"Ruby ao Resgate", na Netflix
Este é um filme baseado numa história verídica, em que uma cadela de rua, levada para um abrigo, após ser devolvida várias vezes, por diversas famílias, e em risco de abate, foi finalmente adoptada e tornou-se K-9, uma cadela de resgate da unidade canina, e heroína.
O filme retrata a realidade de muitos animais, de muitos abrigos, e de muitos adoptantes.
Os animais não nascem ensinados.
Nem todos têm o mesmo tipo de comportamento, e agem da mesma forma.
Cada um tem a sua própria personalidade, e o seu próprio tempo para aprender e perceber as coisas.
Acredito também que, cada animal, neste caso, os cães, sabe quando encontra o dono certo ou a família certa para si.
Aliás, penso mesmo que são mais eles que nos escolhem, do que nós os escolhemos a eles.
Ruby era uma cadela com problemas comportamentais, indisciplinada, não ouvia nem obedecia a ninguém, não era sociável e, por isso, ninguém estava disposto a dar-lhe uma oportunidade, a dar-lhe tempo.
A única pessoa com quem Ruby estabeleceu uma ligação foi com a sua tratadora do abrigo, a única que se preocupava com ela, que temia o pior, caso não aparecesse alguém que, realmente, soubesse lidar com Ruby, e compreendê-la.
E ainda não tinha aparecido essa pessoa.
No fundo, ela só precisava de alguém que acreditasse nela. Que a ensinasse à sua medida. Que não desistisse dela.
Tal como Dan, o polícia que, no filme, ao tentar cumprir o seu sonho de pertencer à unidade canina, recorre ao abrigo, na esperança de adoptar um cão que possa treinar, e ajudá-lo a concretizar esse objectivo.
A ligação é imediata até porque, como afirma a mulher de Dan, eles são muito parecidos.
O problema é que, quando não se tem confiança em si próprio, quando se duvida de si mesmo, é difícil fazer com que os restantes, ao redor, pensem de outra forma.
Dan tem esse problema.
Até àquele momento, Dan teve que ultrapassar diversas dificuldades, e superar várias limitações, esforçando-se o dobro ou o triplo dos restantes, para conseguir chegar onde está.
Ainda assim, há momentos em que a falta de confiança, e de esperança, voltam a atormentá-lo, e isso irá reflectir-se em Ruby, ou seja, Dan acaba por projectar tudo isso, e as suas frustrações, culpando Ruby, não confiando nela, não acreditando nela.
Ora, Ruby, como todos os animais, tem sentimentos.
Percebe quando os humanos estão a ser injustos, quando parecem desiludidos e tristes com os seus animais.
Percebe quando é desejada, e quando não a querem.
Por isso, depois de Dan ter duvidado do instinto de Ruby, numa operação, e a ter culpado pela sua má sorte, Ruby abandona a casa.
No dia seguinte, percebe-se que Ruby tinha razão. Que Dan fora injusto com ela.
Que Dan fez a Ruby, aquilo que sempre acusou os outros de fazerem com ele.
Mas, agora, é tarde.
Ruby desapareceu. E ninguém a encontra.
Está magoada. Sente-se, mais uma vez, rejeitada. Só que agora, é pior, porque foi rejeitada pela pessoa de quem ela gostava.
Entretanto, um rapaz desaparece, e Dan é chamado para integrar a equipa de resgate.
No entanto, sem Ruby, nada pode fazer.
Conseguirá Dan encontrar a sua cadela?
Voltarão a formar, ambos, uma dupla de sucesso?
Ao contrário dos humanos, os animais perdoam mais depressa. Mas, será este o caso?
Só vos posso dizer que o final do filme reserva uma surpresa inesperada, e que nos faz pensar que, se calhar, tudo tem uma razão de ser.
Que, por vezes, sem saber, salvamos vidas que, um dia, nos salvaram a nós.
Vejam o filme!
Sim, é emotivo. Puxa para a lágrima.
Mas é, também, uma aprendizagem sobre os animais.
E uma lição para nós, humanos.