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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Enquanto espero...

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... aproveito uma aberta, e procuro um banco de jardim, onde me possa sentar, e aquecer ao sol, num dia tão frio.

Por incrível que pareça, tempo não me falta.

Pelo contrário, parece ser tempo a mais, ainda que nunca o seja.

É irónico que esteja sempre a queixar-me de que me falta tempo e, quando o tenho, não o possa aproveitar como gostaria, e só queira vê-lo passar depressa.

 

Por mim, passam pessoas. 

Estudantes, num qualquer intervalo entre aulas, ou já com o dia terminado.

Acompanhantes que, tal como eu, tentam ocupar o tempo.

Funcionários, que aproveitam a pausa para petiscar, ou fumar um cigarrinho.

Pacientes, que vão, ou vêm, de alguma consulta.

Familiares que chegam para visitas.

 

Poucos se atrevem a sentar.

Afinal, os bancos estão molhados da chuva que, pouco tempo antes, tinha caído.

O vento também não convida a ficar parado muito tempo.

Mas eu, deixo-me estar.

Ali, posso respirar. Aliviar a dor de cabeça. Abstrair.

 

Olho para o céu.

Nuvens brancas percorrem-no, em passo apressado.

Também não querem ficar ali muito tempo.

E quem quer?

 

O sol vai aproveitando os seus últimos minutos de esplendor.

A caminho, vêm as nuvens negras que, depressa, o esconderão.

Tiro, para memória futura, uma fotografia daquele pedacinho de paz, no meio da incerteza que me aguarda.

Levanto-me, e dirijo-me de volta ao caos, para me proteger da chuva que não há-de tardar a cair.

 

E espero...

Abrigada de uma intempérie. Desabrigada de outra.

Eu, e tantas outras pessoas. 

 

 

O verão que já não o é...

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A cada ano que passa, dou menos por ele.

Parece que já não é o mesmo.

Que já não vem com a mesma alegria, com a mesma garra, com a mesma força.

Que cada vez é mais curto, ainda que tenha a mesma duração.

 

Os dias parecem mais pequenos que antes.

Se calhar, sempre foram, já que começam a encolher com a sua chegada. 

Mas não parecia.

Não antes.

Quando, às oito da noite, ainda estávamos a sair, com pena da praia.

Quando, quase às dez da noite, ainda era dia.

Ainda dava vontade de sair à rua.

Ainda não apetecia dormir.

 

O verão, que parece já não o ser, cheira a um outono antecipado.

Em que uma pessoa chega ao final do dia encasacada.

Com vontade de se enroscar nas mantas.

A evitar sair, e ter que vestir camisolas quentes que já não deveria usar, nesta altura.

 

Sinto que o verão ainda agora chegou, e já se está a despedir, quando ainda falta mais de metade dos dias para se ir embora.

Será que ficou retido algures, e enviaram um farsante no seu lugar?

Será que o verão está, realmente, diferente de outros tempos?

Ou será que fui eu que mudei, e não o vejo com os mesmos olhos?

 

A verdade é que não foi por este verão que eu me apaixonei...

Mas é este verão, que vem ao de leve, que só um dia ou outro parece ganhar fôlego para se fazer sentir, e logo se vai, que tem marcado presença nos últimos anos.

Um verão cansado, desnorteado, sem rumo.

Um verão que já não traz magia, nem romance, nem aventura.

Um verão murcho, e sem sal.

Um verão que se limita a cumprir o calendário, mas não convence.

Típico Agosto na zona oeste

Imagens de clipart Clip-art do tempo nublado

 

E depois de uns dias de calor anormal (seria assim tão anormal?) no mês de Julho, eis que chega o típico Agosto da zona oeste, a que já estamos mais que habituados:

- manhãs encobertas, com nevoeiro e chuviscos

- perto da hora de almoço as nuvens dissipam-se, e abrem espaço para o sol

- meio da tarde, as nuvens terminam o seu período de tréguas, e voltam a tapar o sol

- noites frias que convidam a ficar mesmo por casa

 

As temperaturas, essas não passam dos 24 graus, à hora de maior calor. Fora isso, contentamo-nos com uns míseros 18 graus.

E é isto, um pouco por toda a costa oeste.

 

Há quem goste. Há quem prefira assim.

Mas não me venham dizer que isto é verão!

Meus ricos dias quentinhos, por onde andam?

Bloqueada...

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O frio bloqueia-me!

Literalmente.

E quando estou minimamente confortável, basta mexer-me um bocadinho, para voltar a sentir frio novamente.

Por isso, é como se o frio me "prendesse" e obrigasse a permanecer o mais quieta possível. 

Evito levantar-me o mais possível. E, muitas vezes, isso é mau para mim e para a minha saúde.

 

Mas não é só o frio.

Por vezes, sei o que tenho a fazer. Sei o que quero escrever. Sei por onde devo começar.

Mas se, por um lado, o pensamento quer começar, o corpo e um outro lado da mente continuam ali, parados, à espera de um empurrão.

Como se se recusassem a fazer o que deveriam. Como um protesto. Ou simples preguiça e falta de vontade.

 

No entanto, porque a melhor forma de combater o frio é manter-me em acção, em movimento, em actividade, sempre que não preciso de estar sentada, faço por tornar o tempo útil.

E porque há coisas que não podem mesmo ser adiadas, seja porque há prazos, seja porque depois se desvanecem as ideias, lá acabo por fazer e escrever o que há para ser feito, e escrito.

Até ao próximo bloqueio temporário!