Dizem que más notícias, quanto mais tarde vierem, melhor.
Ela não sabia se era bem assim.
Na verdade, ela nem sequer sabia se eram más notícias, as que viriam.
Nunca se preocupou muito com isso.
Quando surgiu, há cerca de dois anos, acreditou que era mais um sinal, que estaria a nascer.
Mais um para a colecção.
Para se juntar aos outros que, constantemente, vão surgindo.
Ano após ano.
Nas estações mais frescas, com a quantidade de roupa que vestia, nem sequer se lembrava daquilo.
Só voltava a dar por isso, no verão.
Quando ficava exposto.
Quando começava a provocar prurido.
Mas logo o verão passava, e se esquecia novamente da sua existência.
Até que, chegada uma nova primavera, olhou para aquela mancha estranha com outros olhos.
Que raio seria aquilo?
Estava a dar-lhe uma comichão louca e, sem conseguir evitar coçar, já estava a fazer ferida.
Para evitar mais esse problema, andou a pôr umas pomadas, que ajudaram.
Marcou uma consulta de dermatologia.
Começou a lembrar-se de todos os escaldões que tinha apanhado há muitos anos. E das consequências que, agora, eles poderiam trazer.
Mais valia averiguar, e descartar o pior.
Como ainda faltava mais de um mês, tirou umas fotografias, e partilhou num grupo dessa área, para ver o que diziam.
A resposta que lhe deram foi de que, pelas fotografias, não parecia ter sinais de malignidade. Parecia ser só um nevus plano que irrita ao contacto com a roupa, e por isso o eritema, escamação e comichão.
No entanto, foi aconselhada a fazer uma consulta presencial com um dermatologista, que iria usar outros meios para um diagnóstico mais correto.
Restava, então, esperar pela consulta.
E tinha, finalmente, chegado o dia.
Mas foi adiada.
Mais um mês.
Pode ser um sinal, de que não é caso para preocupação.
Mais um verão, e umas férias, para aproveitar o sol e a praia.
A mancha está melhor.
Se calhar até faz bem.
Seja como for, não há nada a fazer, a não ser esperar pela nova data.
Boas ou más notícias, só então se saberão...