Mas, de igual forma, todos podemos tentar corrigi-los. Tornarmo-nos pessoas melhores. Aprender com eles.

 

Quando percebi que a série tinha 24 episódios pensei: "Não dá, é muito!"

Gosto de séries pequenas. 

Ainda assim, estava com muita curiosidade, e após ver o primeiro episódio, soube que a iria ver até ao fim.

 

Yeni é uma mulher indígena que, juntamente com o seu pai, deixaram a sua terra natal à procura de uma vida melhor.

Têm, como amigos, Cuca e a neta, Sónia, que são como família.

Carlos e Júlia são um casal que desespera por ter filhos, sendo que Júlia não consegue engravidar. Então, apostam todas as fichas no último embrião, contratando uma barriga de aluguer.

Só que Júlia não a escolheu da forma que seria de esperar.

Aproveitando-se da pobreza e dificuldades de Yeni, e ainda piorando a situação, simulando um rapto no qual o pai de Yeni acaba por tirar a arma ao raptor e disparar contra ele, Júlia força Yeni a ser mãe de aluguer, em troca de tirar o seu pai da prisão.

O que Júlia não contava, era que o seu marido se apaixonasse por Yeni.

No dia do parto, Yeni dá à luz gémeos.

A menina, saudável, é entregue aos pais - Júlia e Carlos. Já o menino, é rejeitado por Nora, mãe de Carlos, por ter nascido com pé torto congénito, sendo abandonado, junto com Yeni, num banco de jardim.

 

 

 

A partir daí, começa tudo.

Dois irmãos separados.

Quem é a verdadeira mãe.

Quais as consequências de serem criados em ambientes familiares e condições diferentes.

E sem saberem da existência um do outro.

Após a rejeição, Yeni decide criar o menino, e será "obrigada" a esconder-se para impedir que o pior aconteça a ambos, constantemente em perigo e ameaçados.

 

Mas há muitos esquemas, muitas armadilhas, muita corrupção, e muitos interesses em jogo, engendrados por Elena e a sua família, que provocam danos irreparáveis não só a Yeni, como a um grupo de mulheres que se sujeitou ao tratamento da sua farmacêutica.

Muito sofrimento, muita chantagem, e muitas mortes.

 

Passada no México, "Mãe de Aluguer" aborda temas como a discriminação racial, em que as mulheres indígenas (e todo o povo indígena em geral), nomeadamente, as totonacas, como é o caso da personagem principal, são vistas como inferiores, meras empregadas, sem quaisquer direitos, nem mesmo a nível de saúde.

E de quem, gente poderosa, é capaz de se aproveitar, dadas as dificuldades que enfrentam nas suas vidas, para conseguir os seus intentos, sem olhar a meios, para atingir os fins.

 

Mas também nos dá a conhecer as tradições e cultura do povo Totonaca, como a dança dos "Voladores", as cerimónias fúnebres, ou os rituais para apresentação de um bebé, uma espécie de batizado.

 

"Mãe de Aluguer" acompanha Yeni, e todas as restantes personagens, desde o nascimento dos gémeos, até à sua adolescência, momento em que toda a verdade vem à tona, e muda o rumo daquelas vidas.

 

É uma história sobre justiça, ainda que não da forma, e no tempo, em que gostaríamos.

Mas mais vale tarde que nunca.

 

Fala de solidão, da falta de amor, de atenção, de presença.

De prioridades, muitas vezes, invertidas, distorcidas.

De querer agradar, ser aceite, numa constante competição sem sentido.

 

E mostra-nos que os laços que criamos, e a família que escolhemos ter, são o mais importante.

São a nossa rede de apoio.

Que nunca nos deixa cair.

Que está sempre lá.

Ainda que já não esteja cá...

 

 

 

 

 

 

Conto de Natal: A rena Toutou!

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Estava eu nas minhas "sete quintas", que é como quem diz, descansadinha da vida, quando aquela humana decide parar, e observar-nos.

A mim, e aos meus irmãos.

Ora pega num, ora pega noutro.

Mas quem é que ela pensa que é?!

Olha, agora! Está a olhar para mim...

Esperem. Está a pegar em mim. Está a pôr-me no cesto das compras.

Larga-me, humana malvada!

E vocês, aí parados, nada fazem? Não me ajudam? Não impedem este rapto em plena luz do dia?

Belos irmãos me saíram.

 

Agora estou mesmo fula.

Se essa humana pensa que pode fazer isso, e ainda espera que eu lhe dê alegrias, está muito enganada.

Vou amuar.

Não lhe vou dar conversa. Nem sequer vou olhar para ela.

 

Agora estou no quarto de outra humana.

Deu-me o nome de Toutou. La reina Toutou. Diz que agora sou irmã daquela outra que ali está.

Eu, uma rena, irmã de uma vaca!

Onde é que isto já se viu!

E que originalidade: àquela outra, chamaram-na de Moumou!

Para o que uma rena está guardada.

 

A culpa é do meu padrinho Nicolau.

Meteu na cabeça que nós, as renas mais novas, temos uma missão diferente a cumprir nesta época.

E ainda tem a lata de nos dizer que, se formos escolhidas, é porque somos especiais.

 

Olhem bem para mim!

Eu, especial? 

Com estes olhos tortos? Com estas orelhas enormes, e estes pés defeituosos?

Pois... Enganem-me, que eu gosto.

 

Mas, dizia eu, o meu padrinho diz que a nossa presença na casa dos humanos lhes leva de volta um pouco da magia perdida do Natal. 

Magia...

Magia vivemos nós na Lapónia.

Quando começa a azáfama das listas de presentes. Que, diga-se de passagem, são cada vez maiores, e mais exigentes.

Quando a fábrica abre portas, e as máquinas começam a trabalhar.

Quando a neve começa a cair.

Quando começamos a treinar para estarmos em forma, e dar a volta ao mundo, a puxar o trenó.

 

Ah, pois... Já me esquecia. Isso está reservado às renas-mor!

Estão mais para a idade da reforma, mas enfim.

Deviam era dar o lugar às novas gerações.

Mas o padrinho confia tanto nelas, que hão-de ter 80 anos, e ainda é vê-las andar por aí.

 

O Natal já não é o que era, é o que vos digo!

O mundo está louco. De pantanas.

E agora, inventaram isto de servirmos de enfeite durante a época. Para depois nos encafuarem num caixote qualquer.

Juntamente com os restantes.

Se isso é ser especial...

 

Mas olhem, aqui que ninguém nos ouve: até nem se está mal nesta casa.

Estou aqui sentadinha, sem me cansar.

O quarto é quentinho.

E até já travei amizade com duas felinas, que me disseram que os humanos são gente boa, que gostam de animais, e que as tratam como rainhas.

Nem tudo está perdido.

Mas, para todos os efeitos, ainda estou furibunda, e vou continuar a fazer cara feia.

 

E não se riam!

Porque isto é muito sério.

 

Mas, perguntam vocês: como é que é suposto as renas devolverem essa magia?

Pois não sei. Não faço ideia.

Não trago pozinhos mágicos no barrete.

E sou desastrada a fazer truques.

O único que consegui até agora foi cruzar as pernas!

 

Mas o padrinho diz que a verdadeira magia é a família estar junta, unida, e cuidarem uns dos outros.

Ainda que não haja árvore de Natal.

Ainda que não haja luzes.

Ainda que não haja presentes.

Ainda que não haja muito o que repartir.

 

Havendo amor, haverá magia.

E se uma simples rena, como eu, fizer parte dessa família, e desse amor, então a missão estará cumprida!

Desejem-me sorte!

 

(E, só entre nós, já não estou a fazer cara feia!)

 

Em resposta ao desafio

da Isabel

foi isto que me saiu, para fugir um pouco à lamechice e aquelas mensagens clichê,

mas com um toque e espírito natalício 

"Partir do Zero", na Netflix

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Antes de mais, devo advertir que esta série talvez não seja aconselhável a pessoas que perderam familiares recentemente.

Mas, caso a comecem a ver, não se deixem (des)iludir pelo primeiros episódios. São enganadores.

 

Desde que a série estreou, que tudo o que tenho lido sobre a mesma vai num único sentido: excelente série, forte, dramática, é impossível alguém não se emocionar.

Pois eu, confesso, vi o primeiro episódio e... que grande seca!

Como é possível dizerem bem, quando isto é tão sem graça, tão banal, tão "mais do mesmo"?

 

Mas insistiam em dizer-me que valia a pena.

Lá continuei a ver. O segundo, ainda sem grande vontade. O terceiro, a melhorar. Daí para a frente, foi um atrás do outro.

E sim, vale bem a pena!

 

Para já, pela banda sonora, sobretudo as músicas italianas.

Depois, por tudo isto:

 

É uma lição de verdadeiro amor

O amor de Amy e Lino é posto à prova de todas as formas, mas nem por isso é abalado ou destruído.

Eles complementam-se. Tentam ser felizes, e fazer o outro feliz.

Tentam resolver os problemas. Conversam. Apoiam-se, em todos os momentos.

Afinal, amor é amizade, desgosto, apoio, família, felicidade, dor, beleza.

Há histórias de amor que são para sempre. E amores verdadeiros que vivem para além da vida.

 

É uma lição sobre a importância da família

Podemos não ter as mesmas ideias, as mesmas formas de viver, os mesmos objectivos.

Os nossos familiares podem não ser perfeitos, podem dar connosco em doidos, podem não nos compreender.

Podemos até nos desentender, dizer coisas que não devíamos, por vezes magoar.

Mas a verdadeira família, está lá quando é preciso.

Nos bons, e nos maus momentos.

E que não sejam preciso os maus momentos para voltar a unir familiares desavindos. Porque mais vale tarde que nunca, mas o tarde pode ser tarde demais.

 

É um alerta para a vida

Porque a vida pode ser curta. E nunca sabemos o que ela nos reserva.

Hoje estamos bem. Amanhã tudo pode mudar.

Nada é garantido. 

 

É uma lição sobre nunca desistir dos sonhos

De que serve a vida sem sonhos?

De que serve viver pela metade?

Lino dizia muitas vezes a Amy: "Porque não? Como dizem os americanos, é tudo ou nada!"

E sim, é verdade que, mesmo que os cheguemos a concretizar, a vida pode vir, e destruí-los.

Mas não terá valido a pena tentar?

Aproveitar o que nos foi permitido experienciar?

 

É uma história sobre mudanças, aceitação, integração

Nem sempre é fácil mudar para um país diferente, onde somos apenas mais uma pessoa, um forasteiro.

Longe da família, longe dos amigos, longe daquilo que sempre nos fez feliz.

Nem sempre é fácil querer agradar, e ser rejeitado, ainda que não intencionalmente, e sentir que não sabemos o que estamos ali a fazer. Apenas, que não pertencemos ali. Que nos sentimos deslocados, perdidos.

Lino sentiu isso na pele.

Até as coisas mudarem, e ele estar totalmente integrado na nova vida.

 

É uma história sobre multiculturalismo

Amy, uma americana do Texas, a viver em Los Angeles, e Lino, um italiano de Castelleone (Sicília), a viver em Florença, e que se muda para Los Angeles, uma cidade que não tem centro, onde ninguém liga a futebol, onde não se come nada daquilo que ele está habituado.

Mas será que, apesar de mundos tão diferentes, e de famílias com tradições e culturas tão distintas, o principal não é universal?

 

É uma lição de coragem, resiliência, superação

Cancro: maldito cancro.

Esse bicho que continua a fazer estragos e a levar a melhor sobre aqueles que atinge.

Lino descobre que tem um cancro raro, e todo o seu mundo desaba.

Agora que tinha aberto o seu próprio restaurante, é obrigado a fechá-lo, para dar prioridade ao tratamento.

Agora que Amy tinha abdicado de um dos seus trabalhos, em prol daquele que, apesar de lhe pagar menos, a fazia mais feliz, tem que voltar a trabalhar duplamente.

Lino vence a primeira batalha. 

Mas a guerra ainda estava no início.

Depois de um ensaio experimental que correu bem, e de se manter relativamente saudável durante 7 anos, eis que a vida lhe prega outra partida.

Só que, desta vez, é bem pior do que antes.

 

É uma história sobre os laços que unem a família

Como diz Amy, no fim, família são as pessoas que escolhemos amar, sejam elas de sangue, ou não.

Amy e Lino queriam ser pais. Mas a fertilização in vitro não fazia parte dos seus planos e, por isso, adoptaram uma menina - Idalia.

A maternidade/ paternidade não foi um desafio fácil para nenhum deles.

Por um lado, Amy começou por perder o crescimento da filha, por ter que trabalhar pelos dois. Por outro lado, Lino era um excelente pai, mas sentia falta de voltar a trabalhar.

Mas, no fundo, o que mais importava era a felicidade de Idalia.

Na verdade, o que mais importa é o bem dos filhos, sejam eles biológicos, adoptados ou emprestados.

 

É uma história sobre recomeços

Amy e Lino tiveram que partir do zero algumas vezes.

Conseguiram sempre dar a volta.

Será que conseguem vencer esta derradeira batalha?

Haverá ainda chance de Amy, Lino e Idalia terem um novo recomeço?

Ou esse será apenas para alguns deles?

 

A despedida

Como se despede, um pai, de uma filha?

Como se despede, uma filha, de um pai?

Como dizemos adeus à pessoa que amamos? Com quem planeámos toda uma vida? Com que ainda queríamos concretizar tantos sonhos?

Como nos despedimos, da melhor fase que estamos a viver, para o incerto? Para o abismo?

Como voltar a viver?

Onde encontrar forças para tal?

 

Escolhas

A vida de Amy e Lino foi recheada de escolhas.

Escolhas que trouxeram tristeza, escolhas que trouxeram felicidade.

Mas foram as suas escolhas.

E é assim que continuará a ser, até ao fim.

Porque a vida (e a morte) só a eles diz respeito.

 

 

Ver esta série fez-me, obviamente, recordar a morte da minha mãe, os problemas de saúde do meu pai, e o cancro de que me livrei a tempo e que, por pouco, podia ter feito estragos.

Fez-me pensar na minha filha, no quanto ainda quero estar presente na vida dela. No quanto ainda quero viver com ela.

E voltou a lembrar-me que as pessoas boas são sempre as primeiras a partir.

Embora, mais cedo ou mais tarde, todos sigamos o mesmo caminho.

 

Deixo aqui a música que mais me marcou no final da série:

 

As atitudes ficam para quem as pratica

Imagens vetoriais Idosos tristes, banco de Idosos tristes vetores |  Depositphotos

 

Não sei o que se passa na cabeça de algumas pessoas que, do nada, deixam de falar, passam a ignorar e ficam chateadas à toa, por coisas que nem lhes dizem directamente respeito.

Há já umas semanas que o meu tio se chateou com o meu pai, nem sei bem porquê e, desde então, não lhe fala.

Foi preciso chegarem aos 80 anos para ficarem de costas voltadas. Quando mais se deviam apoiar um ao outro.

De certeza que, o que quer que tenha sido, se pode pôr para trás das costas, a esta altura das suas vidas.

 

Um outro amigo do meu pai, de décadas, ao que parece, do nada, também deixou de lhe falar.

Segundo o meu pai, passou por ele e pela mulher no outro dia, e viraram-lhe a cara.

E nem sabe por que razão.

 

Enfim...

As atitudes ficam para quem as pratica.

Mas para uma pessoa que já se vê isolada, e limitada, ver que, sem razão aparente, lhe viram as costas, não é fácil.