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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Kalifat, na Netflix

Kalifat estreia hoje na Netflix

 

Uma coisa, são as tradições, os costumes, as crenças de cada povo.

Ainda que, para nós, não façam sentido, devemos respeitar.

Ainda que nem todos aceitem, incluindo quem faz parte dessas comunidades, e queiram fugir, não fazem mal a ninguém que não pertença às mesmas.

É cultura. Diferente, mas cultura.

 

Outra coisa, bem diferente, é o fanatismo, o desejo de vingança, o terrorismo gratuito, o combater a intolerância, com intolerância, a violência, com violência, em nome da religião, em nome de Deus.

E mais grave se torna, quando se recrutam, através da “lavagem cerebral”, e de promessas de uma vida diferente e melhor, e de missões suicidas em nome da religião que defendem, jovens adolescentes, em plena idade da revolta, rebeldia, descoberta, numa fase das suas vidas em que são facilmente influenciáveis, e fáceis de manipular.

 

É o Estado Islâmico, no seu pior.

A verdade nua e crua dos mártires, dos bombistas suicidas, dos ataques terroristas que matam tanta gente inocente, que nenhuma culpa ou responsabilidade têm.

A verdade nua e crua, de quem quer servir o Estado Islâmico e morrer por ele, e de quem dele quer fugir a todo o custo, ainda que essa fuga conduza à morte.

A verdade nua e crua das mulheres no Estado Islâmico. Do medo, da opressão, das atrocidades que vêem ser cometidas, e daquelas de que esperam nunca vir a ser vítimas.

E daqueles que, a determinado momento, vêem as suas convicções fraquejar, e querem voltar atrás, mas não podem.

 

Tudo isto é abordado na série Kalifat, na Netflix.

Pervin vive em Raqqa com o marido Husam, e a filha bebé de ambos, Latifa. Poderia ser uma família normal, como as nossas e, em raros momentos, temos essa impressão. Que logo se desvanece porque Pervin é, afinal, mulher de um extremista, a viver num filme de terror do qual não quer continuar a fazer parte, temendo pela sua vida, e da sua filha.

E é por isso que arrisca pedir ajuda à polícia sueca, em troca de informações sobre o atentado que está a ser planeado pelo marido e restantes militantes.

 

Enquanto isso, na Suécia, várias adolescentes começam a ser abordadas para fazerem parte da missão, começam a ser iludidas com uma vida que não existe na realidade, e podem não ir a tempo de voltar atrás, quando perceberem que tudo era mentira.

Mas outras haverá, que se dedicarão de corpo e alma, ainda que tenham que se fazer explodir.

 

Uma boa série, apesar de violenta e chocante, que recomendo!

 

 

 

Noé - o filme

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Na altura em que estreou no cinema, fiquei muito tentada a ver.

Depois, quando deu na televisão a primeira vez, apanhei um bocadinho, e não me inspirou, até porque era enorme. Este domingo, acabei por vê-lo.

 

Desde pequena que fiquei a conhecer diversas histórias que vêm na Bíblia, e esta é logo uma das primeiras, que não deixa ninguém indiferente: a famosa Arca de Noé, onde foram preservados um casal de animais de cada uma das espécies, enquanto Deus inundava a Terra com um enorme dilúvio. Depois de parar de chover, enviaram um pássaro para determinar quando poderiam voltar a sair da arca. Se não estou em erro, o pássaro foi e voltou duas vezes, sem nada. À terceira, voltou com um ramo no bico. E por último, não voltou. Foi quando perceberam que poderiam sair da arca, e voltar a terra firme. Há ainda a parte do arco-íris que surge no céu, e que simboliza a aliança de Deus com o Homem.

 

Li várias vezes estas histórias, nas Bíblias para crianças que me ofereceram em pequena. Na altura, gostava de lê-las. Hoje, ao recordar-me delas, apercebo-me que, a serem verdadeiras, mostravam um povo que levava a sua fé e crença em Deus a extremos e, até, a um certo fanatismo.

 

Sempre me ensinaram que Deus é amor, e que é justo. Sempre duvidei da sua existência. Não consigo perceber onde é que esse Deus encaixa num mundo em que tantos inocentes sofrem as maiores atrocidades, enquanto os "maus" permanecem impunes. 

 

Neste filme, um dos descendentes de Caim, que representa o mal, afirma: "Deus criou o Homem à sua imagem. Ele não é diferente de nós. Nós somos o reflexo dele."

Não teria ele uma certa razão? Como poderia um Deus bondoso matar? Ou mandar matar? Sim porque, por exemplo, na história de Abraão, depois de supostamente lhe ter dado o seu filho Isaque mandou, em seguida, matá-lo como sacrifício para pôr à prova a sua fé em Deus. Que Deus é este que condena à morte quem tem o mal dentro se si, quando ele próprio incita a cometer actos como este?

 

Por outro lado, Noé dizia à sua mulher, tentando justificar a sua decisão de nem eles próprios entrarem na arca e se salvarem "Todos temos o mal dentro de nós. Não poderemos ser salvos."

Mais uma verdade! 

Por muito bons que sejamos, há sempre algo que nos pode corromper. Haverá sempre algo capaz de nos levar a cometer actos de maldade, nem que seja para defender-nos e aos nossos.

 

No caso concreto do filme, no que era Noé diferente daqueles que estavam agora a ser condenados pela justiça divina?

Noé não hesitou em deixar morrer uma jovem, que nada tinha a ver com estas guerras, para se salvar a si e ao filho. Noé não hesitou em declarar a sentença de morte para toda a família, incluindo as próprias netas, que quase matou com as suas próprias mãos, por achar que era o que Deus queria. Onde é que está aqui a bondade, o amor?

E o que conseguiu com isso? Conseguiu que todos se revoltassem contra si. Conseguiu que um dos seus filhos se passasse para o lado dos "vilões", contra o próprio pai, por não perceber que moral tinha o pai para condenar os outros, quando se estava a tornar igual.

 

Ainda a respeito do filme, estava à espera de melhor. É muito tempo de filme, para uma história tão pequena. Há partes que não batem certo com aquilo que se conta, e que levantam algumas incongruências e questões:

- Na história do filme, Noé e o pai parecem viver sozinhos. Quando o pai morre, sendo Noé ainda criança, como é que ele sobreviveu sozinho todos aqueles anos, até à idade adulta?

- No filme, o que a história dá a entender é que havia apenas a família de Noé, do lado do "Bem", e todos os restantes do lado do "Mal". Seria mesmo assim?

- No filme, não há um limite para a entrada dos animais. No entanto, se formos pesquisar, há diversas versões de imposição de quantidade de animais de cada espécie. A ser assim, porque teriam de morrer todos os outros?

- A própria construção da arca suscita dúvidas. Conseguiria uma arca como aquela, construída unicamente de madeira, como pareceu, manter-se intacta com todos aqueles animais dentro?

- Como era possível haver lume dentro da arca, sem a incendiar?

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Benfiquista anti-Benfica

 

Ontem li uma entrevista a um casal, em que ela é do Porto, e ele do Benfica. Juntos há alguns anos, as rivalidades entre eles restringem-se, basicamente, ao futebol. Que deve ter sido o caso ontem.

Eu, desde que me lembro de escolher um clube, sempre fui benfiquista. Na altura, porque o meu irmão era do Sporting e eu tinha que ser do contra :) 

Desde então, e durante todos estes anos, fui benfiquista. Nas horas boas e nas horas más, na alegria e na tristeza, mas não foi a "morte" que nos separou. Foi o fanatismo!

Poderá o fanatismo de algumas pessoas influenciar a maneira de pensar de outras? Pode.

Neste momento, com o Benfica a um passo de ganhar o campeonato e, com sorte, mais algumas coisitas, numa época que tem primado por boas exibições e muitas vitórias, não posso nem ouvir falar daquele que sempre foi o meu clube. Tudo o que diz respeito ao Benfica vem, automaticamente, associado a coisas negativas na minha vida. E não é que a culpa seja do clube. Mas a verdade é que por estar melhor que o ano passado, só oiço falar dele, só oiço cantar as músicas dele, só oiço falar das comemorações, do título, da festa, do Marquês, etc., etc...

E se tinha motivos para estar contente, o facto é que foi precisamente o contrário que aconteceu. 

Por isso, neste momento (e penso que nos próximos tempos) sou, assumidamente, anti-Benfica!