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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Como a falta de (in)formação se reflecte na inclusão

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A todos os níveis.

 

 

"Um dia, um professor de substituição foi dar uma aula de educação física. 

Na turma que lhe calhou, havia um aluno com necessidades educativas especiais. Sem formação específica e não sabendo bem como agir numa situação que nunca lhe tinha surgido, optou por não o incluir nas actividades que propôs aos restantes alunos, nem encontrar actividades alternativas para o aluno em questão."

 

 

Neste caso, como deveria ter agido?

Tratado o aluno de igual forma e colocá-lo a fazer o mesmo que os outros, encontrar exercícios específicos para a sua condição, ou adaptar as actividades, de forma a que todos, à sua maneira, conseguissem levá-las a cabo com relativo sucesso?

 

Na turma da minha filha existem alunos com necessidades educativas especiais, que apenas frequentam, em conjunto com os restantes alunos, duas ou três disciplinas. As restantes, são leccionadas em separado.

Será isto inclusão?

Igualar em algumas coisas, diferenciar noutras?

 

 

Estes são apenas exemplos de situações em escola, mas que podem facilmente saltar para a vida adulta, para um contexto laboral ou social.

 

 

Cada vez mais se pretende dar a todos as mesmas oportunidades, independentemente de quem está do outro lado e, por isso, a inclusão acaba por ser quase obrigatória, ainda que nem sempre se saiba como colocá-la, da melhor forma, em prática, perdendo a sua eficácia, com consequências negativas, que não estavam previstas, e que se poderiam evitar.

 

A verdade é que a verdadeira inclusão, em todos os seus sentidos e formas, ainda é uma utopia na maioria dos casos.

Aquilo a que assistimos, muitas vezes, é a uma mera tolerância.

Seja por falta de formação e informação, tanto de profissionais e alunos nas escolas, como enquanto seres humanos e cidadãos, no nosso dia a dia, e em diferentes contextos.

Por vezes, com algumas tonalidades de racismo, xenofobismo, discriminação, rejeição, repugnância, mascarados de cinismo, fingimento, aparências, e falsas boas acções e intenções.  

Outras vezes, as intenções até são, de facto, positivas, mas faltam ferramentas para as colocar em prática.

 

Penso que, acima de tudo, é preciso definir o verdadeiro significado de inclusão, e de que forma ele se reflecte sempre em igualdade, ou no respeito, aceitação e adaptação à diferença, de todos os envolvidos. 

 

 

Reflexão do dia

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Existem idades próprias para se exercer determinadas profissões?

 

De uma forma geral, sabemos que a maioria dos empregadores prefere contratar pessoal mais jovem, em detrimento de funcionários na faixa dos 40/ 50 anos.

No entanto, segundo alguns estudos (não sei até que ponto, credíveis), parece que ainda há profissões em que se dá preferência a pessoas mais velhas, por mostrarem maior maturidade e inspirarem mais confiança.

No outro dia, estava a conversar com o meu marido sobre o desejo dele de ir tirar o curso de medicina veterinária, mas recear, no momento em que terminar o mesmo, não ser chamado devido à idade.

 

Para mim, a idade é subjectiva. Até mesmo os critérios em que as entidades empregadoras se baseiam para contratar alguém, podem ser subjectivos.

Mas, por exemplo, entre uma pessoa de 25/26 anos, recém licenciada, e uma pessoa de 39/40 anos, acabada de se licenciar, quem é que as empresas irão preferir?

Entre duas pessoas de 39/40 anos, em que uma, para além da licenciatura ou mestrado, tem outras formações e experiência no currículo, e a outra apenas tem a licenciatura, qual seria a escolhida?

 

A nível de medicina, diz-se que a maioria dos utentes sente mais confiança num médico mais velho, por ter mais experiência. No entanto, a idade pode ser interpretada nos dois sentidos: se for alguém novo, pode ser visto como inexperiente, imaturo, irresponsável, como pode ser visto como tendo conhecimentos mais actualizados. Já de um médico mais velho, podemos pensar que está farto daquilo e quer é despachar, que os seus métodos são retrógados, que só lá está para ganhar o dele ao fim do mês, sem se chatear ou preocupar.

 

Uma coisa é certa: penso que nenhuma empresa irá contratar um funcionário somente com base naquilo que os clientes possam pensar do mesmo.  

 

Da mesma forma, não devemos condicionar as nossas escolhas com base em estudos, opiniões, ou aquilo que achamos que poderá acontecer daqui a uns anos, quando estivermos formados na área escolhida. A idade não deve ser a principal condicionante, para decidirmos o nosso futuro.

E qualquer decisão tomada hoje, é sempre um tiro no escuro do futuro longínquo. Pode acertar, pode errar. Ninguém sabe como pensarão as partes envolvidas - empregadora e empregada - daqui a uns anos.

Mas cabe a nós a decisão de dispará-lo e, a partir daí, deixá-lo seguir o seu rumo, sem receios.

 

Atendimento de qualidade por funcionários em formação

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A maior parte das vezes as pessoas fogem dos funcionários que estão em formação, preferindo ser atendidas pelos mais experientes, que já estão há mais tempo naquele posto de trabalho.

Normalmente, porque têm a ideia de que será mais demorado ser atendido por alguém que está a começar a aprender, e que ainda não sabem como lidar com os clientes. Na maioria das vezes, está comprovado.

 

No entanto, os funcionários em formação também trazem algumas vantagens. E eu confesso que estou a gostar muito do atendimento feito pelos mesmos, em detrimento dos mais experientes.

 

Ora vejam:

 

No talho, sempre que peço uma perna de peru cortada aos pedaços, os mais experientes fazem-no como foi pedido. Outros, cortam às fatias, como se fosse costeletas.

O funcionário em formação perguntou-me "quer cortada aos pedaços com osso, ou sem osso". E eu, claro, aproveitei a maré e pedi para tirar os ossinhos todos!

 

Na pastelaria, sempre que peço mais do que um produto, tenho que pedir para os separar. A muitos, tenho que pedir o talão, senão, vai fora.

O funcionário em formação, além de ter colocado separadamente, ainda perguntou se queríamos que juntasse guardanapos!

 

 

Podem estar ainda a aprender, podem ainda não ter experiência, mas pelo menos tentam agradar os clientes com um bom serviço e simpatia.

Os mais experientes, já estão cansados, sem paciência, atendem a despachar e, muitas vezes, de mau humor, e não estão para muitas mariquices.

A preparação para a vida também se vende?

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Quando, na passada sexta-feira, recebi um telefonema de uma senhora, a perguntar se eu era a encarregada de educação da minha filha, estava longe de imaginar no que me iria meter.

Primeiro, pensei que era da escola, e que tinha acontecido alguma coisa à minha filha.

Afinal, era por causa de um estudo que tinha sido feito na escola, para o qual eu tinha dado autorização (e, ao que parece, o meu contacto), e queriam agendar reunião no fim-de-semana, para entrega dos resultados, sendo fundamental que a minha filha estivesse presente.

O estudo foi feito pelo Núcleo para a Criatividade e Desenvolvimento de Competências (NCDC.org.pt), no passado ano lectivo, e consistiu na aplicação de inquéritos aos alunos de vários anos de escolaridade, sobre “Personalidades e Estilos de Aprendizagem”.

 

 

Chegada à escola, apresentaram-nos os resultados que, de uma forma geral, correspondem à realidade, mas que a técnica tentou maximizar, pintando um quadro mais negro, para que os pais fiquem preocupados com a situação e tentem ajudar os filhos como puderem.

Segundo ela, a minha filha não tem qualquer motivação para a escola. Talvez seja verdade. Temos um ensino que em nada motiva os jovens. Não será, por certo, a única.

Não terá dificuldades de aprendizagem, mas faltam-lhe métodos de estudo e autonomia. Correcto. Mas isso é algo que ela poderá aprender e aplicar no futuro.

Tem uma autoestima muito baixa, e gosta muito de se manter no seu cantinho (eu também era, e ainda sou assim), e fica ansiosa em momentos cruciais de avaliação (quem não fica). 

 

 

 

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Ora, apresentados os resultados, o NCDC, uma associação sem fins lucrativos, propôs-se ajudar a minha filha, e muitos mais alunos que assim o queiram, através de um programa em que eles iriam começar a definir o seu futuro, que áreas se adequam mais àquilo que querem seguir, aprender métodos de estudo, ter apoio psicológico e motivacional e ainda…uma vez que a minha filha referiu gostar da área de comunicação social, um curso de inglês, com a marca Cambridge (nome sonante e pomposo que fez questão de promover), que lhe será fundamental para a área que ela quer, e que lhe dá competências para o futuro.

Uma preparação para a vida, nas suas palavras, que não se consegue na escola.

A técnica fez questão de frisar que já tinha ultrapassado o número de vagas que lhe era permitido mas, mesmo assim, a pensar no bem de todos os alunos, ainda tinha a hipótese de inserir mais uns no programa.

 

 

Parece espetacular, não é? Preocuparem-se assim com o futuro dos nossos meninos?! Só que tudo tem um preço, e esta preparação para a vida não é excepção!

Chegámos lá, então. À parte em que revelam o verdadeiro intuito destas reuniões, mascaradas de mera entrega de resultados e aconselhamento aos pais. A inscrição neste programa é de 50 euros, a que acresce uma mensalidade “simbólica” de 90 euros, ao invés dos habituais 245 euros.

Sabem o que é que me veio, de imediato, à mente? Isto parece-se com a senhora da agência de modelos que, depois de feito o casting, fartou-se de elogiar a minha filha para, depois, propor a compra do book ou da formação.

 

 

E, claro, conquistadas as crianças, como podem os pais depois dizer que não, sem as decepcionar ainda mais, e agravar o seu estado psicológico!?

 

 

Não teve sorte comigo. Disse-lhe na cara que não tinha dinheiro para isso e, de qualquer forma, o mais importante neste momento é que ela tenha boas notas e passe de ano, sendo prioritário explicações para a matéria actual.

E não é que não concorde que o resto lhe faz falta e a iria ajudar.

Mas teria mais lógica a técnica aconselhar-nos e explicar-nos aquilo que devemos fazer no dia-a-dia, para ajudar os nossos filhos, a nível escolar e psicológico.

Mais, ao ver o site do NCDC, deparei-me com workshops de 45 minutos que poderiam, de alguma forma, ajudar os alunos, que era menos absurdo propor, e cativaria mais os pais, do que este programa que nos custaria mais de 3000 euros!

Não sei se houve muita gente a aderir. Eu não o fiz.

 

 

Hoje, nem de propósito, o Agrupamento de Escolas a que a minha filha pertence publicou um comunicado onde afirma que apenas autorizou o núcleo à aplicação dos questionários, e que é totalmente alheio a esta iniciativa, levada a cabo à revelia da escola, e da qual somente agora teve conhecimento.

A escola, para a qual foi, supostamente, guardado um determinado número de vagas para os seus alunos frequentarem o programa, desmarca-se assim de qualquer acção que o NCDC esteja neste momento a realizar, ou venha a levar a cabo, com base nos referidos inquéritos.  

 

Pena que só agora venha a público este comunicado, que mais uma vez prova que tudo isto não passou de uma acção de marketing quando, segundo a técnica, já estão a ter estas reuniões há alguns fins-de-semana, e sabe-se lá quantos pais já foram na conversa. 

Talvez no futuro a escola deva ter mais cuidado com os inquéritos que autoriza, e as entidades a quem autoriza.

 

 

Mais alguém por aí passou por uma situação idêntica na escola dos vossos filhos?

 

 

 

 

À Conversa com o Grupo de Teatro TEMA

 

O Grupo TEMA tem a sua origem na associação Elemento Periférico, fundada a 25 de Novembro de 2014, da qual fazem parte Lourenço Henriques (actor e dramaturgo), Carlos d'Almeida Ribeiro (actor e encenador), Patrícia Adão Marques (actriz), Rui Santos (actor), Sofia Nicholson (actriz), Marta Andrino (actriz), Júlia Belard (actriz), João Pedro Silva (fotógrafo e designer gráfico) e Bernardo Torres Henriques (produtor).

Este grupo foi criado com o objectivo de desenvolver uma companhia profissional de teatro, em Mafra, bem como apresentar regularmente produções teatrais, em Mafra e noutros pontos do país, e ainda oferecer acções de formação, ou iniciação teatral, dirigidas, sobretudo, aos jovens do concelho.

Com as suas produções o Grupo TEMA espera chegar a um público abrangente, através de uma programação diversificada que contempla comédia, drama e teatro para a infância.

O Grupo conta com o apoio de várias entidades do concelho, com destaque para a Câmara Municipal de Mafra, mas os recursos são ainda reduzidos. Vale a enorme vontade com que os seus elementos têm vindo a trabalhar, o que tem permitido que o sonho se materialize, e que o Grupo TEMA continue a criar teatro em, e para, Mafra.

Em Outubro, pudemos assistir à peça “Antes e Depois”, com texto e encenação de Lourenço Henriques, e actuações de Rui Luís Brás e Sofia Nicholson.

 

Logo em seguida, o primeiro espectáculo de teatro para a infância - Escola de Heróis.

O Grupo TEMA, aqui representado por Lourenço Henriques, é o convidado desta semana da rubrica “À Conversa com…”, a quem desde já agradeço por ter aceitado este convite.

 

 

 

TEMA é a junção de Teatro e Mafra. Porquê a escolha de Mafra para desenvolver uma companhia profissional de teatro?

Não nasci em Mafra, mas cresci em Mafra. É o sítio do mundo a que posso, com maior propriedade, chamar “a minha terra”.

 

Como é que nasceu este projecto?

De um sonho, como nascem todos os projectos. Passei o sonho para uma apresentação criteriosa e pedi para falar com o Presidente da Câmara, o Eng. Hélder Sousa Silva. Ele recebeu-me e abraçou o projecto de imediato. Direi que se eu sou o pai do Grupo TEMA, o sr. Presidente e a sra. Vereadora Célia Fernandes são a mãe.

 

O Grupo TEMA conta já com um leque de actores conhecidos. Para além destes, o grupo pretende formar novos actores para fazerem parte das peças que vierem a produzir?

Formar actores de raíz para o mercado de trabalho é uma tarefa que não cabe às companhias de teatro desempenhar. As companhias podem contribuir para a formação dos actores, mas não formam actores, no sentido escolástico da formação. O que temos feito é abrir a porta a actores que residam na região e que queiram juntar-se a nós. Não podemos prometer trabalho a toda a gente, mas já trabalhámos com alguns actores de cá. É verdade que levamos a cabo acções de formação, mas não nos arrogamos na ideia de que podemos ser uma escola. Damos às pessoas um vislumbre do que é esta coisa de representar. É diferente de formar actores.

 

Onde é que o Grupo TEMA está sediado? Onde decorrem os ensaios, a formação?

O espaço de trabalho da companhia é no antigo Jardim de Infância do Sobreiro, espaço que nos foi gentilmente cedido pela Câmara Municipal de Mafra.

 

Que tipo de oferta formativa têm neste momento?

Temos uma Oficina de Teatro, com aulas continuadas, onde temos alunos com idades compreendidas entre os 12 e os quase 50 anos. Qualquer pessoa pode experimentar a qualquer momento. Para além disso fazemos um workshop intensivo para a população juvenil no início das férias grandes. No Verão de 2015 tivemos 17 alunos. Não podemos ir além desse número. Não cabem no nosso espaço e não podemos, com honestidade, albergar mais gente. No próximo Verão vamos repetir a iniciativa, com algumas diferenças relativamente ao ano passado. Esperamos atingir o mesmo número de participantes.

 

As vossas peças têm tido uma boa aderência por parte do público? Qual tem sido o feedback que têm recebido?

O feedback, em termos qualitativos, tem sido muito bom. As pessoas querem ver e querem ver mais. Em termos quantitativos, queremos crescer em 2016, mas 2015 já foi bom. Ultrapassámos os 3000 espectadores, mais concretamente chegámos aos 3203 espectadores. No nosso segundo espectáculo, Antes/Depois, esgotámos quase todas as sessões. Foi muito positivo.

 

Que ajuda mais precisam para poder dar continuidade a este projecto e levá-lo cada vez mais longe?

Toda a ajuda é bem-vinda. Em 2016 faço votos de que mais privados (empresas) se disponibilizem para nos apoiar. Os apoios não se resumem a dinheiro, embora seja impossível produzir sem dinheiro. Seria importante podermos adquirir algum equipamento, nomeadamente de luz. Gostava que houvesse disponibilidade por parte do tecido empresarial e de outras entidades locais, além da Câmara, para nos ajudar nesse objectivo.

 

Depois do sucesso de “Antes e Depois” e de “Escola de Heróis”, têm algumas peças agendadas para 2016?

Temos, claro. O nosso objectivo é apresentar três produções anuais, duas para o público em geral e uma para o público infantil. 2016 não será diferente, a menos que algum evento imprevisto nos impeça de o conseguir.

 

Muito obrigada, Lourenço!