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Até que ponto tem, a educação dada pelos pais, influência na personalidade e comportamento dos filhos?
Até que ponto estão, os pais, capacitados, e munidos de ferramentas, para lidar com as problemáticas dos filhos? E ainda que as tenham, até que ponto as saberão utilizar?
Até que ponto têm, os pais, que suportar a culpa pela sua impotência, quando o próprio sistema lhes nega qualquer apoio?
Poderiam, os pais, evitar determinados actos/ crimes cometidos pelos filhos? Ou é algo que, quer se queira, quer não, está fora do seu alcançe, e é impensável?
Os pais têm o seu papel e responsabilidade da vida, educação e formação dos filhos.
Mas não os podem formatar.
Eles têm vontade própria. Ideias próprias. A sua própria personalidade. Que pode ser totalmente oposta à dos pais.
Por experiência, e por aquilo que vamos observando, é comum ver filhos dos mesmos pais, terem comportamentos e convições diferentes, ainda que, à partida, tenham sido criados nas mesmas circunstâncias.
Portanto, não se pode, inequivocamente, afirmar que a falha é dos pais, que no que respeita à educação e transmissão de valores.
Talvez haja uma falha conjunta, de várias partes.
Ou talvez não haja falha nenhuma.
Há coisas que, por mais que queiramos, estão fora do nosso controlo.
É certo que podemos, eventualmente, ver os sinais.
Podemos desconfiar.
Podemos vigiar.
Podemos conversar, averiguar.
Não significa que resulte.
Ou podemos ignorar.
Não significa que é por isso que vai acontecer.
Mas, se, e/ou quando acontecer, quem deve ser responsabilizado?
Os filhos, que foram os autores e, como tal, devem aprender a lição e arcar com as consequências, para que não voltem a repetir?
Ou os pais que, no fundo, são responsáveis pelos filhos e, inevitavelmente, pelos seus actos?
E se os pais passarem a responder pelos actos/ crimes dos filhos, isso não levará, estes últimos, a assimilar que podem fazer o que bem quiserem, porque a eles não acontece nada?
Até que ponto deverão os pais, para além da responsabilidade civil, ter também sobre si o peso da responsabilidade criminal, por aquilo que os filhos fazem?
Resistência e teimosia não duram para sempre, quando a saúde (ou a falta dela) reclama que os tempos são outros.
Os meus pais, sobretudo o meu pai, tiveram que se render ao facto de que teriam que mudar um pouco (grande) a sua vida.
E não é fácil conjugar um modo de vida calmo, sem pressas, vivido à medida das necessidades diárias, com o ritmo e falta de tempo que nós, filhos, levamos.
Os meus pais eram daquelas pessoas que hoje precisavam de uma coisa, e compravam. Amanhã, se precisassem de outra, iam novamente. Para o meu pai, era uma espécie de passeio, de convívio, uma forma de sair de casa.
Agora, tiveram que se adaptar à nova realidade - compras em quantidade, para vários dias, ao fim de semana, que é quando eu vou às compras para mim também.
O pão do dia, ou alguma coisa da farmácia, ou do banco, como estão aqui pertinho do trabalho, calham em caminho, mas os hipermercados não.
Acabaram-se os pagamentos em mão, os carregamentos nas lojas e afins. Passa a ser tudo por transferência bancária ou multibanco, até porque também calha em caminho, e poupa tempo e trabalho.
Fica tudo a meu cargo, porque sou a filha que está aqui mesmo ao lado deles.
E não custa nada cuidar de quem, um dia, cuidou de nós.
Não é fácil para eles.
Para o meu pai, é um castigo não poder sair de casa. Mas as dores não lhe permitem andar muito. Se tiver que ir a algum lado, é de táxi.
Depois, se forem como eu, haverá coisas que gostariam de ser eles a comprar, a escolher, a fazer, e vêem-se dependentes de terceiros.
Para mim também não o é.
São contas, facturas, pagamentos, compras, leituras dos contadores, e tudo o resto, a dobrar.
Ultimamente, até tenho levado a minha filha para me ajudar, se não, ainda me esqueço de alguma coisa.
Uma vez, estava a levantar dinheiro para mim mas, como os últimos movimentos tinham sido para os meus pais, já estava a inserir o código deles, em vez do meu.
Mas se não formos nós a cuidarmos dos nossos, e a ajudá-los, quem o fará?
Estranhos?
Enquanto eu puder, estou cá para eles. Da mesma forma que eles, apesar de tudo, ainda continuam cá, para mim, para o meu irmão, para os netos!
Confesso que o início do livro foi um pouco confuso, e não me entusiasmou muito.
Muita informação "solta", muitas personagens, diversos acontecimentos, e pouca ligação entre tudo.
Mas, depois, melhora.
E faz-nos reflectir. Muito!
É uma história sobre relações.
Relações amorosas.
Relações entre pais e filhos.
Relações de amizade.
É uma história sobre a realidade.
Sobre impotência.
É uma história sobre amizades que se desfazem.
Sobre comparações e expectativas.
Sobre escolhas.
Sobre ausências.
Sobre autopreservação.
Sobre bullying, e humilhação.
Sobre relações abusivas.
E dezanove minutos, o tempo que Peter levou a libertar o que foi guardando ao longo de 17 anos.
O tempo que demorou a destruir a vida de tantas pessoas, quando a sua já estava em cacos há muito tempo.
O tempo necessário para abrir os olhos, a quem sempre preferiu fechá-los.
O tempo necessário para, finalmente, fazer-se ouvir. Vingar-se. Fazer justiça.
E pôr fim ao sofrimento.
No final, resta a lembrança.
Porque, como diz Alex "Uma coisa ainda existe desde que haja alguém para a lembrar".