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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

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"Criminal", a série da Netflix que não resultou da melhor forma

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Uma série, quatro países, 12 suspeitos.

A premissa é a mesma: numa sala de interrogatórios, três suspeitos, de cada um dos países - Inglaterra, Espanha, França e Alemanha - serão confrontados com provas, hipóteses, suposições, factos, num jogo psicológico entre os inspectores e os interrogados, para ver quem leva a melhor.

 

 

Os inspectores:

Os inspectores, muitas vezes em guerra entre eles, numa disputa para ver quem consegue sacar a verdade mais rapidamente ou da melhor forma, e quem é mais eficiente ou não no seu trabalho, conhecem muitas das manhas dos suspeitos que lhes aparecem pela frente, sabem quando começam a ficar nervosos, quando estão a esconder alguma coisa, quando mentem, e de que forma os pôr a falar, quando se negam a fazê-lo.

Mas também é verdade que, na ânsia de conseguir um culpado, e uma condenação, por vezes só conseguem ver o lado negativo, só conseguem ver a sua versão dos factos, que nem sempre é a verdadeira.

O que é certo é que, como em tudo na vida, há aqueles que têm jeito, um dom para utilizar o tom certo, fazer as perguntas certas, e manipular de forma a obter o que quer, sem que o suspeito se dê conta, levando-o a sentir vontade de se abrir e falar, e os que entram a matar, de forma brusca, e nada conseguem.

 

 

Os suspeitos:

Também os suspeitos têm as suas técnicas, ou instruções dos respectivos advogados, para evitarem responder às questões, ou falar aquilo que não querem.

Muitas vezes, nem se estão a defender a si próprios, mas a proteger terceiros.

Muitas vezes, é difícil tirar a máscara, despir a capa protectora, e expôr aquilo que não queriam que ninguém visse, ou soubesse.

Muitas vezes, a verdade é mais cruel do que aquilo que se supunha, e nem sempre os inspectores estão preparados para lidar com ela.

 

 

Pontos negativos:

1.º Sendo toda a série passada num único ambiente alternando, esporadicamente, a sala de interrogatórios pelos corredores do edifício, e com as mesmas pessoas de sempre, à excepção do suspeito, seria preciso criar algo que cativasse o público e o prendesse durante todo o interrogatório, sem desanimar ou ter vontade de mudar de programa. E, na maioria dos episódios, isso não foi conseguido.

 

2.º Sendo a série de cada país composta por apenas 3 episódios, acabamos por não criar uma ligação com as personagens principais. Por não conhecê-las. Por não saber o que havia antes, nem o que acontecerá depois.

É como se tivessem caído ali de paraquedas, para cumprir a sua missão e, de repente, desligassem as câmaras, e não víssemos mais nada.

 

3.º Também no que se refere ao interrogatório em si, apenas nos são mostradas imagens correspondentes a factos comprovados e possíveis provas, a par com a versão dos inspectores, e a versão dos suspeitos.

Senti falta de mostrarem, em retrospectiva, as cenas do crime em si, do que o originou, e de como tudo aconteceu.

Seria meio caminho para nos entusiamar, do lado de cá, e dar alguma vida a uma série algo parada. 

 

4.º Em todas as versões colocaram mulheres a chefiar, em detrimento dos homens, e os seus métodos a serem constantemente colocados em causa, nem sempre por motivos relacionados com o trabalho em si, mas com inveja, ressentimento, e alguma dor de cotovelo.

 

 

 

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Gostei dos dois primeiros episódios, muito mais emotivos que os do Reino Unido.

No primeiro, uma mulher é suspeita de matar ou, pelo menos, ser cúmplice de homicídio, de um homem que conheceu através da internet. Com acusações de tentativas de extorsão anteriores, ela terá que explicar o que se passou, e onde está o seu irmão, principal suspeito, se quiser reaver o passaporte e viajar. O que ela mais ama, é a sua cadela Luna. Até que ponto irão os inspectores utilizá-la para apurar a verdade?

Vista por todos como uma mulher louca mas, ao mesmo tempo, manipuladora, que supresas reservará ela no final?

 

Já no segundo episódio, uma jovem é acusada de matar a sua irmã mais nova. Ela diz que não se lembra de nada.

A determinado momento, começa a falar, mas logo desmente tudo. Até que confessa o crime. Mas, terá sido mesmo ela a cometê-lo? E, se sim, que razões teria ela para matar a irmã que amava mais que tudo na vida?

 

O terceiro aborda uma espécie de vingança pessoal e a forma como, por vezes, é difícil separar o lado pessoal, do profissional.

 

 

 

 

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Depois de um primeiro episódio enfadonho e sem graça, que quase me fez parar por ali (comecei por ver esta, a achar que era a única e só depois percebi que havia outras), e de um segundo um pouco mais eficaz, o mérito vai mesmo para o último episódio, em que estará em causa o próprio investigador, os seus vícios, as suas fraquezas, e como a descoberta e admissão dessa má conduta poderá influenciar o interrogado a se rever naquela pessoa e história, e falar aquilo que todos querem saber, mas ninguém conseguiu fazê-lo falar, sendo que o tempo está a esgotar-se para salvar ou não as vidas que, dessa confissão, dependem. 

 

 

 

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Da parte da França, começamos com uma realidade não muito longínqua: o atentado ao Bataclan, em Paris.

O interrogatório é feito a uma suposta vítima/ sobrevivente, que é acusada de ter mentido sobre a sua presença no local, com o objectivo de ganhar a indemnização dada a cada uma das vítimas.

Mas conseguirá ela fingir assim tão bem todos os sentimentos que ela demonstra?

 

Do atentado, passamos para um suposto acidente de trabalho, ou possível homicídio, tendo por base alguns conflitos entre o empregado e a patroa, que é acusada de o ter assassinado.

 

E terminamos com um ataque homofóbico, e um suspeito que pode ter muito a perder com a revelação da verdade.

 

 

 

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Um homem é suspeito de um homicídio ocorrido há cerca de 30 anos, mas esta irá verificar-se uma suspeita totalmente impossível de ser verídica, porque o homem que têm à sua frente nem é quem eles pensam ser.

 

De um episódio que só se mostra mais cativante no final, passamos para outro que aborda uma realidade ainda pouco divulgada, pela vergonha que tal situação representa. Mas, mais do que determinar inocentes e culpados, outros valores falarão mais alto, e os fins justificarão os meios, para quem está na linha de fogo. 

 

O terceiro episódio é o mais forte dos três. Uma mãe à beira da morte, tem como único desejo saber onde o assassino da filha a enterrou. A única pessoa que o pode dizer, é uma mãe a quem lhe foi tirada a filha, mal esta nasceu. E a única pessoa que talvez lhe consiga sacar a informação, é uma mulher grávida, que se está a colocar, e ao seu bebé, em risco, num interrogatório ilegal, que não deveria estar a acontecer.

Portugal é campeão europeu! E agora?

 

Ontem, todos os portugueses (ou quase todos) estavam com as atenções voltadas para a final do campeonato europeu de futebol, ou não estivesse a equipa portuguesa a um passo de fazer história!

Por muito que os portugueses estejam insatisfeitos com o estado em que se encontra o país, que sejam muitas vezes os primeiros a dizer mal de Portugal, e a desvalorizar aquilo que é nosso, o futebol tem essa faculdade de uni-los todos por uma causa maior.

Compreendo que os portugueses torçam, como é óbvio, pela nossa equipa. Mas custa-me compreender a histeria desenfreada que se gera e a que assisto à minha volta, por conta de um jogo.

Como portuguesa, gosto muito do meu país, mas não sou fanática por futebol. Não acreditava que Portugal ganhasse, mas fico feliz que tenha conseguido esta vitória, talvez mais merecida por campeonatos anteriores, do que propriamente por este campeonato, e para calar a boca a todos aqueles que usaram meios mais baixos para nos destabilizar.

Durante uma hora e meia, conseguimos manter-nos num empate a zeros, com todo o mérito do Rui Patrício que, penso que todos estaremos de acordo, foi sem dúvida o homem do jogo! Não fossem as mãozinhas dele, e aquelas sucessivas defesas, e já estaríamos esmagados pela França. Uma França que jogava em casa, era clara favorita, e tinha uma enorme responsabilidade e pressão sobre os ombros.

A saída inesperada e antecipada do Cristiano Ronaldo foi emotiva, frustrante, triste, mas talvez (digo eu) tenha sido uma inspiração adicional para conseguirmos trazer a vitória para Portugal. 

E para todos aqueles que continuam a achar que a equipa portuguesa é o Cristiano Ronaldo e o Renato Sanches, e pouco mais, ficou provado que estes e outros bons jogadores podem ser uma mais valia e ajudar a obter bons resultados, mas os restantes jogadores também estão lá, e conseguiram vencer mesmo sem os "melhores" em campo.

Para isso contribuiu, e muito, a entrada de Éder, que marcou o nosso golo, o único da partida, mas suficiente para nos garantir a taça.

Hoje, somos todos Portugal!

E, de facto, Portugal ganhou, é campeão europeu, e está de parabéns. Foi um feito histórico e que nunca iremos esquecer. Mas é só isso.

Oiço várias pessoas dizerem "ah e tal, isto é muito bom para Portugal" ou "o nosso país vai ser mais conhecido". O meu marido também costuma dizer algo do género.

E eu respondo-lhe sempre:

O teu ordenado vai aumentar?

Vais ser beneficiado em alguma coisa?

Os portugueses vão ter melhores condições de vida?

Algum do dinheiro ganho pela equipa irá servir para ajudar quem mais precisa?

 

Não!

 

Portugal ganhou, é certo. Mas tudo o resto, infelizmente, irá continuar na mesma. Será preciso muito mais para melhorar e trazer a Portugal tudo o que ainda faz falta, e está mal, do que o título de campeão europeu de futebol que, daqui a uns tempos, já ninguém irá lembrar.

A não ser os portugueses que, à falta de melhor, podem sempre dizer: "ah e tal, tudo está mal neste país, mas pelo menos fomos campeões europeus!"

 

Imagem www.cmjornal.xl.pt