Uma lei é uma lei.
É criada com um objectivo, e para se fazer cumprir.
Uma lei deve ser inequívoca, para que não haja dúvidas sobre como, e quando, deve ser aplicada.
Mas uma lei é também, por norma, o mais abrangente possível e, muitas vezes, muito generalizada, não contendo determinadas especificidades, que cada caso específico obriga.
E o problema de muitas leis é precisamente esse - as várias interpretações que que podem fazer dela, e o uso que se lhes quer dar, consoante a intenção ou conveniência.
É o mesmo que dizer que verde, é verde.
Mas é verde seco, verde água, verde alface, verde claro, verde escuro?
E será mesmo verde? Não será, afinal, uma junção de azul com amarelo?
Não será, aquilo a que chamamos verde, afinal, uma outra cor?
Quando surgem casos específicos para os quais a lei é omissa, tentam-se preencher essas lacunas e, algumas vezes, abrem-se precedentes que poderão vir a ser utilizados noutros casos futuros. E assim se vai gerando a jurisprudência à qual, muitas vezes, os advogados recorrem.
Enquanto isso, cada um pode dar à lei a sua própria interpretação e, não raras as vezes, consegue-se dar a volta à lei, consoante aquilo que é necessário, quer para uma parte, quer para outra, para benefício de uns, e prejuízo, para outros, sem que daí resulte aquilo a que a lei se propôs - justiça.