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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

O Natal são as pessoas com quem estás!

(Desafio Contos de Natal)

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Tita ficava sempre de mau humor nesta altura do ano.

Parecia que as pessoas eram contagiadas por algum vírus, que as fazia andar eufóricas e animadas mas, ao mesmo tempo, stressadas, numa correria desenfreada para enfeitar tudo, planear almoços e jantares, e comprar mil e uma prendas, para toda a gente e mais alguma porque, afinal, parecia mal não oferecer qualquer coisinha.

Mas que elas andassem assim, ainda compreendia. O que a irritava, era que a "obrigassem" também a sentir o mesmo.

Cruzes, credo, canhoto!

Ela queria era distância dessa maleita natalícia.

E foi, precisamente, para fugir dessa loucura temporária que Tita se refugiou, em plena véspera de Natal, na floresta. 

Ao passar por uma árvore, armada em Rainha Má da Branca de Neve, lembrou-se de lhe perguntar:

- Árvore minha, árvore minha, haverá alguém que goste menos do Natal do que eu?

Para sua surpresa, a árvore respondeu-lhe:

- Mas tu gostas do Natal!

- Ai isso é que não gosto! Alguma vez?

- Pois vou mostrar-te o contrário. Abraça-me.

- Eu? Abraçar uma árvore? Mas está tudo doido?! 

No entanto, lá fez o que a árvore lhe disse e, nesse instante, foi transportada para perto de uma cabana.

- Boa! O que faço agora?

Bateu à porta. Apareceu uma senhora idosa. Ao início, muito surpreendida com a visita mas, logo em seguida, animada.

- Ah, deve ser a menina que me vem ajudar com o jantar! Entre, entre.

E antes que Tita pudesse esclarecer o que quer que fosse, já estava a ser levada para a cozinha, e orientada para o que deveria fazer. Afinal, o tempo estava a passar e havia muita gente a contar com aquela refeição.

Não que fosse, propriamente, um menu diversificado ou abastado. Haveria uma sopa com muitos legumes e um pouco de carne, para aconchegar o estômago e aquecer o corpo gelado, acompanhada do pão caseiro que estava pronto a ir ao forno, e um bolo de frutas para sobremesa. 

- Se a senhora vive aqui sozinha, para quem é toda esta comida? 

- Ah menina... será para quem aparecer... 

- Mas está à espera de visitas?

- Nunca se sabe menina, nunca se sabe... 

E, dali a pouco, realmente, apareceu uma família que se tinha perdido na floresta. Um casal com dois filhos que, muito aborrecido, lamentava o incidente e o Natal estragado. Não por eles, claro, mas pelas crianças.

A senhora idosa virou-se para eles e garantiu que poderiam passar ali a noite, e que os miúdos se divertiriam, até porque havia um palhaço de serviço.

- Também está à espera de um palhaço?  - perguntou Tita.

- Já cá está! - respondeu a senhora idosa, apontando para Tita.

- Ah não, eu não...

Mas a senhora não a deixou terminar. Levou-a até ao sótão, pegou numas roupas que estavam guardadas na arca e entregou a Tita, para que se vestisse a preceito.

Enquanto isso, um forte nevão caiu e, não podendo voltar para casa, dois lenhadores acabaram por ficar ali na cabana também.

Ao pé da lareira, como não podia deixar de ser, os seus cães deitaram-se, a aproveitar o calor que dela emanava.

Tita não tinha muita habilidade com cães, mas ficou embevecida com aqueles dois meninos tão bem comportados, que só queriam mimos, e pareciam não a largar desde que a viram descer. 

À socapa, ainda lhes deu dois pedacinhos de carne, que eles agradeceram com uma dancinha à sua volta, e umas lambidelas. 

Tinha a senhora idosa acabado de chamar todos para a mesa, quando chegaram umas vizinhas desta, uma trazendo um licor, e a outra um pote de doce, que elas mesmas tinham feito, para oferecer à anfitriã que, agradecida, as convidou para a ceia.

E assim, por entre o aconchego, as conversas, a comida, e as palhaçadas de Tita, ajudada pelos seus escudeiros caninos, se passou a noite.

Muito diferente dos Natais que Tita costumava passar todos os anos. Até nem foi assim tão mau.

Esteve entretida. Sentiu-se útil. Ajudou a fazer alguém feliz.

Ali reinou a simplicidade. A humildade. A partilha. A entreajuda. A bondade. 

Pessoas estranhas, que o destino decidiu juntar naquela pequena cabana. Sabe-se lá porquê... Talvez para que olhassem de uma forma diferente para o Natal.

Tita fechou os olhos por um instante, absorvida por estes pensamentos, e pela gratidão que sentia, e lhe tinha sido retribuída.

Quando os abriu, estava de novo ao pé da misteriosa árvore que, sorrindo, lhe dizia:

- Então, ainda achas que não gostas do Natal?!

- Não é que não goste... É só que... Nunca tive um Natal como eu o imagino. É sempre a mesma coisa, e cada vez me desilude mais.

Ao que a árvore respondeu:

- Compreendo. Mas vou dar-te um conselho.

- Mais do que tradições ou perfeição, o Natal são as pessoas com quem estás!

- E é aquilo que tu quiseres fazer dele, e com ele!

 

Em resposta ao desafio da Isabel

1 Foto, 1 Texto #17

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- Que lugar é este?

- É um refúgio, onde podes vir sempre que precisares.

- E porque precisaria eu de um refúgio?

- Todos nós, em algum momento da nossa vida, precisamos de um!

 

- Porque temos que fugir?

- Não necessariamente. Podemos apenas procurá-lo para nos afastarmos daquilo (e daqueles) que nos rodeia, e estar a sós, connosco, sem pensar em mais nada, por breves instantes.

- Então, é para me esconder? Enquanto o mundo conta até dez, eu venho e escondo-me aqui?

 

- Por exemplo. Mas é mais do que isso.

  Aqui está a calma, a paz, o silêncio, que nos abstraem da confusão e ruído diário.

  Aqui consegues sentir o ar mais puro. As árvores dão-te o oxigénio e o fôlego que necessitas.

  És só tu, e a natureza. Mais ninguém.

 

- E não é perigoso? 

- O perigo está em qualquer lado. Não é mais nem menos perigoso do que outro lugar qualquer.

 

- Posso chamar-lhe floresta encantada?

- Porque não?! Afinal, tudo aqui tem o seu encanto: as flores, os pássaros, os ramos, o rio.

  Até o sol, a brilhar por entre as árvores, a dizer que a luz estará sempre presente, para te iluminar.

  Que te dará sempre energia, quando a tua se estiver a esgotar.

  Que nunca te deixará perder a esperança, mesmo num dia mais cinzento.

 

- E não posso falar com ninguém sobre ele?

- Não deves. Se não, deixa de ser o teu refúgio. A não ser que o queiras partilhar com alguém especial para ti.

- Como tu estás a fazer?

- Sim, como eu estou a fazer, agora, contigo.

 

- Gostei do "nosso" refúgio. 

- Ainda bem!

- E vou mantê-lo secreto.

- Para que o resto do mundo fique lá fora.

- Sim. E nós, cá dentro! 

 

Texto escrito para o Desafio 1 Foto, 1Texto 

O Gnomo Elias: Elias e o Medalhão Perdido

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Há dias recebi este livro, e consegui finalmente lê-lo!

É uma história elaborada para as crianças, que junta seres míticos e encantados como gnomos e fadas, aos animais da floresta, acrescentando ainda uma pitada de magia.

Tudo começa quando o tio Hipólito avisa o seu sobrinho Elias que o vai visitar em breve, e precisa do medalhão da família.

Só que Elias não faz ideia de onde o pôs, e sabe que vai estar em maus lençóis se não o encontrar, e se o tio descobrir que ele o perdeu.

A fada Bianca percebe que o gnomo Elias anda mais rezingão e estranho que o habitual, e tenta perceber o que se passa com o amigo. Nesta história, a fada Bianca representa a personagem cómica, tagarela, cusca e extrovertida, mas ainda assim, amiga e eficaz, apesar de um pouco desastrada.

 

Depois de Bianca comentar com a sua amiga cerva, também esta fica preocupada, e decide ajudar o seu amigo. E, qual não é o meu espanto, quando Bianca chama pela sua amiga. "Amora!".

Sim, a cerva chama-se, imaginem, Amora Silvestre! O mesmo nome da nossa gata!

Aqui, esta Amora representa a racionalidade, a ponderação.

 

Cada uma à sua maneira, Bianca e Amora vão tentar ajudar Elias a encontrar o medalhão perdido, de que tanto ouviram falar, e que julgam ter poderes mágicos que, caindo nas mãos erradas,podem pôr em perigo toda a floresta.

Será que vão conseguir fazê-lo a tempo, antes da chegada de Hipólito?

 

Destaco ainda uma outra curiosidade pessoal: eu costumo chamar à nossa Becas "o nosso guaxinim".

E não é que ela tem mesmo a cauda igual aos guaxinins desta história!

 

 

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Para quem tem filhos pequenos, que gostem deste género de histórias, eu aconselho.

É um livro pequenino, que se lê bem em poucos minutos, e que fará, com certeza, a delícia dos mais novos!