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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

"Vinagre de Sidra", na Netfllix

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A série é baseada na verdadeira Belle Gibson, uma influenciadora australiana que enganou meio mundo com a sua falsa história de cancro, desde as suas seguidoras, a todos os que com ela colaboraram, quer na aplicação, quer na publicação do seu livro de receitas, e cometeu fraude através da angariação de fundos para doar a instituições, fundações e pessoas com cancro, que nunca viram qualquer dinheiro. 

 

Na série, Belle é representada como alguém que precisa constantemente de ser gostada, de ser validada e aceite pelos demais, nem que para isso tenha que inventar as histórias mais mirabolantes, que suscitem pena, apoio, empatia, solidariedade.

E nada melhor para comover, e mobilizar, alguém do que uma pessoa sofrida, guerreira, lutadora, sobrevivente, que lida com a maternidade,  problemas graves de saúde e, ainda assim, empreendedora, inovadora.

 

A verdade é que Belle é uma manipuladora nata, uma sanguessuga que se alimenta de quem está à sua volta.

Mas o mérito de ser uma excelente actriz de drama, ninguém lhe pode tirar!

 

No entanto, o que fica da história, para lá da mentira, é a realidade do cancro.

O perigo de promessa de uma cura.

A falsa esperança que, muitas vezes, se deposita nessa cura, em alternativa à medicina tradicional.

E, nesse sentido, é muito mais fácil ligarmo-nos às histórias de Milla e Lucy que, embora fictícias, são bem mais comoventes, e nos fazem questionar tudo e todos.

 

Como se sente alguém que enfrenta um cancro.

Como se sente a família, perante esse diagnóstico de alguém que amam, e como lida com isso.

Apoiar as decisões de quem as deve tomar, ainda que sejam erradas?

Ou ficar contra, com todas as consequências emocionais que isso acarreta?

 

Milla foi diagnosticada com um cancro no braço.

A solução proposta pelos médicos foi, obviamente, a cirurgia - amputar todo o braço, para que o cancro não se espalhasse.

Ela recusou.

Procurou tratamentos alternativos.

Frequentou retiros. Fez terapias holísticas.

Rendeu-se a enemas de café, dieta dos sumos, comida vegan.

Tornou-se uma fonte de inspiração. 

Deu palestras, criou um blog, publicou um livro.

Mas nem tudo correu como ela esperava e, por vezes, os erros pagam-se caro...

 

Lucy tinha cancro da mama.

Começou a seguir Belle, e a recusar o tratamento de quimioterapia que, até então, andava a fazer.

Ela não queria mais aquilo.

Mas o marido não a apoiou. Ele só queria que ela vivesse. 

Ela foi para um retiro. Afastaram-se.

Terá sido a melhor decisão?

 

Tantos planos que ficam por concretizar, tanto que fica por viver.

Tantos sonhos desfeitos. Tantas vidas destruídas.

Tanto sofrimento, esperança e desespero.

Como é que alguém pode, sequer, brincar com isso?

 

"Vinagre de Sidra" tem 6 episódios, algo confusos, porque andamos sempre a alternar entre diferentes anos, ora para trás, ora para a frente, ora para algures no meio.

Mas vale a pena ver.

 

Imagem: netflix

 

 

Reality Shows: mestres da ilusão!

257.800+ Mágico fotos de stock, imagens e fotos royalty-free - iStock

 

Há uns tempos vi um filme em que uma mulher era convidada para apresentadora de um concurso de talentos infantil.

Primeiro, porque era uma mulher famosa. Depois, porque tinha imenso jeito a lidar com as crianças.

E ela, inocentemente, convencida de que aquele concurso seria uma boa experiência para os miúdos, que haveria oportunidades para eles, e que seriam apoiados nos seus talentos, aceitou o convite.

Só que, a determinado momento, percebeu que, ao contrário do que a fizeram acreditar, o vencedor do programa estava decidido ainda antes de ele começar.

Que o público que, ingenuamente, votava para escolher os seus favoritos, estava a ser enganado.

E que ali todos acabavam por ser meros figurantes. Peões de um jogo. Actores, cada um com o seu guião a cumprir, sem questionar.

Tudo para o show. Para as audiências. 

Tudo ilusão.

 

Da ficção para a realidade, cada vez mais os reality shows a que assistimos mostram que são verdadeiros "mestres da ilusão"!

Mas só nos iludem até um determinado ponto.

Porque, tal como qualquer ilusionista, há sempre algo do truque que escapa.

E chega a um momento em que os próprios ilusionistas percebem que o segredo do truque já foi descoberto optando, ainda assim, por continuar a fazê-lo, mas à descarada.

O público?

Esse, sabe que está a assistir a uma fraude. Mas também ele continua. Na esperança de que, sabe-se lá como, ainda haja algo de verdadeiro, no meio de tanta ilusão. Algo genuíno, e sem truques.

 

Ontem estava a ver o Triângulo.

A minutos da primeira expulsão, com 3 concorrentes em risco - Moisés, Isa e Lara, a Cristina diz que, naquela noite ainda iria falar com o Moisés, na casa.

Que é o mesmo que dizer: ele não vai ser expulso! 

E, lá estava, minutos depois, o gráfico, a mostrar a Isa expulsa.

Ora, se ainda nem sequer tinham mostrado o gráfico, com as percentagens, e a quem pertenciam, como é que ela já sabia? 

É fácil acreditar que alguém da produção lhe deu essa informação naqueles instantes.

Mas é mais certo pensar que todo o alinhamento da gala já estava planeado, e aquelas conversas também. Logo, já estaria decidido que era "x" pessoa a sair, e não outra.

 

Se as coisas estão definidas à partida, ou se vão mudando ao sabor do vento, que é como quem diz, consoante as audiências e interesses da produção, não sei.

Mas que muito do que vemos (senão tudo) é ilusão, lá isso é.