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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

As casas Ronald McDonald

 

“Naquela noite, ninguém poderia imaginar o que estaria para acontecer. Era só mais uma consulta, após a da semana anterior, para saber ao certo o que se passava com a sua filha, cujos sintomas, ao invés de melhorar, agravaram. A médica examinou-a, e disse para a mãe “pois, é o que eu suspeitava, vai cá ficar internada”.

Foi uma semana, dividida entre casa e hospital, a almoçar e jantar no refeitório, e a dormir naquele desconfortável sofá azul, da sala onde a menina estava internada. Felizmente, apesar de invulgar, a doença não era grave, e a menina acabou por ter alta uma semana depois.”

 

Agora, imaginem casos mais complicados, crianças com doenças graves ou prolongadas, que têm que se deslocar constantemente a hospitais, que muitas vezes ficam longe das suas casas, para receberem tratamentos, ou que se encontram hospitalizadas. Podem ali permanecer dias, meses e até anos.

Imaginem o impacto que uma situação dessas pode causar na vida familiar dessas crianças, e o estado psicológico dos familiares que passam a “viver” no hospital, a observar todo o tipo de situações que ali decorrem, muitas vezes dormindo em cadeiras, mal se alimentando, só para ficarem perto dos filhos.

Nem sempre esses pais têm condições financeiras que lhes permitam suportar os custos de um alojamento que, muitas vezes, se localiza longe do hospital.

Foi com o intuito de ajudar estas pessoas que surgiu o conceito de “casa longe de casa”.

Existem actualmente algumas instituições que o aplicam e criaram instalações para esse fim, tanto em Portugal como no resto do mundo. Uma dessas instituições é a Fundação Infantil Ronald McDonald.

Para saberem mais sobre estas casas, leiam o artigo completo na edição deste mês da BLOGAZINE (págs. 6 e 7).

 

 

Bom senso ou descomprometimento?

 

Estão a ser denunciados casos de técnicos da Segurança Social que aconselham jovens grávidas carenciadas a abortar, apesar de as mesmas manifestarem o desejo de ter os filhos. A denúncia é feita por associações da sociedade civil, que asseguram haver casos em que é dito às mães que a consequência de prosseguirem com a gravidez será ficarem sem a criança.

Muitas vezes, são adolescentes que estão institucionalizadas e que são pressionadas para abortar. E se levam a gravidez até ao fim, ignorando os "conselhos" dados, podem ver os seus filhos retidos nos hospitais, ou serem, também eles institucionalizados.

Há uma ideia de que mães adolescentes são incapazes de ficar com os bebés e, por isso, devem ser retirados. No entanto, algumas instituições foram criadas precisamente para prestar ajuda a estas jovens mães. Que podem ser óptimas mães. Retirar-lhes os filhos nem sempre será a melhor ajuda prestada. 

Há ainda, um certo preconceito na base de muitas intervenções da Segurança Social, que levam a intervenções extremas no planeamento familiar, nomeadamente pressão junto das mulheres africanas para laquear as trompas ou para colocar implantes contraceptivos subcutâneos. 

 

A verdade é que, como em tudo na vida, também na questão da maternidade deve prevalecer o bom senso. Se não existem condições mínimas, seja de que natureza forem, será um erro levar adiante uma gravidez. Tal como não se deve ter filhos a pensar que alguém, alguma instituição ou alguma associação nos vai dar tudo aquilo que não temos e iremos necessitar.

E se, quanto a um primeiro filho, ainda é compreensível que as mães não queiram seguir a via do aborto, para os restantes, já começa a ser complicado.

Por muitas instituições que existam para as ajudar, e por muito boa vontade que tenham, acaba por se tornar insustentável dar apoio a mães que não encaram a maternidade de forma sensata e responsável, insistindo em ter, por descuido ou intencionalmente, filhos atrás de filhos, sabendo que não têm condições para tal, partindo apenas do pressuposto de que as instituições estão lá para isso mesmo. 

 

No entanto, na minha opinião, existem aqui várias questões que se colocam:

 

Por um lado, há uma tentativa de incentivar a natalidade para contrariar a tendência de aumento da população envelhecida no país. Por outro, incentivam a controlar a natalidade e evitá-la.

 

Por um lado, há uma crítica ao aborto e a quem o pratica. Por outro, há um incentivo ao mesmo.

 

Por um lado, criam-se instituições para ajudar as mães adolescentes, psicologica e financeiramente, a criarem o seu filho. Por outro, dizem-lhes para não terem esse mesmo filho, como se não pudessem ajudar ambos simultaneamente, resultando como consequência a separação.

 

E, assim, resta-me uma dúvida, pertinente ou não: estes "conselhos" regem-se exclusivamente pelo bom senso, ou são uma forma de descomprometimento para com estas mães?... 

 

 

 

 

 

Horas perdidas

 

Depois de uma semana inteira a ouvir a minha filha queixar-se com dores de barriga, decidi levá-la ao Serviço de Atendimento Permanente aqui em Mafra, para ver se descobriam a causa dessas dores constantes.

Que inocência a minha! Ao fim de 34 anos, já devia saber que, salvo raras excepções, nunca nada se resolve com estes médicos. É apenas um ponto de passagem, onde já perdemos não sei quanto tempo em vão, para outro hospital qualquer, onde iremos perder ainda mais tempo, igualmente em vão.

E depois há sempre o risco de fazerem diagnósticos errados e nos preocuparem sem necessidade. Ou então tratamentos errados.

Numa das vezes que fui à urgência com a minha filha, ela tinha diarreia há alguns dias. Para variar, daqui mandaram-na para o Hospital D. Estefânea onde, depois de a analisarem e quase até ao fim da consulta, talvez por falha na comunicação, lhe estavam a fazer um tratamento e a receitar medicamentos para prisão de ventre! Andava ela com diarreia e a fazer clister!

Na sexta-feira, claro está, o médico mais uma vez perguntou para onde queria ir com ela. E pensei eu: a miúda tem que ir para outro hospital por causa de uma dor de barriga? Talvez seja para lhe fazerem alguns exames que aqui não fazem. Assim sendo, voltei a escolher o Hospital D. Estefânea, porque o meu marido trabalhou lá e porque é mais adequado para as crianças.

Com um diagnóstico pouco fiável de lombrigas, lá fomos nós depois do jantar para Lisboa. E digo pouco fiável porque já estou escaldada com o médico que a atendeu que, há muitos anos atrás, afirmava que eu tinha uma infecção na garganta, quando o que eu tinha era uma infecção urinária!

Chegámos então ao hospital, foi logo à triagem e esperámos para ser vista pela médica. Médica essa que queria a todo o custo que eu tivesse comigo o papel da alta da minha filha, referente ao internamento do ano passado, por causa da púrpura. Informou-me que a única coisa que podia fazer era análise à urina (já tinha feito em Mafra), medir a tensão e fazer um clister (podiam-no ter feito em Mafra).

Como já era tarde, não podia fazer ecografia. 

Resultado final - para todos os efeitos, está normal. É pedir à médica de família credenciais para ecografia e exame de fezes, se as dores continuarem.

E regressámos a casa, já passava das 3 horas da manhã de sábado quando, para me dar estas informações, o poderiam ter feito aqui mesmo em Mafra. Poupava-nos tempo e dinheiro, e o resultado era o mesmo!

 

Uma “casa” longe de casa

 

Estávamos em pleno verão. O tempo estava quente mas, mais quente que o tempo, estava a minha bebé de apenas 4 meses, com quase 40 graus de febre!

Levei-a ao hospital local, onde me pediram que lhe desse banho para ver se a febre baixava. Não resultou. Com uma carta de recomendação, uma espécie de passaporte ou bilhete de entrada directa, dirigi-me então ao serviço de pediatria do hospital para o qual nos tinham enviado.

Tal como eu, havia mais mães e pais que aguardavam ser chamados, ou por resultados de exames e análises, e que se encontravam ali há horas.

Quando nos vemos nestas situações, temos que estar psicologicamente preparados para tudo – para a espera, para o mau humor de certos médicos, para vermos aquilo que preferíamos não ver.

Ainda hoje me lembro da minha pequenina a ser espetada na cabeça (procedimento perfeitamente normal mas que nem por isso deixou de me chocar) para lhe ser retirado sangue para análises, a chorar sem parar.

Depois de ouvir da médica que nem sequer lá deveríamos ter ido, porque era só uma febre de dois dias e não era possível saber o que tinha, lá receitou um antibiótico e regressámos a casa de madrugada. Foi uma situação rotineira, um susto, mas nada de grave.

Mas imaginem casos mais complicados, crianças com doenças graves ou prolongadas, que têm que se deslocar constantemente a hospitais, que muitas vezes ficam longe das suas casas, para receberem tratamentos, ou que se encontram hospitalizados. Podem ali permanecer dias, meses e até anos.

Imaginem o impacto que uma situação dessas pode causar na vida familiar dessas crianças.

Imaginem o estado psicológico dos familiares que passam a “viver” no hospital, a observar todo o tipo de situações que ali decorrem, muitas vezes dormindo em cadeiras, mal se alimentando, só para ficarem perto dos filhos.

Nem sempre esses pais têm condições financeiras que lhes permitam suportar os custos de um alojamento que, nem sempre, se localiza próximo do hospital.

Foi com o intuito de ajudar estas pessoas que surgiu o conceito de “casa longe de casa”.

Existem actualmente algumas instituições que o aplicam e criaram instalações para esse fim, tanto em Portugal como no resto do mundo.

Em Portugal, a Fundação Infantil Ronald McDonald foi criada em 2000, e a primeira Casa Ronald McDonald construída junto ao Hospital D. Estefânia, em Lisboa.

Nesta casa, tudo é feito para que as famílias das crianças se sintam como se na sua própria casa estivessem, funcionando como um refúgio permanente em ambiente familiar, onde podem contar com apoio moral, conforto, ajuda, carinho e atenção, promovendo e realizando iniciativas que contribuam tanto para o bem-estar das crianças, como das suas famílias.

A casa é constituída por quartos individuais, casas de banho, cozinha onde podem preparar as suas refeições, lavandaria, salas de estar e jantar.

É uma forma de os pais e familiares das crianças internadas ou em tratamento as acompanharem nesse processo, contribuindo para uma mais rápida recuperação das mesmas.

Actualmente, existem mais de 200 Casas Ronald McDonald espalhadas por todo o mundo.

Como qualquer instituição, estas casas dependem de donativos, campanhas e eventos, do trabalho voluntário, e acções de consciencialização e angariação de fundos, para que possa continuar a ajudar aqueles que precisam.

E porque nunca se sabe se algum dia iremos precisar de recorrer a uma casa longe da nossa casa, aqui fica a mensagem!   

Haja Paciência

 

 

Marcava o relógio 17h11m, quando me dirigi ao atendimento do SAP (Serviço de Atendimento Permanente), a fim de marcar uma consulta para a minha pessoa.

Tendo perfeita consciência de que uma mera dor de ouvidos, embora muito incomodativa, não era um caso urgente, não deixei por isso de tentar “adiantar o serviço”!

Era domingo, tinha tempo disponível, e poderia muito bem esperar para ser atendida, evitando assim perder tempo e faltar umas horas ao trabalho hoje, para ir à Unidade de Saúde Familiar a que pertenço.

E mesmo já calculando que, provavelmente, nenhuma das farmácias da vila estaria ontem disponível (porque infelizmente aqui no concelho, temos uma espécie de sorteio, e cada dia do fim de semana calha a farmácias diferentes, o que quer dizer que talvez num fim de semana por mês tenhamos sorte), pelo menos já saía de lá com uma receita pronta a “aviar” hoje às 09 horas!

Ora, já sabemos que quando vamos aos hospitais e serviços afins, convém irmos preparados para esperar, e guarnecidos com uma boa dose de paciência.

Posso dizer que já estou física e psicologicamente treinada para isso, não só pelas inúmeras vezes que o tenho que fazer no meu trabalho, como muitas outras em que me dirigi ao referido serviço.

Ontem talvez tenha batido o meu recorde de tempo de espera – mais de 3 horas!

Como é óbvio, algumas pessoas já cansadas e desesperadas, começaram a reclamar. É que aqui, não existe triagem, nem grandes prioridades.

À excepção daqueles que vêm, trazidos por ambulâncias (que têm prioridade sobre quaisquer outros) só entra, sem esperar pela sua vez, quem estiver perto de desfalecer, ou a sangrar, e mesmo assim, não é garantia de saída rápida. Muitas vezes entram, mas ficam deitados em macas, ou sentados, à espera que alguma enfermeira os venha tratar ou medicar. E depois disso, continuam a aguardar, por um intervalo entre consultas, para o médico o examinar.

Claro que, como em tudo na vida, mais vale “cair em graça do que ser engraçado”, e não se percebendo muito bem porquê, lá ouve dois ou três casos bem sucedidos, em que chegaram depois e foram atendidos primeiro.

Isso revolta quem ali aguarda, naquela minúscula sala apinhada de doentes, durante horas, ouvir o médico finalmente chamar o seu nome!

E como demora, sermos chamados! É que existem apenas duas salas para dois médicos, mas não sabemos o que se passa lá dentro, porque se é certo que se vêem os doentes a sair das mesmas, já para os seguintes entrarem chega-se a esperar quase 20 minutos! Mistério…

Por entre protestos, ânimos exaltados e reclamações (em grande parte dos acompanhantes e não propriamente dos doentes), foi-se passando o tempo, sem nada mais com que nos ocuparmos.    

Eram 20 horas. Continuava sentada na mesma cadeira, e começava a incomodar-me ver duas ou três pessoas que mal se aguentavam, não serem chamadas sequer por uma enfermeira.

Mas enfim, estava na hora do jantar, e da troca de médicos, o que atrasa sempre um bocadinho o serviço (como se não estivesse já suficientemente atrasado)!

Finalmente fui chamada! Entrei, despacharam-me em menos de 10 minutos e lá saí eu, já perto das 20h30m, com a tão desejada receita na mão!

Deixando no meu lugar outras tantas pessoas que, possivelmente, passariam lá boa parte da noite.