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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

A Hora do Lobo

 

O grande segredo que esconde a Natureza é o equilíbrio – a base da vida, e de tudo o que nos rodeia. Quando ele se perde, quando ele se quebra, quando ele destabiliza, tudo à nossa volta muda, nada será igual, e teremos que lidar com as consequências.  

 

 

 

 

Ali, os lobos, predadores, alimentavam-se das gazelas, suas presas. Esperavam o momento mais adequado, com calma, e atacavam, não lhes dando hipótese de fuga.

Dizia Chen Zhen, um jovem professor enviado para as estepes mongóis, tal como a maioria dos humanos - “os lobos são maus”.

Respondeu-lhe o Bilig, o líder da estepe “Não são os lobos que são maus, são as gazelas que o são. Porque comem toda a vegetação, não deixando alimento para as restantes espécies, e gastando os solos”.

Logo em seguida, ao ver uma gazela ainda viva, no meio de um cemitério de gazelas para ali atraídas pelos lobos (também chamado de frigorífico dos lobos), Bilig ordena que a deixem partir livremente.

E Chen Zhen, perante a afirmação anterior, volta a questionar: “se as gazelas são más, porque deixou esta partir?”.

“Porque os lobos caçaram demasiadas. Se ficarmos com tudo e não controlarmos as gazelas que sobram, depressa os lobos ficarão com fome, e virar-se-ão para as nossas ovelhas”, respondeu Bilig!

Lá está, embora nos pareça cruel a caça dos lobos às gazelas, faz tudo parte do equilíbrio que tem que ser mantido na Natureza.

 

 

 

Também deveríamos saber que, por mais que queiramos, não se deve contrariar a natureza. Por mais que tentemos, ela acabará sempre por fazer-se valer.

Isto vale, igualmente, para os animais que, muitas vezes, por curiosidade ou porque queremos fazer a diferença, teimamos em domesticar. Só estaremos a ir contra a ordem natural das coisas. E a destruir a alma, o orgulho e a dignidade desse animal.

O lobo é um predador por natureza, precisa de correr, de caçar, de lutar, de sobreviver, de ganhar uma luta. Se tudo lhe for dado de bandeja, se tudo for feito para o proteger, ele nunca será um verdadeiro lobo. Mas também nunca será um cão…

Chen Zhen, levado pelo fascínio pelos lobos, e contra todos, decide criar um lobo bebé como se fosse um cachorrinho. Mas este lobo, embora não tenha os instintos totalmente desenvolvidos, como se tivesse crescido livre, guarda-os consigo, e vai mostrá-los quando a oportunidade surge.

 

 

 

Outra das lições a tirar deste filme é que a natureza é como um boomerang. Cada vez que o lançarmos, podemos ter a certeza de que ele um dia irá voltar para as nossas mãos. O que trouxer, dependerá daquilo que pretendemos fazer quando o lançámos. Mas é bom que saibamos que, para cada acção que intentarmos contra a Natureza e o seu equilíbrio, seremos nós quem irá pagar por ela.

 

Por último, posso dizer-vos que este filme me fez sentir muitas emoções ao mesmo tempo, muito por culpa dos incríveis lobos.

Há gente que mata por matar, por prazer, por obrigação, por necessidade, por veneração…e o filme tem cenas mesmo muito chocantes e violentas. À excepção de Chen Zhen, Bilig e mais uma ou outra personagem, pode-se dizer que os animais são seres muito mais dignos que os humanos que aqui mostram. E continuamos a ter muito para aprender com eles!  

 

 

Sobre o filme:

Ano de 1967. A China é governada por Mao Tsé-tung (1893-1976), que implementou a Revolução Cultural e mudou radicalmente a vida do seu povo. Chen Zhen é um jovem estudante de Pequim que é enviado para uma zona rural da Mongólia para educar uma tribo de pastores nómadas. Ali vai descobrir uma ligação antiga entre os pastores, o seu gado e os lobos selvagens que vagueiam pelas estepes. Para os mongóis, o lobo é uma criatura quase mítica que é parte integrante da sua comunidade e os liga à natureza. Fascinado pela profunda ligação entre as alcateias e os seres humanos que ali habitam, o rapaz decide salvar uma cria e domesticá-la. Porém, quando o Governo cria uma nova lei que obriga a população a usar de todos os meios para eliminar os lobos da região, o equilíbrio entre a tribo e a terra onde vivem é ameaçado…
 
Com assinatura do realizador francês Jean-Jacques Annaud ("O Nome da Rosa", "Sete Anos no Tibete", "O Urso", "Dois Irmãos"), um drama de aventura que se baseia no "best-seller" semiautobiográfico com o mesmo nome escrito, em 2004, por Jiang Rong (pseudónimo de Lü Jiamin). Para o filme, Annaud, que já antes trabalhara com animais, adquiriu uma dúzia de crias de lobo amestradas durante vários anos por um treinador canadiano.